Capítulo 19 - Não Desista de Mim

Música - The Calling - Lost


EDWARD POV


Sabe aqueles momentos que se você se deixasse levar se arrependeria profundamente depois? Eu estava prestes a viver isso antes das palavras da Bella me fazerem enxergar o que eu estava fazendo. O que eu sinto por ela é tão intenso e mexe tanto comigo que eu simplesmente perco a noção das coisas, não consigo nem pensar direito.

O que eu tenho na cabeça de arrastá-la até aqui e fazer amor com ela desse jeito? Eu me perguntei várias vezes ainda olhando em seus olhos e com a respiração ofegante. Eu não poderia fazer isso com ela, não sem um compromisso e um lugar especial. No fundo eu também precisava disso. A única experiência que eu tive com outra mulher foi com a Tânia e agora eu vejo que com ela nada foi por amor e sim puro desejo. Com a Bella é diferente, eu a amo demais e nesse momento nada disso eu posso oferecer a ela, por mais que eu a deseje com toda a minha força.

Eu me afastei encostando meus lábios em sua testa e lhe dei um beijo singelo, arrumando seu vestido e fechando o zíper do mesmo. Ela franziu a testa não entendo minha atitude e num movimento brusco se desvencilhou de mim.


- Você não me quer. É isso? – eu me virei e olhei para ela. Como ela poderia pensar isso? Até agora eu estou tentando me controlar para não voltar ao que estava fazendo.

- Bella me perdoe, mas eu não posso fazer isso.

- Tudo bem eu já entendi, eu não sou boa o bastante para você não é mesmo? – ela cruzou os braços e me olhou duramente.

- Não é isso, eu só... – não me deixou continuar.

- Na verdade eu nunca fui não é mesmo? Você sempre fugiu de mim e a tola aqui sempre insistindo, achando que você poderia gostar de mim. Eu nunca fui boa o bastante para você se abrir comigo e contar da sua vida, para te ajudar com seus problemas e agora não sou boa o bastante nem para me entregar a você.

Se entregar a mim? Então eu seria o seu primeiro? Mais uma vez eu a agradeci por ter feito eu enxergar o que estava fazendo. Se eu seria o primeiro então tinha que ser mais do que especial.

- Bella por favor, não fala isso. Você não faz idéia como eu te desejo. – tentei me aproximar, mas ela se afastou ainda mais.

- É só desejo então? Claro que sim, como eu sou estúpida não é mesmo? Ontem mesmo você falou que já tinha me esquecido e deixou de me amar. Oproblema é que eu sempre tento pensar o contrário, mas agora chega Edward, eu já tentei de diversas maneiras fazer com que você também se entregasse a mim, só que agora eu desisto de você, assim como acabou de fazer comigo. – ela se virou e começou a caminhar até a porta, eu segurei seu braço e a puxei novamente.

- É justamente por você ser boa o bastante que eu não vou fazer isso com você Bella. Será que você não enxerga o quanto eu gosto de você?

- Claro você só gosta de mim, nada mais. – deu uma risada baixa. Eu entendi o que ela queria, não era só gostar e sim amá-la. Meu coração se apertou.

- Eu não posso dar o que você quer. – a soltei e baixei a cabeça.

- Eu devia ter escutado isso desde a primeira vez que você me falou. – disse caminhando até a porta e saiu sem olhar para trás.


Eu senti tanta raiva de mim mesmo que poderia quebrar tudo que encontrasse pela frente. Xinguei-me por ser tão fraco e não conseguir dizer tudo o que sinto por ela e por não conseguir manter minha palavra e ficar longe dela. Se tivesse cumprido nada disso teria acontecido. Por mais que eu esteja quebrado por dentro, preciso ser forte e agüentar vê-la me odiar por tudo isso.



BELLA POV



Sai daquela sala com o coração em pedaços. Como eu queria que ele dissesse que me amava e que tudo o que falei era mentira, mas não era. Agora eu vejo que tudo o que ele sentia era apenas desejo, nada mais. E pensar que eu estava me entregando a ele por amor e que estava sendo retribuída. Bella você é uma completa idiota. Minha vontade era de ir embora dali o quanto antes, mas quando voltei ao salão as pessoas estavam reunidas em volta do bolo, cantando os parabéns para Alice. Não poderia desapontar minha amiga, então coloquei o melhor sorriso no rosto e me juntei a eles.

Alice estava radiante e como sempre pulando e batendo palmas demonstrando sua alegria. Eu sabia que no fundo ela estava um pouco triste com a situação em casa e gostaria que seus pais estivessem presentes. Ela me falou que eles não quiseram vir a festa porque era coisa de jovens e tudo mais, só que eu tenho a leve impressão que é pelo fato de estarem juntos no mesmo ambiente. Depois do que Edward me contou, que eles só vivem um casamento de aparência, seria difícil demonstrar algo na frente de tanta gente.

Alice puxou todos nós para uma foto. Eu resisti um pouco afinal detesto sair em fotos, mas fui vencida pelo grandão do Emmett que me puxou com toda a força quase deslocando meu braço. Alice olhou para os lados como se procurasse alguém, e eu já sabia quem era. Ela me olhou como se esperasse que eu dissesse onde ele estava e eu simplesmente abaixei a cabeça. Estavam todos reunidos, eu, Emmett, Rose, Jéssica, Jacob, Renesme, Jasper, Alice e finalmente Edward se juntou a nós.

- Edward fica do lado da Bella que do lado do meu fofinho sou eu. – Alice pediu puxando o irmão para o outro lado onde eu estava.

