Capítulo 31 - Irresistivel Parte 2
EDWARD POV
Depois que cheguei ao hotel e fui me deitar acabei pegando no sono em meio a lágrimas. O cheiro que havia se impregnado naquele travesseiro me trouxe uma paz momentânea, mesmo estando ciente que Bella não estava ali comigo. Acordei sentindo meu corpo pesado, a cabeça agitada e perdi a noção das horas. Enquanto acordava desejei que tudo que tinha acontecido naquele dia tivesse sido um sonho, mas infelizmente a realidade bateu forte em minha cara.
Peguei meu celular e constatei que havia dormido pouco mais de uma hora. Resolvi tentar o celular da Bella mais uma vez e poder enfim falar com ela. Seu número tocou apenas uma vez e foi o que bastou para uma aflição tomar conta de mim. Bella atendeu pensando que fosse o... Bruno e quando viu que não respondi, por estar sem reação, constatou que era eu quem ligava.
Desliguei o telefone na mesma hora enquanto sentia meu coração bater desesperado. Por que ela achava que era o Bruno? Além de ter se encontrado com ele ainda continuavam se falando? Ela não podia fazer isso comigo. Será que meu ciúme tinha fundamento? De fato ela não tinha certeza do seu amor por causa dele?
Essas perguntas corroíam meu peito. Bella não seria capaz de me trair com ele, não depois de tudo que passamos. Eu mentalizava isso, mas a insegurança se manifestava com força. Eu sei que não devia se quer cogitar essa hipótese, entretanto as circunstâncias me levavam a isso.
Levantei da cama num átimo, pronto para sair dali e correr para casa dela, pedir explicações e eliminar todas as dúvidas que se instalavam em meu coração, porém o bom senso falou mais alto e resolvi fazê-lo amanhã.
Amanhã ela não me escapa.
Levantei de manhã me sentindo um lixo, não por ter dormido mal e sim por não ter dormido absolutamente nada. Não consegui pregar os olhos a noite inteira, tomado por pensamentos, lembranças e sentimentos confusos.
É incrível como a falta da presença da Bella mexe comigo. Ela tem uma influência tão grande em meu ser que chega a ser assustador. Tomei um banho bem quente na tentativa de espantar todo meu cansaço, mas ele me denunciava em minha aparência.
Peguei minha mochila e parti rumo ao colégio. Chegando ao mesmo estacionei meu carro perto do Jepp do meu irmão e como imãs logo meus olhos encontraram os dela. Bella estava sentada num banco perto da entrada do colégio e conversava com Alice. Seu rosto transparecia tristeza e seus olhos não brilhavam como sempre. Ela parecia cansada e abatida assim como eu me sentia.
Se ela terminou tudo então por que demonstrava essa tristeza?
Isso de certa forma me deixou contente, pois era sinal de que minhas dúvidas poderiam ser infundadas. Queria correr até ela para conversarmos, mas Emmett logo me avisou que elas estavam tendo um papo de mulher, e me aconselhou não atrapalhar.
Não conseguia tirar meus olhos dela, estava me segurando e controlando cada músculo do corpo para não acabar com aquela conversa e tomá-la em meus braços. A saudade dela já era enorme. Sentia falta da sua boca, do seu corpo, dos seus abraços e do sorriso que sempre está estampado em seu rosto.
Bella parecia evitar meus olhos e isso me deixou devastado. Por que ela estava fazendo isso com nós dois? Se ela achava que estávamos indo rápido demais eu estava disposto a ir com mais calma. Se ela não queria morar comigo estava propenso a fazer o que ela desejasse, mas eu precisava saber realmente o que se passava.
Um pouco antes de tocar o sinal para o começo das aulas ela se levantou e entrou no colégio, sem ao menos me olhar. Como tínhamos a primeira aula juntos corri para a sala de aula encará-la.
Sentei ao seu lado e ela não desviou o olhar de seu caderno. Eu sabia que ela estava se segurando para não me olhar, podia sentir sua respiração acelerada pelo movimento constante que seu peito fazia. Ela estava nervosa pela minha presença, assim como eu com a dela. Meu coração pulava alucinado no peito, gritando para eu agarrá-la ali mesmo, beijar seus lábios e pedir que olhasse em meus olhos e dissesse que não me amava mais.
Eu contava os minutos e segundos que ela estava ali ao meu lado e aproveitava cada um deles. Cada instante perto dela me parecia valioso como nunca. Eu não tinha certeza se logo estaríamos juntos novamente então procurei aproveitar ao máximo.
Era engraçado como eu sentia uma necessidade absurda de querer tocá-la. Queria acariciar seus cabelos, beijar a maçã de seu rosto, sentir o cheiro doce de sua pele, morder seu nariz e sussurrar o quanto a amava.
Porra eu sou um louco obsessivo por ela, isso é fato irrevogável.
Eu conheço muito bem o efeito que causo a ela, e essa reação da Bella de tentar me evitar por estarmos próximos me deixou feliz. Se ela reagiu dessa forma é porque ainda gosta de mim, certo? Ali eu constatei que algo está errado. Suas palavras não condiziam com suas atitudes e mais dúvidas ainda se instalavam em minha cabeça.
O nosso final de semana foi tão perfeito, passamos momentos maravilhosos juntos. Mostrei meu passado a ela, agora orgulhoso por estar me tornando uma pessoa melhor graças a ela.
Eu queria confrontá-la ali mesmo, mas se o fizesse naquele momento as coisas não tomariam um rumo que eu esperava. Eu tinha a necessidade de comprovar que ela ainda me queria e desejava.
Só de lembrar quando a vi com aquele cara meu sangue fervia, no entanto não podia me deixar levar por isso. No intervalo Bella mais uma vez me evitou e foi sentar-se no pátio de fora. Eu não prestava atenção em nada, só pensava nela. Aquilo era uma tortura, ela estava tão perto de mim e tão longe ao mesmo tempo. Saber que eu não posso tê-la me queimava por dentro a ponto de me causar mal estar.
Sai do refeitório e fui ao banheiro. Lavei meu rosto e molhei minha nuca na tentativa de acalmar os sentimentos que me consumiam. O restante do período foi tenebroso, eu contava os segundos na esperança de chegar logo o horário de ir para o trabalho.
Minha ansiedade era tanta que cheguei cedo à biblioteca. Bella chegou no horário habitual e assim que a vi corri para perto dela. Sorri ao vê-la nervosa a ponto de não conseguir abrir a porta direito. Lembrei-me de como agia quando nos conhecemos, sempre que estava por perto ela ficava desconcertada dessa forma.
Entramos e eu fui para minha mesa. Esperaria o momento oportuno para conversar com ela. Bella fez o mesmo que eu e começou seu serviço. Devo dizer que nesse dia mais uma vez não trabalhei. Meus olhos estavam fixos em um único ponto, analisando cada detalhe, cada atitude, cada suspirada que Bella dava. Meu fascínio por ela é tão grande que não me canso de olhá-la. Se pudesse passaria horas e horas a fio fazendo isso.
Próximo das cinco horas da tarde a biblioteca já estava vazia. Bella entrou na sala dos computadores e ali eu vi minha oportunidade. Caminhei calmamente até lá sem me deixar notar e fechei a porta da sala. Bella percebendo minha presença ficou mais desconfortável ainda e podia jurar que escutava seu coração batendo alucinadamente.
Encostei-me a porta e cruzei meus braços. Sentia-me como um leão pronto para abater sua caça. Nesse caso abalar o coração dela e me assegurar de que ela é só minha e de mais ninguém.
- P-Por que fechou a porta Edward? – ela indagou visivelmente incomodada com minha presença. Ela fica encantadora quando gagueja.
Eu caminhei vagarosamente para perto dela e seu cheiro me invadiu.
Droga! Isso não estava nos meus planos. Aquilo me despertou e faltou pouco para não pular em seu pescoço e morder cada pedacinho dele. Bella se virou de frente a mim e meu olhar percorreu toda a extensão do seu corpo, a desejando com todas as minhas forças.
- E-Eu já terminei aqui. Preciso terminar de... – não a deixei continuar. Não podia deixá-la escapar dali.
- Você não sai daqui antes de conversarmos. – a informei olhando firmemente em seus olhos.
- Não temos nada para conversar Edward. – ela tentou fugir, mas a impedi me colocando em sua frente.
- Muito pelo contrário Isabella. Temos muito que conversar. – a vi tremendo e suando frio por estar sendo encurralada por mim.
