Capítulo 2
Capítulo 2
O apartamento de Edward não ficava muito longe da agência. Era pequeno, com um quarto, sala e cozinha conjugados e um banheiro, porem ideal para apenas uma pessoa. Edward não tinha tempo nem para si, quanto mais para cuidar de afazeres domésticos. Quando sentia que o lugar estava impossível de se viver, ele se forçava a limpar sua bagunça.
Sentindo o cansaço o abater, se jogou com tudo no sofá, largando sua carteira e chaves do carro na mesa de centro da sala, e repousou a garrafa de uísque e um copo ao lado. Desinteressado pelo que passava na televisão, Edward abriu a garrafa e encheu o copo, tomando um longo gole, sentido sua garganta queimar em seguida.
Seus movimentos pareciam automáticos, pois seu corpo já estava acostumado com essa rotina. No entanto hoje sua mente não parava de trabalhar. Edward se sentia impotente, omisso e sem rumo. Depois que perdera as duas pessoas mais importantes de sua vida, ele vivia por um único objetivo: Vingar suas mortes.
Após o assassinato de sua mãe e cinco meses depois o de Karen, Edward perdeu completamente o sentido da vida. Ele não se conformava pelo o que acontecera e sentia a culpa pelo o ocorrido corroer dentro de si. Seu pai na época o forçou a procurar aconselhamento médico e ele acabou acatando, sob a ameaça de perder sua licença e consequentemente não ter mais meios de seguir com seus planos. Em sua cabeça, aconselhamento nenhum no mundo poderia fazer com que esquecesse sua sede de vingança.
Externamente aos olhos de amigos e do pai, ele estava se refazendo, porem dentro de si Edward criou uma barreira contra qualquer um que pudesse enfraquecer seus objetivos. Distanciou-se de seu pai, dos familiares de Karen e de seus amigos. O único que ainda permanece ao seu lado é Jasper, por ser tão persistente e cabeça dura. Edward gostava dele e confiou no amigo para expor seus planos.
A princípio quando tomou conhecimento sobre o caso Volturi, Edward ficou intrigado por ver relatórios de ações da agência em ocorrências de contrabando, assassinatos, trafico de drogas e diversos outros atos ilícitos e provas incriminadoras contra os Volturi, sem nunca ninguém ter sido condenado de forma severa ou concreta. Era claro para ele que alguém estava acobertando as ações dos Volturi na cidade. Ele não era estúpido a ponto de pensar que todos que trabalhavam ali na agência eram homens de bem e honestos. Sabia que muitas vezes o dinheiro falava mais alto.
Tomado pela curiosidade e pesquisando o caso com mais afinco, Edward descobriu que muitas testemunhas foram mortas durante esses anos e algumas delas ainda permaneciam secretas pelo programa de proteção. Isso era comum em casos como esse, ainda mais lidando com a Máfia.
O sentimento de justiça tomou conta de si e Edward queria a todo custo fazer parte dos agentes que cuidavam do caso, até que certa vez, consultando arquivos do sistema de proteção a testemunha, de forma ilícita e com a ajuda de Jasper que é um crânio na computação, ele descobriu que Renne fazia parte do programa. Ele não entendia que tipo de envolvimento ela poderia ter, e mesmo correndo o risco de expulsão por tudo que estava fazendo, foi em busca de respostas.
Quando Edward procurou sua mãe, por incrível que pareça, Renne não ficou tão surpresa. É claro que o que ela mais temia era que seu filho se envolvesse de alguma forma com isso, mas conhecendo Edward desde que o viu pela primeira vez com seis anos de idade, ela sabia que ele não deixaria seus instintos morrerem. Desde pequeno Edward sempre se mostrou uma pessoa muito correta e de boa índole. Sempre mostrou fascínio pela profissão do pai e seu futuro não podia ser diferente.
Renne sabia que mesmo se recusando a contar tudo, Edward iria descobrir de alguma forma ou outra, então preferiu ela mesma abrir seu passado ao filho. Ela começou contando a Edward que foi introduzida no programa ainda jovem, quanto tinha vinte anos. Ela era testemunha chave do assassinato de Gregório Volturi. Na época Renne era noiva de Aro Volturi e há poucos dias antes do casamento, presenciou o assassinato de Gregório, tio de Aro, pelas mãos do mesmo.