Edward tentou escapar, mas não conseguiu, a baixinha é muito insistente. Ele se rendeu e foi ao meu lado colocando o braço em volta da minha cintura. Praguejei por sentir meu corpo se arrepiar com o toque dele e contava os segundos para o fotógrafo terminar logo seu trabalho. Ele fez sinal de positivo e tentei me afastar, quando Jasper nos interrompeu. Ficamos todos abraçados ainda.


- Pessoal fiquem aqui ainda que eu quero que vocês presenciem isso também. – pediu nos olhando e puxando Alice para nossa frente. - Alice eu quero te dar meu presente de aniversário. – Jasper fez um sinal para Emmett que entregou algo para ele.

- Jasper eu não acredito. – a baixinha o olhou surpresa.

- Você me pediu e aqui está minha fada. Agora somos oficialmente namorados.

Emmett havia entregue ao Jasper seu Muxoxo que estava segurando as duas alianças deles. Eu comecei a rir quando me lembrei da Rose.

- Tudo começou com eles – apontou para Rose e o Emmett – Então agora o Muxoxo é o nosso mascote. – todos riram inclusive a Alice.

- Ainda bem que ele não desapareceu com as alianças não é mesmo? – Alice brincou nos olhando.

- Quem sabe para um próximo não seja tão tranqüilo. – Jasper olhou para Edward e eu. Eu sorri sem graça e senti Edward apertar minha cintura.

Jasper colocou a aliança em Alice e ela fez o mesmo, o beijando logo em seguida e pulando de felicidade. Todos nós abraçamos os dois em um abraço grupal formando um montinho no meio do salão. O DJ começou a tocar uma música animada e todos começaram a dançar. Eu fui saindo de fininho da pista, mas fui impedida por Jake que me puxou e começou a dançar comigo.

- Não quero ver minha melhor amiga triste. – pegou meu braço e me rodopiou pela pista. Eu comecei a rir com aquilo.

- Eu não estou triste Jake. – menti.

- Bells eu conheço você melhor do que ninguém, não tente me enganar. – ele pegou minhas duas mãos e girou junto comigo.

- Você está certo não vou te enganar, meu coração está despedaço. Você tinha toda razão Jake, ele não me quer. – ele me olhou e sorriu.

- Não fique assim, de tempo ao tempo. Se ele não te quer é porque não te merece. Você fez o que podia. – eu olhei em direção à mesa em que Edward estava sentado e ele estava de cabeça baixa.

- Será mesmo Jake? Eu fiz tudo o que podia? – por mais que estivesse com o orgulho ferido, ainda o amava mais que tudo.

- O que mais você poderia fazer Bella? Se ele prefere afastar a todos, você não tem culpa disso.

- É... Realmente. – sorri sem vontade e a música acabou – Jake eu vou sentar um pouco ok? – ele me soltou e se juntou a Renesme e Jéssica que dançavam próximas a nós.


Antes de me sentar fui pegar uma água no bar. Sentei tomando um gole da água e fiquei olhando meus amigos dançarem animados. Não olhe para ele, não olhe. Estava tentando me segurar para não olhar em direção a sua mesa, mas não me contive, ele também estava me olhando. Sabe aqueles momentos em que um simples olhar diz tudo? O meu dizia a ele o quanto eu o amava, e o dele dizia “me desculpe”. Eu não agüentei ficar mais ali, peguei minhas coisas e fui para o carro.

Entrei no mesmo jogando minhas coisas no banco do passageiro e fui para casa. No caminho um turbilhão de pensamentos começou a me atormentar. Eu precisava tirá-lo da cabeça, fazer a vontade dele e me afastar. Comecei a pensar em todas as maluquices que fiz por ele. Eu estava tão bem antes de Edward Cullen chegar, tinha meus planos e minha vida. Por que ele tinha que aparecer e acabar comigo desse jeito?

Eu precisava retomar minha vida, fingir que nada disso aconteceu e era isso o que iria fazer, voltar com os meus planos antes dele aparecer. Preciso me concentrar nos estudos para passar no teste da universidade, se é que vou ter alguma chance depois de ter feito o que fiz e ainda ficar com o meu histórico manchado.

Cheguei em casa e subi para meu quarto. Peguei minha toalha e fui para o banho. Meu coração se apertou quando senti que o perfume dele ainda estava em meu vestido e não consegui conter o choro. Tomei um banho bem quente, me enrolei na toalha e fui para o meu quarto. Coloquei um pijama confortável, escovei meus cabelos e olhei para minha escrivaninha. Em cima dela estava o formulário que eu ainda não havia preenchido da universidade. Peguei uma caneta, sentei confortavelmente e o preenchi. Segunda mesmo já o colocaria no correio. Fui para minha cama e deitei, apagando a luz do abajur e adormecendo em seguida.


(...)

Estava chegando à casa de Alice para conhecer sua mãe. Pelo visto eu tinha sido a primeira a chegar. O carro de Emmett não estava na garagem, então deduzi que ele tinha ido buscar Rose e o Jasper. Estacionei e respirei fundo indo em direção a porta principal, toquei a campainha e esperei. Senti meu estômago se remexer quando o Sr. Carlisle abriu a porta e me olhou acidamente.

- Boa tarde Sr. Carlisle. – o cumprimentei educadamente.

- Alice! – ele não me respondeu e gritou o nome da filha, saindo em seguida.

- Bellinha que bom que chegou. – Ali me abraçou e me puxou para dentro.

- Acho que só você pensa isso Alice. – apontei para a direção de seu pai que entrava na biblioteca.