Queria muito rir naquele instante, mas me controlei ao máximo. Eu estava adorando vê-la assim.
- Eu tenho compromisso daqui a pouco. – informou abaixando o olhar. Ah então ela não podia ficar ali por que tinha um compromisso, e não por minha causa? Meus punhos e rosto se fecharam na hora ao pensar que seu compromisso seria com ele.
- Ah é mesmo? Mal me dispensou e já tem compromissos? – cuspi as palavras me corroendo por dentro.
- Do que está falando?
- Foi por isso que terminou tudo? Para ficar com ele? – meu lado possessivo tomou conta de mim.
- Não estou te entendo Edward. De quem está falando?
- Bruno. Não era com ele que queria falar ontem? – indaguei venenosamente.
- Eu tenho compromisso com meu pai Edward. Me magoa insinuando isso. – o jeito que ela falou me pareceu tão puro e sincero que me arrependi por meu comportamento.
A tristeza tomou conta de mim, me deixei abater pela insegurança e pelo caos que sentia.
- Então por está fugindo de mim Bella? Você não atende minhas ligações e quando o faz pensa que era ele. – eu queria muito entender aquilo e não deixar o ciúme falar mais alto.
- Eu... Só estava combinando com ele sobre nosso encontro no Instituto. – ela continuava tremendo e eu me controlei para não abraçá-la.
- Me explica Bella... Por que terminou comigo? Eu sei que tudo o que disse ontem é mentira. – me aproximei dela e sem resistir toquei seu rosto. Meu corpo inteiro reagiu a esse toque, mandando ondas de pura satisfação e plenitude ao meu coração.
Ali mais do que nunca senti que meu lugar é ao seu lado. Que fazemos parte um do outro. Meu corpo inteiro implorava pelo dela. Eu desejava beijar seus lábios, explorar seu corpo por inteiro e fazê-la minha.
- Por favor, não faz isso. – ela pediu sem me olhar nos olhos.
- Eu sei que você me ama. Eu tenho essa certeza porque cada pedaço do seu corpo me diz isso. Tem alguma coisa de errado acontecendo Bella, eu sei que tem.
Eu esperava que ela me contasse o que estava acontecendo. Que dissesse que tudo foi um tremendo engano e que ficaríamos juntos novamente.
- Não há nada de errado Edward. E eu mantenho tudo o que disse ontem. – ela estava mentindo, eu podia sentir que estava.
- Então olha nos meus olhos e diz que não me ama. Diz que não tem certeza do amor que senti por mim. – levantei seu queixo e a fiz olhar em meus olhos.
A olhei intensamente querendo transmitir tudo o que sentia. Nesse instante ela começou a chorar. Deus como eu odeio vê-la chorando. Por que ela me castigava assim? Será que está fazendo isso por eu a ter feito sofrer quando, por uma tolice, terminei com ela? Ela chorava por que não gostava mais de mim? Ela me parecia tão frágil e vulnerável. Meu instinto de proteção gritava e uma vontade de aninhá-la em meu colo e fazê-la parar de chorar tomou conta de mim
- Eu não posso fazer isso. Não posso. – meu coração disparou e um sorriso brotou em meu rosto.
Então ela realmente me ama. Ela não consegue mentir olhando em meus olhos. Todas as minhas dúvidas de seus sentimentos por mim se esvaíram completamente. Meu coração se encheu de alegria e felicidade.
- Você é muito teimosa sabia? Se não tem nada de errado então por que me disse tudo aquilo? Por que está nos fazendo sofrer assim Bella? – sequei suas lágrimas e me aproximei dela. Seu hálito doce estava me enlouquecendo. Tive que usar toda minha resistência para não tomar seus lábios.
- Me deixe ir Edward.
Nunca, mil vezes nunca.
- Sabe quando eu vou te deixar ir? Nunca. Sabe por quê? Porque você é minha Bella. Você é a mulher da minha vida e eu não vou deixar que nada nos separe. – ela estava tão entregue a mim naquele momento que me deixava à beira da insanidade.
Não conseguindo me controlar rocei nossos lábios apenas para demonstrar a ela o quanto a desejava. Antes que meu autocontrole sumisse sai daquela sala e fui pegar minhas coisas. Eu tinha certeza que ela estaria me xingando por isso, mas era exatamente o que eu queria.
ALICE POV
Assim que cheguei ao colégio avistei Bellinha sentada sozinha e lendo. Quando me aproximei e começamos a conversar logo notei que algo estava errado. Seu rostinho estava triste e ela aparentemente não queria conversar. Tentei fazê-la se abrir comigo e quando me contou que tinha terminado com meu irmão eu não acreditei no que ouvia.
O Edward e ela são tão perfeitos juntos que eles ficarem separados deveria ser considerado crime. Pelo breve momento que conversamos e pelas suas palavras vagas, pude sentir que algo de errado pairava no ar.
Está mais do que claro que ela ama meu irmão, isso transparece em tudo, até mesmo na forma como se olham. O pedido que ela me fez comprovou isso, mesmo não sendo necessário. A lembrança do que ela havia dito pipocava na minha cabeça.
“Eu... Não queria, mas foi preciso”.
O que será que aconteceu para ela tomar essa atitude? Bellinha foi sempre tão maravilhosa conosco, especialmente com meu irmão. Aqueles dois se apaixonaram a primeira vista, e mesmo sabendo de tudo que o Ed tinha feito no passado, o ajudou sempre, sem medir as consequências.
Eu sou muito grata a ela por trazer meu irmão querido de volta. Edward depois de tudo que passou se fechou completamente. Eu sentia falta do meu irmão super protetor, que cuidava de Emmett e eu, nos acompanhava no colégio, nas brincadeiras, enfim em tudo.
Quando nossos pais começaram a ter problemas no casamento ele fazia de tudo para nos proteger. Implorava pela atenção de nosso pai, e por causa disso acabou tendo que enfrentar muitas dificuldades. No dia que resolveu sair de casa meu coração ficou do tamanho de um grão de arroz, mas no fundo eu sabia que seria melhor pra ele. Os dois constantemente brigavam e isso não era saudável.
Meu pai pode ter seus problemas e ser turrão para muitas coisas, porém nunca abandonou meu irmão. Eu lembro que no dia que ele saiu de casa, mesmo não querendo dar o braço a torcer, meu pai chorou igual uma criança. Nesse dia eu acabei entrando em seu escritório sem bater e ele tentou disfarçar, em vão, suas lágrimas.
O dia que eu fiquei mais emocionada e que tive certeza que o meu pai de antigamente, carinhoso, atencioso, protetor e amável, ainda existe, foi quando no dia seguinte que Ed saiu de casa, meu pai não foi trabalhar e saiu de carro sem avisar ninguém. Consumida pela curiosidade, como sempre, o segui sem me deixar ser vista.
Ele rodou pelas ruas de Port Angeles como se procurasse algo, por talvez uma ou duas horas. Já cansada por ficar horas andando tomei um susto quando ele parou repentinamente, e eu estacionei meu carro logo atrás. Visualizei o lugar que estávamos tentando me situar e foi aí que eu vi o que ele procurava. O volvo prata de meu irmão estava estacionado em frente a um hotel dali. Meu pai não saiu do carro, mas eu tinha certeza que ele procurava pelo Ed.
Depois desse dia meu pai mesmo querendo esconder, fazia a mesma coisa. Parava em frente do hotel esperando a hora que meu irmão saia. Não sei se ele só queria se certificar de que Edward estava bem ou buscava coragem para conversar com ele.
Meu irmão depois que saiu de casa, numa atitude protetora que já é característica dele desde que eu me entendo por gente, procurou nos manter distantes. Ele não queria nos ver sofrendo por toda essa situação. Eu o entendia perfeitamente, se ele chegou até a terminar o namoro com a Bella na intenção de protegê-la, quem dirá com nós. Mas tudo muda e eu sei que ele precisa de mim, dos amigos, de atenção e carinho para levar tudo isso que está acontecendo.
Olhar para ele no colégio me deixou chateada demais. Seu semblante era tão triste que me partiu o coração. Mesmo que a Bellinha não me pedisse, eu ficaria do lado dele sempre, dando a força que ele precisa nesse momento. E foi isso o que eu fiz, planejei tudo e fui ao seu encontro.
Cheguei ao hotel e dei um jeitinho da recepcionista não me anunciar, alegando que gostaria de fazer uma surpresa a ele. Subi ao seu quarto, bati na porta e me escondi. Escutei o barulho da porta se abrindo e corri até ele, pulando em seu pescoço e o abraçando.