A família Volturi já era muito conhecida naquela época. Faziam parte da máfia italiana vinda da Sicília nos anos vinte e controlavam os principais esquemas de contrabando e atividades ilícitas da cidade de Nova Iorque.
Renne lhe contou sobre sua infância e sobre sua família, os Swan. Eles tinham grande prestigio na política e os Volturi, vendo uma grande chance de ampliar os negócios, resolveram criar laços fora da máfia.
Aro e Demetri, filhos dos dois grandes sucessores de Dom Pietro, cresceram junto a Renne. Depois de crescidos Renne e Aro viram-se apaixonados e as famílias resolveram concretizar o envolvimento que tinham através do casamento dos dois.
Sua mãe confessou que realmente amara Aro. Ele, Renne e Demetri tinham uma amizade sincera e muito forte desde pequenos e ela não fazia ideia do que acontecia do lado de fora da mansão dos Swan.
Os pais de Aro e Demetri tinham uma rixa muito grande desde que Dom Pietro morreu e deixara os dois comandando os negócios da família. Bartolo, pai de Aro, queria o poder sobre os negócios só para si e sabendo que não lhe restava muito tempo de vida, exigiu que seu sucessor tirasse a vida de Gregório, pai de Demetri e seu próprio irmão.
Renne lhe contou também que de certa forma conseguia pressentir que algo estava errado com Aro. Ele estava agindo de forma mais agressiva e relapsa com o relacionamento dos dois. Demetri nesse momento de fragilidade no relacionamento dos dois, confessara seu amor por Renne e ela encontrou consolo nos braços do amigo, mesmo que seu coração ainda pertencesse a Aro.
Na noite que viu o assassinato, Renne foi até mansão dos Volturi conversar com Aro, afinal fazia semanas que eles não se viam e os preparativos do casamento corriam a todo vapor. Quando ela presenciou Aro matar seu próprio tio, Renne fugiu sem ser notada, completamente chocada e com o coração em pedaços. Ela sabia que mesmo pedindo a seu pai, o casamento não seria cancelado, então pediu ajuda a seu irmão Alec para fugir dali e nunca mais voltar. Ela não podia continuar com tudo e ser cumplice de uma barbaria igual aquela, muito menos encarar Demetri nos olhos sabendo de toda verdade.
Alec, tendo conhecimento sobre a família Volturi e, por temer pela vida da irmã, usou seus contatos e forjou o sequestro de Renne, tirando-a dos Estados Unidos e a refugiando na Europa. Renne ficou isolada do mundo, sozinha e sempre com medo de ser encontrada. Alec precisou voltar para casa, para não levantar suspeitas, e acabou deixando a irmã para trás. Depois de quase dois anos se escondendo, Renne decidiu que não podia continuar a viver dessa maneira e resolveu pedir ajudar ao consulado americano e revelar tudo o que sabia.
Foi nessa época que ela conheceu Carlisle. Ele era o líder do programa de testemunhas e sabia que Renne, em se tratando dos Volturi, corria sérios riscos. Eles mudaram completamente sua identidade. Deram-lhe um novo nome, uma nova aparência e uma nova vida. No começo Renne sentia repulsa por ter que esquecer quem era. Seu verdadeiro nome e tudo o que havia deixado para trás. Carlisle foi quem esteve ao seu lado durante toda essa transição e não foi difícil deixar com que seu coração amasse novamente.
Carlisle era viúvo. Tinha perdido a esposa para o câncer há quase um ano e tinha Edward que acabara de completar seis anos. Os dois se apaixonaram e Edward preencheu o vazio que Renne sentia.
Depois de saber toda a verdade, Edward queria ainda mais justiça e começou a investigar o caso por conta própria. Ele sabia que estava mexendo em um ninho de vespas, mas se fosse cuidadoso o suficiente ninguém saberia sobre suas investigações. Esse foi seu maior erro. Achar que os Volturi nunca sabem de nada.