- Não liga para ele. Vem, mamãe e eu estávamos na cozinha preparando algo para o lanche da tarde. – me puxou pelo braço e adentramos a cozinha.

Bene estava encostada no balcão que divide a pia e uma pequena mesa, preparando uma jarra de suco. Dei um oi dando tchauzinho com as mãos para ela e olhei a figura que estava próxima a ela. Uma mulher de cabelos no mesmo tom que o de Edward, compridos e ondulados, um rosto muito lindo e pele clara. Se não soubesse que é a mãe deles podia jurar que era a irmã mais velha da família. Ela veio em minha direção e me abraçou apertado.


- Mãe essa é a Bella.

- Prazer Bella. Você é muito linda, faz jus ao nome. – soltou o abraço e me fitou sorrindo.

- Obrigada Sra. Esme. – agradeci envergonhada.

- Por favor querida, apenas Esme. – pediu voltando ao balcão.

- Vocês precisam de ajuda? – perguntei apontando para o que elas estavam preparando.

- Obrigada Bella, mas já esta tudo pronto. Só estamos terminando de arrumar. Alice por que não leva Bella até a sala, eu logo me junto a vocês.

- Tá bem mãe. – Alice pegou meu braço e me puxou para a sala.

- Bellinha por que saiu tão cedo da festa ontem? Fiquei tão triste. – Alice sentou no sofá e eu sentei ao seu lado.

- Desculpa Ali, mas não estava me sentindo muito bem.

- Uhum sei, posso até imaginar o por que. Jasper me contou que depois da quase briga viu o Edward correr atrás de você. O que aconteceu amiga? Vocês se entenderam?

- Não Alice, só piorou ainda mais as coisas. – abaixei a cabeça e respirei fundo.

- Como assim? – ela pegou minhas mãos e apertou com força.

- A gente acabou discutindo sobre a briga e quando dei por mim estava numa sala com ele e quase fizemos amor.

- O QUE? – a doidinha gritou.

- Shii... Alice, por favor. – olhei para os lados.

- Eu não estou acreditando. Como assim você quase fez amor com ele mesmo depois de terem terminado o namoro?

- Eu não sei, é difícil de explicar Ali. O que eu sinto pelo seu irmão é muito forte, não consigo resistir, mas... ele não me quis.

- O QUE? – gritou de novo. Que vontade que me deu de estrangular ela.

- Alice para de gritar. – ela colocou a mão na boca se desculpando – Eu ia me entregar a ele, só que do nada ele simplesmente parou, falando que não podia fazer aquilo comigo.

- Olha tem horas que eu queria socar a cara do Edward sabia? Ele a cada dia que passa só faz mais cagada.

- Eu percebi que ele não me ama de verdade amiga, foi só desejo nada mais.

- Bella você vai me desculpar, mas eu tenho certeza que não é só isso. O Edward está tentando se afastar de todo mundo inclusive da família. Eu não sei te explicar o que aconteceu aqui em casa, meu pai não abre a boca para falar sobre isso. O Edward está agindo igual a antes, tentando fazer besteira para atingir o meu pai e isso me deixa preocupada.

- Eu saquei isso também, por isso eu fiz tudo aquilo que te contei. Eu estava tentando protege-lo, mas de nada adiantou Alice.

- Bellinha não desista dele, por favor, não agora. Você é a única pessoa que ele ainda escuta.

- O que você quer que eu faça? Você não imagina como eu estou me sentindo Alice, não dá mais. Se ele quer que eu me afaste então é isso que darei a ele.

- Eu tentei me aproximar dele e saber o que se passa, só que ele está irredutível. Bellinha eu tenho medo que ele se envolva com coisas ruins novamente só para provocar o papai.

- E sua mãe sabe o que aconteceu?

- Não, eu não quis comentar nada com ela. De nada vai adiantar Bellinha amanhã mesmo ela irá embora, como sempre faz.

- Mas ela é sua mãe Alice, não acha que ela tem o direito de saber que seu filho não está bem?

- Ela não se importaria, aliás, nenhum dos dois, por isso o meu desespero amiga. Nós não temos o apoio de pai e mãe somente dos amigos e de nós mesmos. Só você pode ajudá-lo Bellinha, por favor, não desista do meu irmão? – Alice me olhou com olhos suplicantes. Antes que eu pudesse responder o restante do pessoal chegou nos interrompendo.

Emmett se jogou no sofá e Rose sentou ao seu lado. Alice levantou e foi cumprimentar o Jasper. Eu fiquei ali, sobrando de vela no sofá. Esme se juntou a nós e ficamos conversando durante um bom tempo, até que ela resolveu pegar os álbuns dos filhos para nos mostrar. Enquanto nos mostrava as fotos animada, e com brilho nos olhos, eu me lembrei que até poucos dias atrás era para Edward estar aqui comigo e eu tirando sarro dele igual fez comigo. Afastei esse pensamento e voltei à conversa. Esme é muito simpática e querida, foi muito atenciosa com todos nós.

Realmente eu não conseguia entender o que tinha de errado nessa família. Por que tudo mudou de repente igual Edward me contou? Eu não conseguia me conformar com o fato de estarem escondendo dela o problema com Edward, ela tinha o direito de saber. Eu tinha muita vontade de conversar com ela a sós, mas não tivemos nenhuma oportunidade durante a tarde. Estávamos nos despedindo e o restante do pessoal havia descido para a garagem, então resolvi abordá-la.


- Esme, Alice comentou que você trabalha como decoradora?