- Alice?
- Oi maninho. – o soltei do abraço sorrindo.
- O que você... – o interrompi.
- Eu vim te fazer uma visitinha. Estava com saudades. – expliquei e na maior cara de pau fui entrando em seu quarto.
- Como você sabia que...
- Credo maninho que bagunça é essa? – o Ed pode ser muito legal, mas é meio bagunceiro. Peguei uma camiseta do chão e coloquei em cima do sofá.
- Alice dá pra você me explicar o que faz aqui? – ele indagou cruzando os braços e com uma carinha nada boa.
- Eu vim te ver Ed. Por quê? Eu não posso vim matar a saudade do meu irmão mais velho? – sentei na cama e fiz um bico enorme. Ele não resiste a minha cara de cachorrinho fofinho.
- Você me viu no colégio maninha. Não é o suficiente? – ele sentou ao meu lado depois de fechar a porta e me deu um beijo no rosto, já mais receptivo.
- Você sabe que não né Ed. Sinto sua falta, aliás, todos nós sentimos. – me virei de frente a ele.
- Eu sei Alice. – ele abaixou o rosto e fitou o chão.
- Sei o que está acontecendo Edward. Vim aqui te fazer companhia e espantar esse rostinho triste. – peguei sua mão e comecei a brincar com seus dedos.
- Não tem nada acontecendo Lice. Do que você está falando?
- Pode parar com isso. Você sabe que não consegui mentir pra mim. A Bellinha me contou. – ele me olhou no ato.
- O que ela disse?
- Que terminou com você. – Ed suspirou com tristeza.
- Eu pensei que... Poxa Lice eu me sinto tão perdido. É uma angústia tão grande que eu estou sentindo. – sua voz saiu baixa e sofrida. Meu coração se apertou e eu o abracei fortemente.
- Ela te ama Ed. Eu não sei por que a Bellinha fez isso, mas eu tenho certeza que há algo de errado.
- Eu também acho. Hoje à tarde no trabalho eu constatei isso Alice, entretanto nada justifica sua atitude. Eu não sei o que eu fiz de errado, o que aconteceu. Estava tudo indo tão bem.
- Tem uma coisa que ela me disse que eu fiquei invocada. Ela disse que não queria terminar com você, mas que foi preciso.
- Por que foi preciso? Ela não me diz nada, diz que não tem nada de errado. Eu tentei conversar com ela hoje, mas ela não se abriu comigo. Ontem ela terminou dizendo que não tinha certeza que me amava, que as coisas estavam indo rápido demais. Eu a encurralei na biblioteca, pouco antes de acabar o expediente e pedi que confirmasse tudo isso me olhando nos olhos. Ela não conseguiu Alice. – ele me soltou do abraço com os olhos marejados.
- Viu só. Mais uma prova de que ela te ama. – acariciei seu rosto tentando passar todo meu carinho e apoio a ele. – Sinto demais sua falta Ed. Queria estar perto de você.
-Também sinto a sua Alice. Das nossas conversas, das palhaçadas do Emm, da Bene e... – ele parou respirando fundo.
- Papai também sente muitas saudades de você. – comentei sabendo que ele se referia também a nosso pai. Edward se levantou da cama suspirando pesadamente.
- Se ele sentisse Lice, não teria feito o que fez.
- Você sabe que isso não é verdade Edward. O papai ama você demais e se preocupa com você.
- Ah é mesmo? E por um acaso alguma vez ele veio me procurar? Saber se eu estou bem? – eu bufei levantado também.
Eu já estava cansado dessa situação entre os dois. São dois cabeça duras.
- Seu quarto tem vista para o calçadão? – indaguei apontando para janela e ele franziu o cenho sem entender.
- Tem por quê?
- Então venha cá. – abri uma das cortinas na intenção de lhe mostrar a verdade – Olha logo ali. – apontei e ele seguiu com os olhos.
- O que tem?
- Você reconhece aquele carro? Sim Edward, é o carro do nosso pai. E sabe o que ele faz ali? Ele está ali só pra te ver, assim como faz todos os dias desde que você saiu de casa.
Ele ficou longos minutos olhando naquela direção. Queria tanto saber o que se passava na cabecinha dele.
- Você sabe por que sai de casa Lice. Eu não aguentava mais aquela situação, o papai bebendo todos os dias, brigávamos o tempo todo.
- Pois é exatamente por isso que eu te falo meu irmão. Desde esse dia o papai sempre que sai do plantão, ao invés de ficar bebendo em casa, ele vem pra cá, e fica horas esperando pra te ver. Você sabia que ele convidou o Jasper e a Rose pra jantar lá em casa? – Ed me olhou espantado.
- Você está falando sério? – assenti.
- Ele está tentado Edward. Vocês deviam conversar e resolver tudo. – isso soou mais como um pedido.
Minha vontade era de ter minha família de volta. Éramos tão felizes juntos e de uma hora pra outra e sem explicações tudo se desintegrou.
- Eu desejei tanto que as coisas fossem diferente Alice. Se... Eu não tivesse terminado com a Bella por uma estupidez minha, nós ainda estaríamos juntos. – me aproximei dele e vi que chorava.
- Mas se tudo fosse diferente Ed vocês nunca teriam se conhecido não é mesmo?
- Dói tanto Alice, você não faz ideia. Pode parecer loucura, mas eu não consigo mais viver sem ela, tudo perde o sentido sem a Bella. – comecei a chorar junto com ele, e o abracei fortemente quase o sufocando.
Eu entendia muito bem seus sentimentos. Se fosse comigo e com o Jass provavelmente estaria na mesma situação que ele. O amor deles é tão sincero e puro que me surpreende demais.
Espero sinceramente que minha amiga tenha bons motivos para fazê-lo sofrer dessa forma, por que do contrário eu sou capaz de esganar aquele pescocinho.
Mentirinha... Eu amo a Bellinha e nunca faria isso, mas o que eu realmente preciso fazer é descobrir o que está acontecendo e ajudar esses dois.
- Eu sei que dói e que é difícil, mas você vai ver que é possível sim conviver com isso. Pode doer, porém é pra isso que existem os amigos. – o soltei do abraço e ele abriu um sorriso.
- Obrigada nanica. Você é demais.
- Eu sei. – respondi convencida que sou e rimos. Escutamos alguém bater na porta e eu corri para abri-la.
- Quem será que é? Espera Lice não abre assim...
- Dâe maninho. – Emmett entrou no quarto berrando e abraçando o Edward. Logo atrás entraram o Jass e a Rose.
- Oi Ed. Como você está cara? – Jasper indagou o abraçando. Ele não é fofo?
- Oi Edward. Olha o que trouxemos pra você. – Rose ergueu uma sacola enquanto pulava no pescoço dele.
- O que vocês... Alice. – Ed me olhou com reprovação.
- Eu não disse que é pra isso que os amigos servem? Aqui estamos nós. – soltei divertida enquanto fechava a porta. Emm pulou na cama folgado com sempre. Rose e Jasper sentaram no sofá.
Eu peguei a sacola da Rose e tirei um monte de guloseimas dali.
- Trouxemos chocolates e mais um monte de porcaria. Ah também alugamos alguns dvds. – Rose explicou ajeitando os cabelos.
- Gente eu agradeço o que vocês estão tentando fazer, mas... – o interrompi. Esse meu maninho é muito teimoso às vezes.
- Mas nada Edward. Nós não queremos te ver nessa tristeza e não adianta espernear. – Bati o pé e ele se calou.
- Brother amanhã já reservei a pista de boliche pra gente ir jogar. – Emmett informou puxando o Ed pra sentar na cama.
- Isso mesmo e na quinta nós vamos ao shopping. – completei sentando no colo do meu Jass.
- Eu não quero ir ao shopping. - Edward resmungou enquanto atacava os chocolates.
- Nós precisamos Ed. A Sue não te ligou hoje? – perguntei me referindo ao convite para a festa de noivado.
- Ligou, mas eu acho que não vou. – todos nós olhamos com cara feia pra ele. – Vocês sabem a Bella vai estar lá e...
- E nada. Independente disso o Charlie e a Sue gostam muito de você e eu tenho certeza que a Bellinha ia gostar muito que você fosse. – o repreendi fazendo chantagem.
