Capítulo 4 - Eu Vou Ser Titia!
BELLA POV
Depois da discussão e do mal estar de Renesme, voltei para meu quarto para colocar a cabeça em ordem. Minha irmã e Jake estavam agora sozinhos, e eu esperava de coração que eles conversassem de modo civilizado e esclarecessem tudo o que aconteceu. Se até eu fiquei atordoada com o excesso de informações e acontecimentos, imagino o que se passa pela cabeça deles.
Edward voltou ao quarto comigo, sentou-se ao pé da cama, e me olhou com o rosto preocupado, talvez pelo fato de eu estar andando de um lado ao outro, nervosa com a recém revelação da minha irmã.
- Vida, não é por nada, mas se você continuar andando de um lado para o outro desse jeito, nós ficaremos com um enorme buraco no tapete. – Edward disse de modo brincalhão, tentando descontrair, e eu o olhei sem achar graça alguma.
Eu virei meu olhar para o chão, notando que o tapete ainda estava intacto, e voltei a caminhar ao redor do quarto. Edward se levantou da cama e apareceu subitamente na minha frente, me fazendo trombar em seu peito. Ele tinha um sorriso fraco no rosto, e ao ver que tinha conseguido me fazer parar de andar, entrelaçou seus braços em minha cintura.
- O que foi, amor? Por que está tão nervosa? – Ele ainda pergunta?
- Minha irmã está grávida, Ed! Minha irmãzinha vai ter um bebe. – eu falei obviamente, e só depois de ver seus olhos arregalados, me dei conta de que ele ainda não sabia desse pequeno detalhe.
- Wow! – ele exclamou – Eu pensei que estivesse nervosa por causa da discussão entre eles, então é maior do que eu pensava. – eu fiz uma careta por esse fato, soltei-me de seus braços e voltei a circular pelo quarto. Edward começou a me seguir, mas dessa vez não me parou - E qual o problema nisso? Essas coisas acontecem. – ele disse pacientemente.
Como ele pode estar tão tranquilo desse jeito? Ele não entende a gravidade da situação?
- Ela só tem dezessete anos! - eu falei jogando meus braços pelo ar de modo frustrado - Está entrando na Universidade, tem uma vida inteira pela frente. E o pior... Quando meu pai souber, ele vai matar o Jacob! – eu parei de andar, olhando para ele - Eu mesma quero matá-lo agora. – falei quase me descabelando.
Como eles podem ter sido tão irresponsáveis?
- Calma, Bella. - Edward pediu me abraçando - Isso não vai acontecer. – ele disse acariciando meu rosto e tentando me acalmar.
- Como você pode ter tanta certeza disso? – perguntei olhando para ele.
- É só nós escondermos a arma do seu pai antes deles contarem. – disse rindo da piada infame. Eu cerrei meus olhos para ele, me soltei de seus braços, e voltei a caminhar.
- Como eles vão criar essa criança? – eu continuei com os pensamentos a mil - Eles são tão jovens. Por que eles não se cuidaram direito? Eu orientei tanto minha irmã. – falei me sentindo culpada.
- Bella... – Edward me chamou, e eu reparei que ele tinha voltado a sentar na cama. Com uma batida, ele pediu que eu sentasse ao seu lado. Eu o fiz, buscando em seus braços o conforto que precisava nesse momento – Por que está se culpando por isso? – ele quis saber encarando meus olhos. Só ele para saber como me sinto...
- Por que eu deveria ter cuidado dela, Ed. Ela é só uma criança! – eu falei sentindo as lágrimas pinicando meus olhos.
- Vocês só têm dois anos de diferença, Bella. Renesme não é mais uma criança. – ele ergueu meu queixo, me encarando com seriedade - Pense por outro lado. Isso poderia ter acontecido com você. – ele tinha razão. Se não fosse pela minha amizade com Rosálie, e o fato de sua mãe gostar de mim como uma filha, eu não teria alguém para me orientar sobre as coisas. Papai sempre foi tão privado sobre esses assuntos – Você não pode se culpar por algo assim. Você a orientou, o que mais podia fazer? – eu assenti fracamente, deixando que suas palavras me confortassem e me dessem discernimento.
- Parece que eu falhei com ela. Me sinto culpada por ter deixado ela sozinha lá. Papai me pediu que eu cuidasse dessa fase, porque não se sentia confortável em falar disso com ela. – argumentei sentindo o desapontamento me tomar.
- E você fez isso, Vida. Eu lembro que você comentou comigo sobre isso. Se eles não se cuidaram, o que você pode fazer? Cada ato tem uma consequência, Bella. Eles são bem grandinhos para saber algo assim.
Realmente era verdade. O que mais eu esperava fazer? Estar com eles vinte e quatro horas do dia e na hora H lembrar a eles que precisam se cuidar? Ou então lembrar minha irmã, todos os dias, que ela precisa tomar o remédio? Eu estava sendo tola, não podia me culpar por algo assim.
- Você tem razão, amor. – eu falei o abraçando. Não sei o que seria de mim sem ele. – Obrigado por não me deixar estragar o tapete. – falei querendo que o ar pesado se dissipasse. Edward riu e beijou meus cabelos, buscando meus lábios com um beijo carinhoso.
- Sempre as ordens, linda. – ele disse me puxando para sentar em seu colo. Eu entrelacei minhas pernas em sua cintura e encostei minha testa na dele.
- Ed... Eu vou ser Titia. – sussurrei agora sentindo a ficha cair. Ele sorriu para mim, beijando a ponta do meu nariz.