- É isso mesmo Bella.

- Sabe tem uma prima minha que estava interessada em fazer a reforma do apartamento dela e havia comentado que queria contratar uma decoradora. Será que eu poderia lhe dar seu telefone?

- Claro Bella. Aqui. – me entregou um cartão – Tem meu telefone e o endereço do meu escritório em São Francisco, eu fico por lá porque é aonde concentra os meus maiores serviços. – disse sem graça e fitou o chão.

- Obrigada, vou entregar para minha prima.

- Foi um prazer te conhecer Bella.

- O prazer foi meu Esme.


Desci as escadas da porta principal e fui para garagem dar tchau para os meus amigos. Voltei para casa e encontrei meu pai vendo TV na sala, junto com Jake e Renesme. Durante o caminho de volta vim pensando em um plano absurdo, e precisava da opinião de alguém para saber se não estava passando dos limites. Dei um oi para todos e fiz sinal para Jake vir até a cozinha.


- Eu vou pegar um pouco d’água. – Jake disfarçou e veio até a cozinha. Eu abri a geladeira, peguei a água e enchi dois copos. - O que foi Bells?

- Preciso saber sua opinião sobre uma coisa. – sentei na banqueta e coloquei o cartão de Esme em cima do balcão da cozinha. Jake sentou ao meu lado.

- O que é isso? Esme Cullen?

- É a mãe do Edward. Eu a conheci hoje.

- Tá e qual o problema com isso? – indagou despreocupado.

- Alice me contou que ela não sabe sobre a situação do Edward. Eles estão escondendo dela Jake.

- E o que você tem a ver com isso?

- Como assim Jake? Eu tenho tudo a ver.

- Bella você não me falou ontem que ele não quer mais saber de você? – eu assenti mesmo contrariada – Então esquece isso.

- Eu estou pensando em ir para São Francisco falar com ela. – Jake tinha acabado de tomar um gole de água e quase cuspiu quando terminei de falar.

- Você está ficando louca?

- Jake ela precisa saber, vai que ela pode ajudá-lo?

- Você não deve se meter na vida deles assim Bella é errado. Se não querem que ela saiba então deixe como está.

- Droga eu não sei o que fazer. – deitei a cabeça no balcão em cima dos braços.

- Bella você não percebe que isso só está te fazendo mal? Se afasta dele, é o melhor que você pode fazer. – respirei fundo e absorvi suas palavras. Querendo ou não meu amigo tinha razão.

- É, é isso mesmo. Não sei dá onde tirei essa idéia maluca. Obrigado Jake. – dei um abraço nele, levantei, peguei o cartão e subi para o meu quarto.

Fitei o cartão mais uma vez e o guardei numa das gavetas da escrivaninha. É isso o que você vai fazer Isabella, esquecer e se afastar.

 

 

(...)

 

 

E foi o que eu fiz nos dois meses que se passaram. Tinha voltado a me dedicar aos estudos e as minhas pesquisas. No trabalho também estava tudo como antes, tirando é claro a presença diária de Edward. Depois daquele dia na festa da Alice nós nunca mais trocamos uma palavra, a não ser por educação, dizendo apenas bom dia ou boa tarde.

A maneira que encontrei de afastar Edward dos meus pensamentos foi cair de cabeça nos estudos e no tempo vago me dedicando a leitura, e é claro , inevitavelmente acabei me afastando um pouco de meus amigos. Evitava sair com eles quando ele estava junto, para poupar tanto sofrimento.

Conversava constantemente com Alice pelo telefone e ela por força do hábito, ou até mesmo de propósito, me colocava a par de tudo o que Edward estava aprontando. Aquilo acabava comigo, era até mesmo pior do se não tentasse evitá-lo. Todos os dias nesses dois meses eu pegava aquele maldito cartão e passava horas o olhando e pensando no que poderia fazer.

Hoje era o segundo Sábado do mês e tinha que ir para o meu compromisso. Peguei minha bolsa, minhas chaves e sai. Parei em frente ao Instituto de Câncer de Forks. Desde que mamãe começou a fazer seu tratamento contra o câncer, eu comecei a trabalhar voluntariamente na ala das crianças, então no segundo Sábado de cada mês eu venho para cá e passo o dia com elas. O dia que conheci essa ala foi muito engraçado. Eu estava chateada porque o tratamento da mamãe não estava apresentando melhoras e enquanto ela dormia, eu fui dar uma volta pelo Instituto. Parei em frente a uma sala onde algumas crianças brincavam e fiquei olhando para elas, até que uma delas notou minha presença e me puxou para dentro, fazendo com que eu participasse da brincadeira.

Foi aqui que eu conheci o Bruno. Sua irmã estava fazendo um tratamento na época e nós ficamos muito amigos. Sua irmã conseguiu se curar e ele me deu muito apoio quando perdi minha mãe. Ele também começou a trabalhar como voluntário e mantemos essa amizade até hoje. Eu me divertia muito com as crianças, elas faziam o dia de qualquer pessoa ganhar muita luz e alegria.

Depois que saímos do Instituto Bruno me convidou para tomarmos um café e por a conversa em dia numa lanchonete que havia recém inaugurado em Port Angeles. Eu aceitei e nós fomos para lá. A lanchonete era muito aconchegante e bonita. Fizemos nosso pedido e começamos a conversar. Ele sempre foi muito atencioso comigo, ouvia até mesmo minhas lamentações sobre Edward, e eu as dele sobre suas namoradas. Durante a nossa conversa eu tive a constante sensação de estar sendo observada. Olhei para os lados para ver se não tinha algum conhecido por ali, mas não avistei ninguém e deixei para lá.