- É verdade Edward. Eu conheço a Bella há anos. Eu sei que ela ainda gosta de você e pode ter certeza que tem um bom motivo pra ela ter feito o que fez. – Rose me ajudou e eu pisquei pra ela aprovando.
Ed ficou pensativo e se calou. O pior nesse momento é ficar pensando, então por esse motivo tínhamos que mantê-lo ocupado e distraído.
- Qual filme vamos assistir primeiro? – perguntei mostrando as capas e chamando sua atenção.
- Qualquer coisa, menos romance. – Edward pediu e todos riram.
EDWARD POV
Não vou negar que me surpreendi ao ver Alice invadindo meu quarto. Para falar bem a verdade até gostei de vê-la ali. Ela sempre foi minha confidente e sentia muita falta de nossas conversas.
Fiquei surpreso também por me contar sobre meu pai. Não podia se quer imaginar que ele fazia aquilo. Eu queria muito ir ao seu encontro e conversar sobre tudo, no entanto quem deve tomar essa iniciativa é ele, já implorei demais por sua atenção e prometi a mim mesmo, desde o dia que sai de sua casa, que nunca mais faria isso. Eu tentei por diversas vezes fazê-lo enxergar seus erros, mas hoje vejo que foi em vão.
Depois da invasão de Alice, meu irmão, Jass e Rose fizeram o mesmo. Eu sabia que eles não queriam me ver para baixo e a companhia deles foi extremamente agradável. Ali eu descobri que não tenho amigos somente na hora da bagunça e sim para todas as horas. São nesses momentos que descobrimos os verdadeiros amigos.
No restante da semana eles me cercaram o tempo todo e isso aliviou a dor que eu sentia. Bella continuava fugindo de mim, contudo eu não fazia o mínimo esforço para me afastar dela, muito pelo contrário, a perseguia todo instante.
Ok! Eu sei que isso é mais um indicio de eu sou um louco obsessivo, mas tenho certeza que essa atitude condiz com os que são apaixonados e que já amaram de verdade uma mulher.
Hoje finalmente chegou o dia da festa de noivado do Charlie e eu continuava relutante em ir. Essa minha relutância durou pouco, pois minha adorável irmã e meus amigos queridos, que agora não desgrudavam mais de mim, simplesmente me obrigaram a ir.
Resignado e sem chance alguma de fugir chegamos à casa de Sue. Para ser bem sincero eu queria mesmo ir a essa festa só pra ver minha Bella, mas é sempre bom fazer um charminho e não deixar que as pessoas notem que você é um pau mandado.
Isso mesmo, você leu certo. Graças ao meu irmão e conhecedor de termos idiotas, eu sou o mais novo pau mandado do pedaço. Claro que Alice e Rose deixaram bem claro que eles, Emm e Jass, também o eram.
Eu de começo fiquei muito puto, mas depois aceitei o fato. O que eu posso fazer? A Bella me tem em suas mãos e nem sabe disso. Ela podia muito bem me maltratar o quanto fosse, mas se estalasse os dedos eu correria ao seu encontro em um segundo.
Graças aos meus amigos eu me sentia mais confiante. Sim, porque ao invés deles falarem mal da Bella, como qualquer outro amigo faria, eles constantemente falavam que ela me amava e que logo estaríamos juntos novamente. Esse apoio me deu esperanças e eu buscava em cada olhar que trocava com ela a resposta de tudo que estava acontecendo.
Contei a Alice sobre o Bruno e ela só faltou jogar a bolsa dela em minha cabeça, dizendo que eu não devia nem cogitar essa maluquice de que Bella poderia estar me trocando por ele.
Poxa isso não é maluquice. Qualquer cara no meu lugar ficaria enciumado certo? Errado. Foi o que minha irmã me disse, e explicou que eu pensava nisso porque eu sou um possessivo idiota. Ela não precisava pegar tão pesado, eu não sou tão possessivo assim.
Alice tocou a campainha da casa da Sue e meu coração quase saiu pela boca na expectativa de ver Bella ali, e por obra de alguém que gosta muito de mim lá em cima foi ela quem nos recebeu.
Ela estava linda, num vestido azul marinho que deixava suas lindas pernas expostas. Tudo bem eu achei que o vestido podia ser um pouco mais cumprido, mas eu não estava em posição de achar nada. Ela cumprimentou a todos e eu logo fui ao seu encontro. Seus olhos me analisaram de cima a baixo, e eu claro, fiz o mesmo. Beijei seu rosto louco de vontade de atacar seus lábios, que aparentemente estavam com o gloss que ela adora passar e eu adorava tirar, com gosto de morango.
Putz até salivei de vontade.
Após nos cumprimentarmos meu humor que estava maravilhosamente bem por estar ali com ela evaporou, quando aquele cara apareceu na sala. Puta merda o que ele estava fazendo ali? Por que Bella o convidou? O que ele quer com ela? Ela é minha, só minha.
Cacete cadê a minha irmã nesse momento pra me dar uma bolsada e dizer que eu era um idiota possessivo?
O Bruno, que se dizia amiguinho dela, veio me cumprimentar na maior cara lavada e eu não fiz a menor questão de ser agradável com ele. Vem cá, te conheço? Não, e nem faço questão. Só quero que fique longe da minha namorada.
Essas palavras ficaram entaladas em minha garganta. Bella depois de despachar o cara me encarou com um semblante não muito bom, mas que a deixava ainda mais sexy.
- Qual o seu problema? Por que essa educação toda com o Bruno? – meu sangue ferveu na hora por ela estar protegendo ele.
- O que ele está fazendo aqui? – indaguei emputecido.
- O Bruno é amigo da família Edward. Sabe muito bem disso. – Não eu não sei disso, eu nem conheço o cara direito, poxa.
- Só amigo? – ironizei deixando meu lado possessivo tomar conta de mim.
- Sim. E você? Pensei que fosse trazer aquela sua amiguinha a tira colo.
De quem ela está falando?
- Quem?
- Não se faça de desentendido Edward. – ela levantou a voz e eu logo deduzi.
Ah então minha encenação ontem no intervalo com a Lauren e o Alec surtiram efeito? Ganhei o dia, ela está com ciúmes, ela gosta de mim, eu sou foda.
- Você está com ciúmes da Lauren? – indaguei levemente divertido.
- E você do Bruno.
- Se não me desse motivo... – retruquei me contendo.
- O que quer dizer com isso?
Ela quer mesmo saber? Pois então ela vai saber, mas ali não era o lugar. Olhei para o quintal e vi que todos conversavam distraídos. Peguei seu braço e a puxei para o closet de casacos, fechando a porta em seguida. Bella acendeu a luz e eu disparei.
- Eu vi vocês dois juntos Bella. Assim que terminou comigo foi correndo se encontrar com ele.
Esse encontro ainda me corroia. Por mais que algo me diga que isso não é nada demais, o ciúme consegue falar mais alto.
- Não o procurei com essas intenções Edward. Eu precisava conversar com alguém.
Ahãm e tinha que ser justo ele?
- Não podia ser com minha irmã ou com a Rose? – ironizei quase me descabelando.
Eu estava odiando aquela discussão. O que eu menos queria era brigar com ela.
- E você heim? Pensa que eu não te vi dando bola pra Lauren? Não tem o direito de me cobrar nada.
Porra essa garota vai me perseguir até quando? Será que ela não percebe que se eu pudesse mandar Lauren para o Quintos junto com o capeta eu o faria sem pestanejar?
- Droga Bella. A Lauren é insignificante. Eu tenho asco dela, será que você não percebe isso? Eu almocei com eles ontem pra constatar que você ainda me quer. O seu ciúme me fez comprovar isso.
-Fazer esse tipo de coisa é idiotice e eu não tenho ciúmes. – ela retrucou exaltada.
Droga! Não foi nada disso que eu planejei para nós dois essa noite. Eu só pensava em encontrá-la, me ajoelhar aos seus pés e implorar que voltasse pra mim. Seria humilhante? Não, quando se ama nada é humilhante.
Ela não tem ciúmes? Ela quer enganar a quem? Só se for o papa por que a mim não. Olhei dentro de seus olhos e a fitei por inteiro, admirando a linda mulher por quem eu sou apaixonado. Aquele vestido lhe caiu tão bem que comecei a ter pensamentos nada bons para o momento.
O pior de tudo é que o cheiro dela simplesmente tomou conta daquele cubículo em que estávamos, e me enlouqueceu por completo. Desejei tocar sua pele, sentir o seu gosto de novo, a maciez de seus cabelos, o calor dos seus braços.
Só de imaginar outro homem tendo os mesmos pensamentos que eu me deixou alucinado. Eu tenho ciúmes por nós dois.
Pronto! O louco obsessivo possessivo ataca mais uma vez.
- Pois eu tenho e muito. Eu fico louco só de saber que você está perto de outro homem Bella. – me aproximei e acariciei seu rosto sem conseguir me conter – Ver você assim tão linda e saber que não posso mais te ter me deixa completamente sem chão. Essa foi a pior semana da minha vida. Eu levanto da cama somente pela esperança de poder te ver. Mesmo que tente fugir de mim eu não vou me afastar de você. Eu preciso de você Bella, assim como eu preciso de ar para sobreviver.
Abri meu coração a ela, desesperado por uma resposta que acalentasse meu coração. Podia sentir que Bella estava perdida em meu olhar, deslumbrada como sempre ficava.
- Eu sou sua. – ela sussurrou e meu coração disparou freneticamente.
Ela é minha, só minha. Só essas três palavras me arrepiaram dos pés a cabeça, me enchendo de coragem para tê-la de volta aos meus braços. Sem conseguir me conter abri um sorriso demonstrando a minha felicidade por ouvir aquilo, e vagarosamente levei minha mão até sua nuca, a puxando para um beijo cheio de saudade, paixão, êxtase, alegria e acima de tudo, amor.
BELLA POV
Conforto, carinho, desejo, alegria, paixão, excitação, bem querer, saudade e amor. Naquele momento que Edward me beijou eu sentia tudo isso ao mesmo tempo. Eu sentia tanta falta de sua boca, dos seus lábios que não tinha vontade de parar de beijá-lo. Ele enlaçou seus braços em minha cintura me colando ao seu corpo, dando um sinal claro de que eu não escaparia dali por decreto algum.
Ótimo! Quem disse que eu queria sair? Ele podia me prender ali a noite inteira, porque eu estava entregue em seus braços. Assim como deixei escapar que eu era dele, ele podia fazer o que quisesse. Edward tem um poder sobre mim que é surreal, eu simplesmente perco o controle sobre meu corpo e mente quando ele está por perto.
Toda minha insegurança com relação à Lauren sumiu naquele momento. Ele ainda me queria, e saber disso, me deu mais força ainda para prosseguir. Edward devorava meus lábios famintamente e eu não ficava atrás. Queria matar toda a saudade que sentia naquele único beijo.
Sem ar nos separamos ofegantes e nos encaramos.
- Volta pra mim Bella? Pelo amor de Deus, volta pra mim? – ele me pediu com sofreguidão. Isso era tudo o que eu mais queria. Estar de volta aos seus braços era tão reconfortante e certo que eu fiz um esforço enorme para um sim não sair de minha boca. Tudo estava tão perto de ser resolvido, não podia me deixar levar pelos sentimentos que explodiam dentro de mim.
Eu odiava ter que fazê-lo sofrer mais um pouco, porém era necessário.
- Ed, me dê um tempinho, eu lhe peço. – pedi olhando em seus olhos.
- Pra que Bella? Uma semana já não foi tortura demais? Eu não tenho mais cabeça pra ficar longe de você. – ele me abraçou apertado, quase me sufocando e me beijou novamente.
Era um beijo desesperado, como se ele tivesse medo de me perder. Eu também tinha medo de perdê-lo. Mesmo pensando positivo, a incerteza falava mais alto. Dali poucas horas eu buscaria pela verdade e confiava de que com isso poderia tê-lo sem preocupações. Precisava me controlar para não voltar à estaca zero. Se continuasse ali, não teria coragem de continuar em frente.
Por ele, por ele. Pensava firmemente criando forças para me afastar.
- Eu preciso ir. Sue deve estar precisando de mim. – me afastei, ou melhor, tentei, mas Ed não me soltou.
- Não faz isso, não foge de mim Bella. – pediu respirando fundo em meu pescoço e dando leves beijos.
- Eu preciso... Eu... – ele não me deixou terminar e invadiu minha boca novamente.
Entrelacei minhas mãos em seus cabelos o puxando ao meu encontro. Explorava sua boca, seus lábios, recordando como é bom o seu gosto doce. Suas mãos me apertavam, me acariciavam, reconhecendo todo o meu corpo, me fazendo arfar em seus lábios.
Jesus apague a luz! Eu o quero aqui e agora!
Não sairia dali nunca mais. Não conseguiria me soltar mais dele. Eu estava perdi...
- Ahãm ai estão vocês dois. – nos soltamos do beijo assustados por um Emmett que estampava um sorriso safado no rosto.
Salva pelo gongo! Pensei ao ver que por pouco não estraguei tudo.
- Eles estão aqui. – Emmett gritou e eu desejei voar em seu pescoço.
Por que ele não anuncia isso na gazeta de domingo? Ah claro, discrição não faz parte da personalidade dele.
- Emmett você não tem mais o que fazer? – Edward indagou visivelmente irritado.
- Todos estão à procura de vocês ué. Eu sabia que estariam se agarrando em algum canto. A Bellusca não ia resistir por muito tempo. – ele gargalhou e eu lhe lancei um olhar mortífero.
Olhei para meu vestido e percebi que estava todo desarrumado. O ajeitei discretamente e olhei para Edward, ele estava pior do que eu.
- Eu vou... – apontei pra saída do closet e Edward segurou minhas mãos.
- Não terminamos nossa conversa Bella. – ele me olhou com olhos tristes e pidões.
Meu coração já é mole, com esse olhar então... Virou gelatina. Relutante, mas não conseguindo conter meu impulso, me aproximei de seu ouvido.
- Só um tempinho. – sussurrei e soltei de seu braço, saindo logo em seguida do closet.
Emmett continuou ali nos olhando com ar de sacanagem. Eu tinha certeza que ele ia contar isso pra todo mundo, mas quer saber... Dane-se.
Procurei me refazer do momento e voltei para o quintal. Peguei algo para beber e matar minha sede, porém de nada adiantou, minha sede não podia ser saciada dessa forma.
Conversei com meus amigos e fui ver se Sue não queria ajuda. Edward e Emmett se juntaram a nós pouco depois. Procurei ignorar sua presença e passei a dar atenção ao meu pai e Sue. Eles estavam radiantes e isso me deixou muito feliz. Fui conversar com o Bruno que estava isolado de todos e pedir desculpas pelo comportamento de Edward.
- Não se preocupe com isso Bella. Eu o entendo. Se visse a Renata cercada por um homem nessa situação ficaria doido de ciúmes. – eu ri dele.
- Será que não podemos ter amigos homens? O que há de errado nisso? – indaguei irritada.
- Nada, mas te garanto que se eu fosse solteiro, não pensaria duas vezes em investir em você. – Bruno apertou meu nariz rindo como sempre fazia quando queria caçoar de mim.
- Para Bruno. – bati em seu braço e rimos juntos.
- Cara... Eu estou vendo o Edward daqui a pouco correr até aqui e arrancar minha cabeça fora. – Bruno comentou olhando atrás de mim. Virei-me e vi Edward nos encarando com um olhar nada bom – Acho melhor a gente não ficar provocando né Bella. Eu vou ali conversar com o Charlie.
- Está bem Bruno, eu vou dar uma geral na festa e ver se não falta nada.
Afastamo-nos e eu fui ajeitar a mesa de doces. Peguei alguns pratos já usados para levá-los até a cozinha e copos também. Empurrei a porta e os coloquei em cima da pia.
- Para com isso, por tudo que é mais sagrado. – dei um pulo ao sentir Edward beijando minha nuca e me prensando ao seu corpo.
- Você me assustou Edward. – coloquei a mão no peito controlando o susto.
- Por que me tortura com ele? Seu objetivo é me deixar louco, é isso? – indagou mordendo minha orelha. Minhas pernas amoleceram e quase cai. Se não fosse Edward me segurar pela cintura teria me estatelado no chão.
Merda. Por que eu tinha que me apaixonar por um homem tão... Irresistível igual a ele heim?
- Eu não estou fazendo nada. – retruquei sentindo meu corpo ferver e minha sede aumentar.
- Ah não? E precisa ficar de risos e ele... Te tocar daquele jeito? – Edward afastou meu cabelo deixando meu pescoço exposto dando leves beijos e mordidas em minha nuca e ombros.