Olhei o relógio e já estava tarde, tínhamos ficado conversando por muito tempo. Pagamos nosso lanche e eu me despedi de Bruno. As ruas de Port Angeles já estavam mais fazias a essa hora da noite, tudo estava mais tranquilo. Parei no sinaleiro e fiquei esperando o sinal abrir quando avistei mais à frente uma pessoa sentada no meio fio de cabeça abaixada. Meu coração disparou no mesmo instante e meu estômago deu voltas quando vi que era ele. Por Deus será que tinha acontecido alguma coisa? Por que ele estava daquele jeito? Não pensei duas vezes e parei o carro logo a frente.

 

Música - The Calling - Hold On To You

 

Fui até ele e o chamei. Ele não respondeu, então me abaixei para fitá-lo melhor. Ele tinha o cheiro forte de bebida.


- Edward, Edward? – ele levantou a cabeça um pouco sonolento. Caramba tinha caído de bêbado?

- Edward o que está fazendo aqui? – perguntei apreensiva.

- Me deixa, vai embora. – tentou se levantar mais não conseguiu.

- Edward você não pode ficar aqui. Vem que eu te ajudo a levantar.

- Eu vou para o meu carro. – disse se apoiando no meio fio e levantou cambaleando.

- Ah, mas não vai mesmo. Eu não vou deixar você dirigir nesse estado.- o segurei pelo braço.

- Bella por que você fez isso comigo? – começou a andar trançando as pernas.

- Quer parar quieto. Me fala aonde você está que vou levá-lo. - pedi, mas ele não deu bola.

- Não, eu vou sozinho. – se apoiou na parede para não cair. Bêbado é uma desgraça mesmo.

- Edward presta atenção. – o chacoalhei pelos braços – Você vai embora comigo está me ouvindo? Não adianta reclamar.

- Ok amor você venceu, me leva para onde você quiser. – disse rindo e me entregou uma chave que tinha um chaveiro de um hotel.

- Vem vamos entrar no carro. – o puxei pela mão com dificuldade.

- Bella você vai me levar para onde heim, sua danadinha? – tentou fazer cara de safado, mas não conseguiu. Me deu vontade de rir, mas me segurei.

- Edward cala a boca. – o coloquei no banco do passageiro e fechei a porta.


Entrei no carro rapidamente e fui até o hotel que indicava na chave, ficava apenas duas quadras dali. O tirei do carro a muito custo e o arrastei até o seu quarto. Fechei a porta  com certa dificuldade e o sentei no sofá. Olhá-lo naquele estado me deixou com muita raiva.


- Bella por que você fez isso comigo? – indagou tentando levantar do sofá.

- Do que você está falando Edward? Eu é que tenho que perguntar por que está fazendo isso com você? – ele começou a rir.

- Por que eu sou um bastardo, você sabia?

- Do que você está falando Edward?

- Eu vi você com ele, não adianta mentir. – então era ele que eu senti me observando. - Ele beija tão bem quanto eu Bella? Ele mexe com você como eu faço? Você já foi pra cama com ele?

 

O que? Ele realmente está me perguntando isso? Como ele pode pensar isso de mim?

- Edward você está me ofendendo, mas eu vou levar em consideração o seu estado. Sabe do que você precisa? - bufei cruzando os braços.

- Do que minha Bella?

- Eu vou te mostrar. - peguei e o puxei pelo braço, o levando até o banheiro.

- Humm... Vamos tomar banho juntos? – levantou a sobrancelha e sorriu descarado novamente.

- Ah claro, vamos sim. – falei irônica.

O empurrei para dentro do Box de roupa e tudo, mudei a temperatura do chuveiro e o liguei. Ele estremeceu com o susto.

- Porra Bella que água fria. - esbravejou me encarando.

- É, pois é só assim pra curar esse seu porre. - mostrei a lingua pra ele.

Ele suspirou pesadamente, sentou no Box e ficou ali, parado de cabeça baixa. Seu semblante triste era de cortar o coração e eu me arrependi de ter feito aquilo. Deus por que tem que fazer isso comigo? Eu estava tão bem longe dele. Meu coração falou mais alto como sempre. Abri o Box, mudei a temperatura do chuveiro e o liguei novamente. Tirei minha roupa e fiquei só de calcinha e sutiã para não me molhar.

- Vem Ed levanta daí. – ele levantou ainda meio tonto.

Eu tirei seu tênis, sua camiseta e sua calça. Joguei suas roupas para fora do Box e o ajudei a tomar um banho. Peguei uma toalha, desliguei o chuveiro e o ajudei a se secar. Ele já estava andando um pouco melhor, então aproveitei para vestir minha roupa novamente.

- Vem senta aqui e espera eu pegar sua roupa. – o sentei na patente do banheiro e sai.

Peguei no armário uma muda de roupa seca e uma cueca. O cheiro do perfume dele me invadiu completamente.


- Você consegui se vestir sozinho? – ele assentiu ainda de cabeça baixa.

- Eu vou te esperar no quarto ok? – ele pegou as roupas e eu sai.


Pela primeira vez prestei atenção no quarto. Tinha muita bagunça por ali, então enquanto o esperava recolhi algumas roupas do chão, alguns papéis jogados e o seu celular que estava caído do lado da cama. Apertei sem querer as teclas e vi a imagem de fundo do seu celular. Era a foto que tínhamos tirado no aniversário da Alice, onde só nós dois aparecíamos. Meu estômago revirou mais uma vez. Me assustei escutando a porta do banheiro e o coloquei em cima da mesa.