Correção: Ele é irresistível e muito ciumento também. Não vou negar que estava gostando de vê-lo assim, era extremamente excitante, porém não tinha motivos para aquilo, não podia alimentar isso dentro dele. Se Edward está assim a culpa é toda minha, eu que plantei essa insegurança nele quando resolvi terminar tudo.
Coloquei-me em seu lugar por alguns instantes e com toda certeza teria a mesma reação que ele. Não desejo que tenha dúvida de meu amor por ele.
- Edward, por favor, se controle. – me esquivei de seus beijos e fiquei de frente a ele – O que acabei de lhe dizer naquele closet não valeu de nada pra você? – indaguei olhando em seus olhos.
- Você disse que é minha, entretanto me pediu um tempo Bella. Faz ideia de como isso é confuso? – ele me olhou com pesar e eu respirei fundo.
- Olha Ed eu não quero discutir de novo. Eu vou voltar para a festa. – sai da cozinha rapidamente sem olhar para trás.
Aquela conversa não ia nos levar a lugar algum. Ele precisava de explicações e eu não podia lhe esclarecer nada. Só pedia que as horas passassem rapidamente e tudo se resolvesse.
Meu pai me chamou assim que voltei ao quintal dos fundos. Disse que logo gostaria de fazer um brinde e pedir oficialmente a mão de Sue em casamento. Chamei Renesme e ela me ajudou com as taças para comemorarmos.
Procurei não desviar mais minha atenção e curtir o noivado do meu pai. Edward acabou sossegando também e sentou-se com seus irmãos e nossos amigos. Meu pai chamou a atenção de todos e oficializou seu noivado. Sue estava muito emocionada e assim que viu as alianças começou a chorar.
Já disse que não posso ver ninguém chorar que choro também? Pois é, eu e mais uma meia dúzia de mulheres ali presentes. Isso me levou a pensar no dia em que eu estarei no lugar de Sue. Tenho certeza que vou chorar que nem uma condenada.
Eles trocaram as alianças e todos brindaram aos noivos. Eu e Renesme fomos parabenizá-los e logo em seguida os outros convidados também. Edward se levantou e deu um abraço em Sue e em meu pai. De canto de olho percebi que os dois ficaram conversando e aquilo me interessou. O que será que eles tanto conversam?
Peguei um refrigerante para tomar, afinal Bruno e eu teríamos uma noite longa por conta da viagem e beber algo alcoólico estava fora de cogitação. Fui até a mesa em que Alice estava sentada e começamos a conversar. Sem conseguir conter a curiosidade busquei com o olhar meu pai e Edward, e eles ainda conversavam. Num determinado momento da conversa Ed me lançou um olhar indecifrável e isso me deixou cismada.
Voltei minha atenção para Alice e logo Rose e Jass entraram na conversa. Ficamos alguns minutos conversando e eu acabei me distraindo. Logo uma música começou a tocar e meus amigos se animaram para dançar.
Eu aproveitei que eles levantaram e procurei pelo meu pai e Edward, mas só meu pai estava ali ao lado de Sue. Procurei por todo o quintal e não o achei. Entrei na casa e também não estava.
Talvez tenha achado melhor ir embora depois do episódio da cozinha. Pensei comigo mesma e decidi aproveitar a festa. Não ficamos até tarde festejando e dei graças por isso. Depois que todos os convidados foram embora dei uma mão para a Sue. Ajeitamos tudo e me preparei para a viagem. Bruno pegou minha bolsa, a colocou no carro e me despedi de todos ali.
Um pouco antes de entrar no carro do Bruno avistei um carro ao longe da casa de Sue e podia jurar que era o Volvo do Ed.
Ai Bella deu pra ver coisa agora é? Ele já foi embora faz tempo, para de ficar pirando. Deixei pra lá e partimos rumo à Califórnia.
A viagem era cansativa então Bruno e eu revezaríamos a direção até lá. Dirigir a noite requer atenção em dobro por isso tratei de me manter acordada escutando musica ou conversando com o Bruno quando não estava tirando um cochilo. Durante o caminho avistei a lua que iluminava o céu lindamente. As estrelas brilhavam no céu limpo e a brisa da noite estava amena. Durante todo o percurso tinha Edward em minha mente e rezava aos céus para que tudo desse certo.
Após quase seis horas de viagem avistei a placa de boas vindas à Califórnia quando o dia estava clareando. Dei uma cutucada de leve no Bruno que dormiu praticamente a viagem inteira. Fiquei com dó dele. Ele já estava me ajudando tanto e não achei justo judiar dele assim, sem contar que os plantões que ele tinha que enfrentar durante a semana o deixava super cansado. Bruno é três anos mais velho do que eu e se formou em enfermagem.
Ele dizia que o período que passou com sua irmã quando se tratava do câncer o inspirou a seguir essa profissão, e eu o admirava muito por isso. Esse negócio de ver sangue o tempo todo definitivamente não é comigo. Perguntei a ele se gostaria de parar em alguma lanchonete e tomar um café e ele disse que estava muito ansioso para comer algo naquela hora da manhã. Felizmente eu me sentia da mesma forma.
Agradeci por Bruno ter um GPS no carro então não foi muito difícil achar o endereço que procurávamos. O local do endereço ficava afastado do centro de Los Angeles. Era um bairro residencial e aparentemente não muito agradável. Via-se claramente que o ambiente ali era digamos que... Tenso.
- É logo ali na frente Bella. – Bruno apontou e eu estacionei aonde ele indicou.
Paramos em frente a uma casa de madeira que a primeira vista necessitava de uma reforma. O quintal estava bastante descuidado com alguns objetos de metal jogados pelo caminho. Aquilo ali mais parecia um ferro velho do que o resto.
- E aí? Pronta? – Bruno indagou me olhando com apreensão. Verifiquei se o gravador que havia emprestado de Jasper estava ali e o ajeitei na bolsa.
- Prontíssima. – falei e abri a porta do carro.
Desci e logo Bruno já estava ao meu lado. Ativei o alarme do carro e entreguei as chaves a ele. Percorremos um pequeno caminho de pedras britas até chegar à porta da casa. Até aquele prezado momento eu me sentia bem, mas depois que toquei a campainha e escutei passos se aproximando comecei a tremer nas bases.
- Tudo vai dar certo. – Bruno falou baixo em meu ouvido e a porta a nossa frente se abriu.
Ali apareceu um homem alto, magro, de rosto fino e barba por fazer. Até que ele não parecia assustador. Respirei fundo e perguntei:
- Bom dia. Nós procuramos pelo Sr. Gregory Hans.
- E quem seriam vocês? – o homem indagou de uma maneira nem um pouco receptiva.
- Meu nome é Bella e esse é meu amigo Bruno. Nós precisamos conversar com o Sr. Gregory.
- Pois bem, sou eu mesmo.
- Será que poderíamos entrar um pouco? – Bruno questionou e o homem fez uma espécie de careta.
- Que seja breve sim. Tenho muito que fazer. – ele abriu a porta e nos deixou entrar.
Agradeci e passei meus olhos pelo lugar. Era escuro, com cheiro de mofo e coisas espalhadas por todo canto. Como alguém consegue viver num lugar daqueles? Ele fez menção com o braço para sentarmos e eu, mesmo não querendo entrar em contato com nada ali, sentei. Bruno me acompanhou e o Sr. Gregory sentou numa poltrona próxima. Ele pigarreou nojentamente indicando para começarmos logo a conversa.
- Sr. Gregory acredito que não se lembra de mim. Já entrei em contato com o Sr. a alguns meses perguntado sobre um caso. – assim que terminei de falar ele se remexeu na poltrona.
- Sobre um caso? – indagou curioso.
- Sim. Diz respeito ao caso do Sr. Richard Cullen. – a feição do homem mudou drasticamente e ele nos observou por um tempo.
- O que tem esse caso? Você por um acaso é a moça que ligou para cá? Já disse que não posso lhe informar nada. Então passar bem. – ele começou a se levantar e eu olhei suplicante para o Bruno.
- Nós sabemos a verdade Sr. Gregory. Sabemos que o Sr. Richard mentiu sobre as fotos e o que acontecia nos encontros da Sra. Esme Cullen. – o homem nos olhou perplexo e voltou ao seu lugar.
- O que querem de mim? Já disse que não sabem com quem estão lidando.
- Eu só preciso que confirme que tudo foi uma armação do Sr. Richard e o deixamos em paz. – olhei para o Bruno e ele sorriu me incentivando a continuar - Veja... Como havia dito ao telefone, uma injustiça foi cometida e muitas vidas foram prejudicadas por conta disso. Por favor, Sr. Gregory só queremos a verdade. – pedi cruzando meus dedos e rezando para que o homem a nossa frente tivesse um pingo de consciência.
O Sr. Gregory se levantou da poltrona e eu olhei para o Bruno já me preparando para o pior. Ele caminhou coçando o queixo até uma janela próxima empurrando um pouco a pequena cortina que ali estava e fitou o lado de fora.
- Se der o que vocês querem irão embora rapidamente? – perguntou ainda olhando para fora.
- Sim. – Bruno se pronunciou e um meio sorriso brotou em meus lábios.
O homem se afastou da janela e encostou-se a um balcão que ficava próximo de onde estávamos sentados. Ele cruzou os braços e pronunciou algo parecido com “Maldito o dia que aceitei esse caso”.
- O Sr. Richard procurou nossa assistência se dizendo preocupado com relação ao filho. Ele explicou que desconfiava que sua nora o estivesse traindo e contratou nossos serviços. Nessa época eu estava livre e acabei pegando o caso. Pela aparência dele deduzimos que fosse um homem de muito dinheiro e, durante a conversa que tivemos, me deixou bem claro que seria bem recompensado pelos meus serviços. – ele falava pausadamente e compenetrado - Ele comentou sobre os encontros da Sra. Esme e o local que eles aconteciam. Passei algum tempo a acompanhando, tirei algumas fotos e decidi por fim saber o motivo desses encontros. Eu achei estranho porque não me parecia um caso amoroso, afinal nunca os vi trocando caricias nem nada do tipo. Acabei seguindo o homem com quem a Sra. Esme se encontrava e descobri que era usuário de drogas, assim como sua companheira. A partir daí comecei a investigá-los e descobri que ele havia sido um caso antigo da Sra. Cullen, e sua companheira atual era irmã da mesma. Aquilo me intrigou e busquei saber o que se passava.
- Como o Sr. descobriu tudo? – questionei curiosa.
- Usuários de drogas são fáceis de comprar Srta. Bella. Acabei subornando o Sr. Joshua e ele me contou sobre a chantagem que fez a Sra. Esme. A irmã dela na época estava devendo dinheiro para alguns traficantes e eles precisavam de dinheiro. Eles acabaram usando o filho dela para chantageá-la.
- Como assim? – questionei mesmo já sabendo de tudo. Precisava que ele contasse tintin por tintin.
- O filho mais velho da Sra. Esme não é legitimo. Ela estava grávida de Joshua quando casou com o Sr. Carlisle, e eles mantiveram esse segredo em família. Joshua pediu dinheiro a Sra. Esme e se não o fizesse contaria toda a verdade ao filho.
- E o Sr. contou tudo a isso ao Sr. Richard? – dessa vez Bruno parecia curioso.
- Sim lhe contei tudo. Entreguei as fotos e o relatório que havia feito. Ele parecia satisfeito com tudo, nos pagou e foi embora. No entanto uma semana depois voltou a me procurar. – o Sr. Gregory colocou a mão nos bolsos e começou a andar pela sala.
- E o que ele queria? – me ajeitei no sofá agitada.
- Ele me explicou que o filho dele não aceitou bem tudo aquilo e que me procuraria. Eu disse a ele que se isso acontecesse conversaria sobre tudo, assim entenderia os fatos, porém eu não sabia o que estava por vir. O Sr. Richard me contou o que havia dito ao filho e... Ofereceu-me uma quantia em dinheiro para confirmar sua versão.
- Ele pediu que confirmasse uma mentira não é mesmo? Que Esme estava na realidade o traindo. – soltei raivosamente.
- Sim. Ele disse que não a queria como nora e que se eu fizesse aquilo poderia até mesmo pensar em uma aposentadoria precoce. Eu me deixei levar pela tentação e quando o Sr. Carlisle me procurou eu confirmei a versão do Sr. Richard.
- Então o Sr. Carlisle o procurou? – perguntei incrédula. Ele assentiu enquanto continuava caminhando.
Eu estava perplexa com sua confirmação. Esme passou todos esses anos achando que Carlisle não tinha buscado a verdade e no final das contas ele foi enganado também.
- Desculpe Sr. Gregory, mas algo me intriga. Se o senhor recebeu dinheiro dele por que vive... Assim? – questionei olhando ao redor. Ele deu uma risada baixa.
- Digamos que dinheiro que vem fácil, vai fácil. – ele nos encarou firmemente e disparou – Agora já tem o que querem. Espero que cumpram com a palavra. – ele caminhou a passos largos até a porta.
Bruno e eu nos olhamos e percebemos que não tiraríamos mais nada dele. Eu realmente não precisava de mais nada. Já explodia de felicidade e satisfação por dentro pelo que conseguimos. Levantamos rapidamente e nos direcionamos a porta.
- Obrigada Sr. Gregory. Tenha certeza que tudo foi de grande ajuda.
- Srta. Bella... Eu sei que minha atitude foi condenável e espero ter feito algum bem lhe contando isso, porém peço que esqueça essa história. Como já havia dito uma vez não faz ideia com quem esta lidando.
- Seguiremos seu conselho Sr. Gregory. Passar bem. – Bruno acenou com a cabeça e eu também. Saímos dali rapidamente e entramos no carro. Olhei para a porta da casa e o Sr. Gregory já não estava mais lá.
Bruno ligou o carro e sabiamente antes de comemoramos saiu daquele lugar assustador. Chegando ao centro ele estacionou em uma lanchonete e eu não me aguentei, comecei a gritar e a pular no banco. Bruno sorriu e me puxou para um abraço.
- Deu certo Bruno. Eu nem acredito. – me soltei do abraço e peguei o gravador em minha bolsa. Apertei o botão para voltar a fita e logo dei um play.
“Sim. Ele disse que não a queria como nora e que se eu fizesse aquilo poderia até mesmo pensar em uma aposentadoria precoce. Eu me deixei levar pela tentação e quando o Sr. Carlisle me procurou eu confirmei a versão do Sr. Richard”.
Apertei o botão de pause e só então me dei conta de que chorava. Era um choro de satisfação, de libertação e agradecimento. Naquele momento eu senti que tudo ia entrar nos eixos.
- Vem Bella. Vamos comemorar. – Bruno saiu do carro e eu o segui.
Entramos na lanchonete e quando senti o cheirinho de pãozinho fresco e ovos mexidos me dei conta da fome que sentia. Agora que meu corpo estava relaxado me permiti degustar um belo café da manhã.
Fizemos nosso pedido e comemoramos brindando com suco de laranja.
- Eu não acredito que foi tão fácil Bruno. – comentei me sentindo satisfeita depois de ter comido um monte.
- Também estou surpreso, mas temos que ser cautelosos. Você escutou o alerta que ele nos fez.
- Sim eu sei. – suspirei pensando em meu próximo passo.
- E agora? O que pretende fazer?
- Vou mostrar a fita ao pai do Edward. Se não chegarmos muito tarde pretendo fazer isso ainda hoje. – me sentia ansiosa ao extremo.
- Se partirmos logo conseguimos chegar perto das cinco da tarde em Forks. – Bruno comentou olhando o relógio.
- Então vamos meu amigo. Preciso muito resolver isso, se não acho que nem durmo hoje. – ele riu e terminou de tomar seu suco.
Pagamos a conta, abastecemos o carro e partimos. Dessa vez Bruno insistiu em dirigir. Coloquei uma música para tocar e abri a janela do carro. Deixei a brisa do meio dia tocar meu rosto e sacudir meus cabelos, me trazendo uma paz de espírito e uma sensação de tarefa cumprida.
- Obrigado Bruno, por tudo. – ele carinhosamente pegou meu nariz e apertou.
- É pra isso que servem os amigos não é mesmo?
- Você é mais do que um amigo Bruno, sabe disso. – sorri a apertei suas bochechas. Ele odiava aquilo.
- Você faz com que eu me sinta uma criança apertando minhas bochechas assim Bella. – resmungou divertido.
- Então para de apertar meu nariz. – resmunguei também e lhe mostrei a língua.
Passamos a viagem assim, brincando e caçoando um com o outro. Bruno me contou como estava seu relacionamento com a Renata e eu via seus olhos brilharem a todo instante. Ao que tudo indicava, eles iriam morar juntos em breve e logo pensariam em casamento. Fiquei contente em vê-lo feliz e realizado ao lado dela.