- Está melhor? – o fitei e ele estava lindo como nunca, com os cabelos molhados e levemente bagunçados. Sua barba estava um pouco crescida, mas isso só o deixou ainda mais atraente.

- Estou com um pouco de dor de cabeça. Só preciso me deitar. – foi até a cama e sentou.

- Eu vou pegar as roupas no banheiro. – passei perto dele e o senti me puxar pelo braço.

- Bella espera. – pediu encostando sua cabeça em minha barriga e me abraçou – Me desculpe por isso, e pelas coisas que lhe falei. Não queria te ofender. – eu fiquei sem reação. Só senti meu corpo tremer ao seu toque. Eu pensei que nunca mais sentiria isso novamente. Meu coração estúpido de novo reagiu, e eu o abracei de volta.

- Eu entendo Edward. Não tem problema. – acariciei seus cabelos – Você precisa descansar agora.

- Bella, por favor, fica comigo? – meu coração se apertou.

- Edward eu não posso. Já está tarde, preciso ir para casa.

- Eu preciso tanto de você, por favor? – me abraçou mais forte. Deus e agora?

- Vamos fazer assim – me afastei de seu abraço – Você deita e descansa enquanto e vou pegar as roupas molhadas. Prometo que não saio daqui ok? – ele assentiu me olhando com seus lindos olhos verdes pidões.

- Jura? – eu dei um leve sorriso por vê-lo assim tão... Carente.

- Juro. – não tem como recusar um pedido seu, completei mentalmente.

Assim que ele deitou eu fui até o banheiro e me olhei no espelho. Estava ofegante. Não esperava tudo isso. Isabella não faça isso, você está indo tão bem. Tentava dizer para mim mesma. Mas ele disse que precisava de mim. Será que ele bebeu só por que me viu com o Bruno? Por que ele tem aquela foto de nós dois no celular? Tanta coisa passou pela minha cabeça, que eu fiquei completamente perdida. Peguei as roupas molhadas dele, as torci na pia do banheiro e estendi provisoriamente no Box. Voltei até o quarto para enfrentar minha perdição. Ele estava dormindo com o semblante calmo, parecia um anjo, meu anjo.

- Bella eu amo você. – se ele não estivesse de olhos fechados podia jurar que estava acordado.

Eu comecei a hiperventilar depois de ouvir isso e sentei no sofá. Ele me ama, me ama. Era só o que conseguia pensar.

- Não desiste de mim. – o olhei novamente e ainda estava dormindo. Eu não consegui segurar o nó que se fez na minha garganta.

Fui até o seu lado e ajoelhei no chão, observando seu rosto. Tudo o que eu sentia ainda estava aqui dentro, com a mesma intensidade de antes. Eu nunca poderia esquecê-lo, só estava me enganando, enganando meu coração. Passei os dedos por toda extensão do seu rosto admirando suas linhas perfeitas.

- Eu não vou desistir de você amor, nunca.

Levantei e peguei meu celular na bolsa. Por mais que minha mente me alertava eu sentia que precisava fazer aquilo. Liguei para o meu pai e expliquei a ele o que tinha acontecido, avisando que ficaria fazendo companhia a Edward. Relutante meu pai acabou concordando e eu suspirei aliviada. Por estar muito agitada resolvi sair e tomar um pouco de ar. Pelo caminho avistei uma lanchonete e comprei dois chocolates quentes, pois fazia muito frio. Entrei no quarto e com o barulho da chave Edward acordou.


- Onde você estava? – indagou sentando na cama ainda sonolento.

- Fui comprar chocolate quente, achei que lhe faria bem. – coloquei minha bolsa na mesa e sentei na cama lhe entregando o copo.

- Obrigado. - ele sorriu sem jeito - Você ligou para o seu pai? - perguntou enquanto tomava o chocolate.

- Liguei sim. – tomei um gole do meu, levantei e coloquei o copo na mesa.

- Posso pegar um travesseiro? – indaguei apontando para o que estava ao seu lado na cama.

- Por que? – franziu a testa.

- É desconfortável dormir no sofá sem nada.

- Dormi aqui comigo. – disse com a maior naturalidade do mundo.

- Você ainda está sob o efeito do álcool, só pode. – ri da cara que ele fez.

- Eu não vou fazer nada, prometo. Por favor? – pediu me olhando de novo com aqueles olhos suplicantes. Suspirei.

- Tá bem Edward. – me dei por vencida e ele deu um belo sorriso. - Você tem pasta de dente? A minha acabou. – perguntei pegando minha escova extra que sempre deixava na bolsa.

- No banheiro. - apontou terminando de tomar o chocolate.

- Ah claro. – sorri sem graça. Bella Burra.

Escovei os dentes e penteei os cabelos. Voltei para o quarto e guardei minha escova na bolsa. Edward entrou logo em seguida e também escovou os dentes.

- Você quer uma roupa mais confortável? – indagou me olhando de cima a baixo.

- Não precisa, eu durmo assim mesmo.

- É ruim dormir assim. - fez uma careta -  Toma pega essa minha camiseta e essa calça, não vai ser a primeira vez que você usa uma roupa minha né?

- Tá bem. – respondi vencida novamente e fui para o banheiro me trocar. - Pronto satisfeito? – perguntei fazendo bico sentindo o cheiro inebriante de sua roupa em meu corpo.

- Agora sim. - ele deu uma leve risada e bagunçou os cabelos.

- É bom que se comporte viu mocinho. – lhe apontei o dedo indicador e deitei, puxando meu travesseiro o mais afastado possível. Edward deitou logo depois e nos cobriu.

Ficamos um de frente para o outro nos olhando. Só escutávamos a respiração um do outro.

- Bella, obrigada por você existir em minha vida. – disse pegando uma mecha do meu cabelo que estava no rosto e colocou atrás da orelha. Eu apenas sorri.

Ele estava tão cansado que adormeceu rapidamente. Eu poderia ficar horas e horas o olhando dormir, passava uma paz enorme o seu sono profundo. Peguei sua mão que estava livre e comecei a brincar com seus dedos, pensando o que aconteceria amanhã. Será que ele voltaria a me evitar? Se isso acontecesse como eu reagiria diante de disso? Estava com muitas dúvidas, mas de uma coisa eu tinha plena certeza, eu nunca mais desistiria dele e do nosso amor. Peguei meu celular, programei para despertar cedo e coloquei embaixo do meu travesseiro. Olhando para o anjo à minha frente, adormeci.


(...)


Escutei meu celular despertar ao longe, abri os olhos e ainda não estava claro lá fora. Senti um peso em meu corpo e olhei para trás. Edward estava abraçado a minha cintura e eu podia sentir sua respiração quente na minha nuca. Caramba! Como é que eu vim parar aqui? Claro Isabella, você se mexe tanto a noite, só podia dar nisso mesmo.

Peguei seu braço e tirei com toda delicadeza da minha cintura, me afastando com calma. Edward ainda dormia pesado então peguei minha escova de dentes, fui até o banheiro, troquei minha roupa, escovei meus dentes e prendi meu cabelo. O que eu mais desejava era um banho bem quente. Voltei para o quarto, dobrei a roupa que ele me emprestou e deixei em cima do sofá. Calcei meus sapatos e o olhei mais uma vez. Meu desejo era ficar ali até que ele acordasse, mas eu fui fraca e o deixei. Não podia deixar nas mãos dele novamente a decisão do que fazer, resolvi facilitar as coisas e não criar falsa esperança novamente.

Entrei no meu carro e fui para casa. Todos ainda dormiam, então fui tomar um banho bem relaxante. Voltei para o meu quarto e olhei o relógio, ainda marcava sete horas da manhã. Sentei na cama e fiquei pensando no que fazer. Levantei, andei até janela, voltei e olhei para aquela maldita gaveta que me atormentou todos os dias durante esses dois meses.

Respirei fundo e fui até ela. A abri e tirei o cartão de dentro. Liguei meu computador e digitei “São Francisco, Califórnia”. Cliquei no mapa e digitei a distância de Forks até São Francisco. Fiquei espantada com a distância, pelo menos sete horas de viagem. E agora como eu faria para ir até lá? Precisava dá ajuda de alguém e já sabia para quem pedir. Desliguei meu computador e deitei na cama, iria dormir um pouco mais até poder colocar meu plano em prática.


(...)


- Não, pode esquecer.

- Jake, por favor, eu preciso da sua ajuda. – implorei pela centésima vez.

- Bella você enlouqueceu? Eu não vou emprestar meu carro pra você ir até São Francisco sozinha.

- Qual o problema? Eu dirijo bem, você sabe disso.

- Não Bells.

- Pelo Amor de Deus Jake, eu preciso fazer isso. – olhei para ele com a melhor cara de gato pidão do Shrek.

- Droga Bella você é foda. – eu comecei a pular e o abracei.

- Não pense que venceu, não vou deixar você ir sozinha e ainda mais com o meu carro. – eu revirei os olhos.

- Tá tudo bem, então você vem comigo?

- Só se você convencer seu pai deixar Renesme ir junto.

- O QUE? – gritei sem acreditar.

- É isso mesmo. Se você esqueceu esse sábado é nosso aniversário de dois meses de namoro, então fazer essa viagem vai ser legal para a gente comemorar, agora é com você.

- E como você espera que eu convença meu pai Jake?

- Da mesma forma que acabou me convencendo. – deu um sorriso cínico.

- Argh!!! Seu chato. – me virei indo embora batendo o pé.

- Me liga avisando se deu certo. – eu nem respondi. Entrei no carro bufando de raiva.

E agora como é que eu vou convencer meu pai? Ele não poderia saber de jeito nenhum o que eu estava indo fazer, então tenho que inventar uma desculpa. Pensa Bella, Pensa... Nada veio a minha cabeça até chegar em casa. Meu pai estava mexendo no seu material de pesca, com receio resolvi preparar o almoço antes. Caprichei na comida, almoçamos tranqüilamente e ainda nenhuma idéia me surgiu.

O prato que eu estava lavando ia ficar transparente, de tanto que eu o esfregava por causa do pensamento longe. Renesme me ajudou a secar a louça e subiu para o quarto, tinha que ser agora. Fui até o sofá, sentei olhando para a TV, respirei fundo, e nada. Levantei, andei pela sala, olhei para a janela e... nada.

- Bella, por que está tão nervosa? – meu pai me assustou, olhando por cima da poltrona em que estava sentado.

- Eu não estou nervosa pai. Por que acha isso? – fui até o sofá e sentei tentando disfarçar.

- Você não para quieta desde que chegou. – meu pai é tão observador...

- Na verdade queria conversar com você, é... sobre uma viagem. – olhei para TV e esperei.

- Viagem? Para onde?

- É... para o colégio sabe, um passeio. – o olhei e sorri.

- Sei, sei. E para onde que é esse passeio. – Por que ele frisou a palavra passeio?