Chegamos a Forks pouco mais de cinco da tarde. Fomos direto para minha casa e somente Renesme e Jake estavam lá. Entramos na sala e eles assistiam TV. Bruno ficou conversando um pouco conosco e logo foi embora, dizendo que já estava morrendo de saudades da Renata. Eu o entendia muito bem.
Nos despedimos e eu agradeci a ele mais uma vez por tudo. Entrei estampando um sorriso no rosto e minha irmã veio pulando ao meu encontro.
- Bella olha o que chegou pra você. – ela carregava um envelope nas mãos e eu gelei ao ver o emblema ali estampado.
- É de Dartmouth. – soltei colocando a mão na boca para não gritar.
- Sim. Deve ser o resultado. – Jake comentou se aproximando também.
- Eu... Não imaginei que fosse sair tão rápido. – peguei o envelope e percebi que minhas mãos tremiam de ansiedade.
Ali estava a resposta do meu futuro, um futuro que eu pretendia passar e curtir ao lado dele, do meu Edward. Eu imaginei tanto esse momento e minha única vontade era de compartilhá-lo com ele, o meu anjo.
- Vocês se importam se eu der uma saída? – indaguei olhando para Jake. Ele sorriu parecendo entender o que eu pretendia fazer.
- Vai lá Bella. Curta isso com ele. – Jake disse e eu sorri.
- Aonde você vai irmã? – Renesme indagou sem entender.
- Eu preciso resolver algumas coisinhas, Pequena. Talvez eu demore um pouco. – peguei minha bolsa que estava em cima do sofá e as chaves da minha caminhonete.
- Você vem para o jantar? – ela perguntou e Jake a abraçou.
- Deixa sua irmã Renesme. Ela tem coisa melhor pra fazer que vir jantar com a gente. – Jake piscou pra mim e eu saí correndo para meu carro.
Eu não me aguentava de curiosidade em saber o que aquele envelope dizia. Essa ansiedade era maior ainda por estar indo ao encontro dele. Eu sei que ainda precisava resolver tudo antes de me jogar em seus braços, porém minha necessidade de dividir esse momento com ele era tão grande que o veria antes de conversar com seu pai.
Cheguei em frente ao hotel e estacionei meu carro na primeira vaga que achei. Fabíola, a recepcionista do hotel, me avisou que Ed não tinha saído então eu sai em disparada para seu quarto. A porta do elevador se abriu e eu me contive para não correr pelo corredor.
Aproximei-me da porta de seu quarto e a percebi entre aberta. Achei estranho aquilo. Será que ele está de saída? Fiquei de frente a ela e a empurrei vagarosamente para ver se ele estava por ali. Quando levantei meu olhar meu coração falhou uma batida.
Vi Edward e Lauren abraçados no meio do quarto. Edward estava de costas para mim e não percebeu minha presença. Lauren me olhou ali parada e deu um meio sorriso com ar de vitória.
Ao ver aquele sorriso debochado fechei meus punhos e faisquei meus olhos em sua direção. Minha vontade era de dar na cara dela e arrancar aquele sorriso no tapa, mas infelizmente eu não podia tomar essa atitude. Não tinha meu trunfo em mãos e ela ainda dava as cartas.
Uma insegurança boba, mas significativa tomou conta de mim. Eu sabia que eles não estavam fazendo nada demais ali só que o ciúme se instalou com força em meu peito e eu me perguntei o porquê dela estar ali e porque Edward deu essa liberdade a ela?
Aquele era o nosso cantinho. Ele não tinha nada que deixá-la entrar ali. A minha raiva começou a ficar mais intensa e eu comecei a chorar. Senti-me impotente em não poder fazer nada e mais impotente ainda por Edward permitir aquilo.
Edward acompanhando o olhar de Lauren e me fitou ali na porta. Seu rosto de repente ficou tenso e ele empalideceu. Não aguentando mais ver aquilo sai dali rapidamente enquanto limpava minhas lágrimas.
– Bella? Bella? Volta aqui pelo amor de Deus. – Edward me agarrou pelas costas e eu tentei me esquivar.
– Me solta Edward. – pedi em vão. Ele me virou de frente a ele segurando meu rosto com as duas mãos.
– Não é nada disso do que você está pensando. A Lauren só veio aqui pra me dizer que eu consegui a vaga na equipe, amor. – seu olhar estava desesperado e eu podia ver a verdade neles.
Olhei para a porta de seu quarto e vi Lauren parada ali. Ela me encarou e balançou aquele maldito pen drive nas mãos como se me alertasse.
Filha duma boa mãe.
– Você está feliz? – indaguei voltando meu olhar para Edward.
– Como eu poderia Bella? Minha felicidade não é completa sem você. – minhas lágrimas agora pareciam uma cachoeira.
– Então por que você estava abraçado a ela? – indaguei me corroendo pelo ciúme.
– Eu só estava agradecendo pelo o que ela fez Bella. Nada mais que isso. Você tem que acreditar em mim.
Eu acreditava, mas sentia raiva da situação. Raiva de não poder beijá-lo naquele momento de alegria, raiva por não poder socar a cara daquela vadia prepotente e mais raiva ainda de não poder contar a verdade a ele.
Precisava sair dali o quanto antes e acertar tudo. Não podia dar mais chance e espaço para aquela nojenta se aproximar de Edward. Iria até a casa do Sr. Carlisle mostrar-lhe a fita e enfim esclarecer todos esses anos de enganos e sofrimento.
– Edward não me entenda mal, mas eu preciso ir. – abaixei meu olhar tentando controlar meu choro.
– Não, não Bella. Me diz por que você veio. Eu sei que veio me ver. Não faz isso comigo. Eu faço o que você quiser. Eu não vou deixar você voltar para ele. – Edward estava tão desesperado que mal conseguia respirar - Você não quer morar comigo? Nós damos um jeito. Você acha que estamos indo rápido demais? Então fazemos no seu tempo. Se eu fiz algo de errado, se eu falei algo que te machucou me perdoa Bella. Acredita em mim amor, eu não devia ter a recebido, eu juro que só fiquei contente com a notícia. – ele se virou de costas e agarrou minhas mãos para que eu não fugisse – Fala pra ela Lauren. – ele pediu com desespero na voz.
A víbora nos olhou com o semblante perdido e espantado. Ela parecia desconcertada em ver Edward lhe pedindo aquilo.
– É verdade Bella. – ela se aproximou de nós e me encarou com o olhar enigmático – Eu vou embora. – disse abaixando a cabeça e nem esperou o elevador, saiu pela escada de emergência.
– Me perdoa Bella. Eu não fiz nada com ela. – Edward segurou meu rosto novamente com as duas mãos e me encarou com os olhos marejados.
Eu ainda chorava copiosamente por vê-lo naquele estado. Deus ele quem tinha que me perdoar por fazê-lo sofrer tanto. Relutante em sair dali enxuguei minhas lágrimas e tirei suas mãos de meu rosto. Acariciei seu rosto e lhe dei um beijo de lábios.
– Bella não vai embora assim. – ele pediu quando apertei o botão do elevador.
– Me perdoa Edward. – ele se aproximou com lágrimas no rosto.
– Já que você é teimosa, me avisa quando chegar em casa Bella. Eu vou ficar preocupado em permitir que saia assim. – ele pegou minhas mãos e as beijou carinhosamente.
– Eu aviso. – dei um leve sorriso e soltei minhas mãos. A porta do elevador se abriu e entrei. Edward me encarou com os olhos cheios de dor e angústia.
Segurei-me parar não chorar ainda mais ao ver seu lindo rosto daquele jeito. Limpei as lágrimas que ainda insistiam em cair, caminhei em direção ao meu carro e parti rumo á casa do pai de Edward. A noite estava fria e uma garoa fina começou a cair. Peguei a pequena estrada que dá acesso a casa dos Cullens e liguei o limpador para tirar o excesso de água do para-brisa.
Avistei pelo espelho retrovisor um carro se aproximando e desacelerei para lhe dar passagem. Já estava quase chegando quando o carro atrás de mim começou a dar luz alta atrapalhando minha visão. Não conseguia enxergar direito e sinalizei para que me ultrapassasse.
A alguns metros da entrada que dava para o portão da casa senti um solavanco na caminhonete e freei o carro jogando o volante para o acostamento. Depois disso eu vi uma luz forte se aproximando e um forte estrondo. Senti uma pancada forte na cabeça e cai na inconsciência.