- Para São... – fingi uma tosse para disfarçar - Francisco.

- Isabella porque está mentindo para mim? – colocou a TV no mudo e me olhou com a cara brava. Por que eu não consigo nem mentir descentemente?

- Droga pai, eu não consigo te esconder nada não é mesmo? – ele sorriu, mas ainda manteve a postura brava.

- E então? Por que quer ir para São Francisco? – perguntou cruzando os braços.

- Pai antes de gritar me escuta ok? – ele assentiu – Eu conheci a mãe do Edward a dois meses atrás, no domingo depois da Festa da Alice e...

- De novo ele Bella? – agora ele fez uma cara mais carrancuda ainda – Só eu sei o que você passou esses dois meses filha, eu nunca vi você andar deprimida por aí, e tudo por culpa dele.

- Pai me deixe continuar, é por um bom motivo.

- Eu espero mesmo que seja bom. – contei o que eu estava planejando fazer e sobre a noite passada com o Edward.

- Entende pai, ele precisa de mim. Me partiu o coração em ver como ele estava ontem. Eu estou sendo sincera em dizer que não espero nada em troca disso, eu sei o que senti tentando me afastar dele. Eu só quero a felicidade dele, isso já me basta.

- Filha você é tão jovem, tem tanto rapaz bom por aí.

- É ele que eu amo pai, eu juro que tentei esquecê-lo, mas não adiantou.

- O Jake vai com você então? – me fitou mais calmo.

- Sim, só que ele pediu para a Renesme ir junto pai, é o aniversário de namoro deles e não querem ficar separados.

- Esses dois não se desgrudam mais agora é? Tudo bem Bella, eu espero que tudo o que você está fazendo valha realmente a pena, por que se não eu mesmo vou me certificar em afastar esse rapaz de você, tá me ouvindo?

- Obrigado pai. – sentei ao seu lado e o abracei.

- Eu quero o celular de vocês ligados e de meia em meia hora me liguem para eu saber onde estão.

- Pode deixar, eu te amo. – o beijei no rosto.

- Também te amo filha. – beijou minha testa.


Levantei do sofá e fui correndo ligar para o Jake. Nem preciso dizer que ele ficou contente, e minha irmã então, pulava de alegria. A minha ansiedade agora era esperar a semana passar rápido para chegar o próximo sábado.

A segunda- feira no colégio foi normal, Edward e eu continuamos nos ignorando como se nada tivesse acontecido. Agradeci por ter tomado a atitude certa e ter ido embora antes que ele acordasse. No trabalho foi a mesma coisa, até o momento que fui pega desprevenida enquanto arrumava a parte debaixo do balcão.

- Você foi embora cedo sábado. – Edward comentou meio sem jeito. Fiquei me perguntando se levantava ou não para olhá-lo.

- É... Eu tinha um compromisso. – levantei e o olhei sem graça.

- Ah, sim claro. – passou a mão nos cabelos - Eu só queria agradecer mais uma vez. – deu aquele sorriu torto que arrasa corações, inclusive o meu. Isso devia ser proibido.

- Por nada. – sorri e voltei a me abaixar.

- Então tá. Tchau.

- Tchau. – ergui a mão e dei tchauzinho. Escutei ele sair e levantei.

- Ai Bella como você é idiota, não tinha nada melhor para responder? – abaixei minha cabeça no balcão em cima dos braços, e escondi meu rosto.

- É... er... Eu estava pensando, você não gostaria de fazer algo nesse sábado? – levantei a cabeça rapidamente e vi que ele tinha voltado. Ele me olhava com uma cara estranha, meio apreensiva e confusa. Caramba! Ele está me chamando para sair? Putz por que eu tinha que viajar justo esse sábado?

- Não vai dar, já tenho compromisso.

- Certo. - balbuciou algo que eu não entendi e passou a mão nos cabelos de novo - Eu entendo. Preciso ir. – apontou para a porta e saiu.

Por que ele estava nervoso? Normalmente quando passa as mãos nos cabelos assim é sinal de nervosismo. E por que raios ele me chamou para sair? Resolvi deixar pra lá e deitei novamente no balcão, me lamentando por não poder aceitar.


(...)

Finalmente sábado chegou. Saímos bem cedo de casa para dar tempo de chegarmos antes do almoço. A viagem foi bem tranqüila, não tinha muito movimento na estrada. Chegamos a São Francisco por volta das onze horas, e o sol brilhava no céu fazendo muito calor. A cidade é muito bonita, cheia de prédios e ruas íngremes. Havia pego um mapa na internet com o caminho da rua que estava no cartão, entreguei para Jake e logo o encontramos. Paramos em frente à um prédio de arquitetura antiga muito bonito e suntuoso.

Peguei minha bolsa e combinei com Jake e Renesme de nos encontrarmos na frente do prédio quando eu ligasse. Respirei fundo e entrei no prédio, abordando uma moça que estava sentada numa mesa logo na entrada.


- Bom dia. Eu gostaria de conversar com Esme Cullen.

- Qual o seu nome, por favor?

- Bella.

- Só um momento por gentileza. – eu aguardei e fiquei olhando a decoração da sala.

- Bella, a Sra. Esme já virá atendê-la. Pode sentar, fique a vontade.

- Tudo bem, obrigada. – sentei e senti meu estômago revirar de ansiedade.

Alguns minutos se passaram e eu a vi saindo de uma sala.

- Bella? Então é você mesmo? – me fitou sorrindo e veio em minha direção.

- Olá Esme.