Nesse mesmo dia, recebemos uma ligação do papai, furioso pela peraltice que Renesme tinha feito. Depois de uma longa conversa com ela, e mais lágrimas, eu disse que iria para Forks com eles, para ajudá-los a enfrentar o papai, mas minha irmã me explicou, de forma decidida, que queria fazer isso sozinha. Eu de certa forma fiquei orgulhosa dela, e consegui enxergar o que Edward me disse. Ela não era mais uma criança.
Jake, me parecendo quase que em estado catatônico, viajou junto com eles, e não gostou nem um pouco do fato de Renesme voltar com David.
Eu não sei o que eles conversaram nesse tempo em que ficaram sozinhos, mas eles me pareciam mais calmos. Eu ainda não sei o que pensar sobre o que Jacob fez, mas posso afirmar que me senti decepcionada com meu amigo. Eu nunca esperava que ele pudesse fazer algo assim.
Edward me contou sobre a conversa deles hoje pela manhã, em que Jake se sentiu estranho e acha que Leah pode ter armado essa situação toda. Penso que possa até ser possível algo assim ter acontecido, afinal essa garota não é flor que se cheire, mas nada muda o fato dele ter ignorado minha irmã, e feito suposições sobre suas escolhas. No entanto, mesmo reprovando sua atitude, nunca irei dar as costas ao meu querido amigo, ainda mais agora que ele precisara de mim. A vida é deles, e o que eu puder fazer para ajudar, eu irei fazer.
Pedi a minha irmã que me ligasse depois da conversa com papai, para eu saber se não precisaríamos encomendar um enterro para Jake, e após algumas horas depois do horário que eu deduzi que eles tivessem chegado a Forks, ela me ligou dizendo que tudo tinha corrido bem. Sua voz estava triste e eu sabia que ela tinha chorado. Eu queria estar lá por eles e também por papai, e me dói pensar em como ele está se sentindo sabendo dessa novidade.
Nessa noite, já deitados na cama, Edward me disse algo em que pensar. Algo que eu preciso aprender a controlar dentro de mim.
- Nem sempre você vai poder ajudar todo mundo, Bella. As pessoas precisam tropeçar para aprender as coisas. Eu sei que isso é algo que faz parte de você e eu te amo muito por isso, mas você precisa se desprender disso, e não se sentir culpada por fazê-lo.
Ele mais uma vez tinha toda razão. Eu carregava dentro de mim a responsabilidade por Renesme, como se ela fosse minha filha. Eu sei que agarrei isso com unhas e dentes depois que mamãe morreu, mas tem certas coisas que só um pai pode fazer por nós, e eu tenho certeza que papai nunca deixara de amparar minha irmã. Agora, o que eu posso fazer por ela, é agir como sua irmã mais velha.
Jacob voltou de Forks na terça-feira. Seu rosto parecia abatido e ele demonstrava cansaço em seus passos lentos. Eu estava na cozinha quando ele chegou, preparando alguns petiscos. Edward estava com seus pais e Gabi na sala, conversando e esperando a hora do almoço para darmos um passeio.
- Oi. – Jake me cumprimentou num fio de voz, sentando-se a minha frente. Seus olhos estavam caídos, com olheiras e eu me senti mal por meu amigo.
- Oi, Jake. – retribui no mesmo tom, sentida por vê-lo naquele estado. Sai do outro lado do balcão e fui até ele, abrindo meus braços para abraçá-lo. Eu sentia que ele precisava de mim naquele momento. Ele abriu os braços também e me apertou forte contra seu peito. Nós ficamos alguns minutos assim, até que eu senti seu corpo chacoalhar, e percebi que ele começou a chorar em meus braços.
Edward entrou na cozinha neste instante, e deu um olhar compadecido ao amigo. Sem que eu pedisse, ele avisou seus pais que sairiam um pouco antes para passear, e logo depois eu iria encontrá-los. Eu o agradeci com um sorriso apaixonado, antes de eles saírem porta afora, e guiei Jake para o seu quarto, para podermos conversar com mais privacidade.
Os soluços de Jake estavam partindo meu coração e eu não consegui conter minhas lágrimas, chorando junto com meu amigo. Eu o deitei na cama, tirei seus tênis e ele, como se fosse uma criança assustada, deitou em meu colo. Eu comecei a acariciar seus cabelos, tentando confortar meu amigo, que cresceu sendo meu irmão. Ele ficou chorando por um tempo e eu o deixei desabafar sem pronunciar uma palavra. Quando ele estivesse pronto, iria me contar o que aconteceu, mesmo que eu já tivesse uma leve idéia do que era.
- Ela terminou tudo, Bella. – ele quebrou o silêncio com a voz ainda embargada. – Renesme não me quer mais. – disse voltando a soluçar alto. Eu suspirei, pensando em como confortá-lo.
- Jake, você tem que entender que ela está muito nervosa com o que aconteceu. De um tempo a ela. – falei ainda fazendo carinho em seus cabelos.
- Ela disse que a única coisa que nos uni agora é o bebe, que ela não quer mais nada de mim. – ele levantou-se do meu colo e me encarou com os olhos inchados - Eu juro que não fiz nada, Bella. Eu sei que errei supondo tudo aquilo, mas por Deus eu amo ela demais. – disse com o rosto cheio de lágrimas – Eu não vou conseguir viver sem ela.
Me partiu o coração ouvi-lo falar assim, porque eu sabia como ele se sentia. Eu passei por isso com Edward. É difícil demais você não ter a pessoa que ama ao seu lado. Eu enxuguei minhas lágrimas e respirei fundo, querendo dar apoio a ele, assim como ele me deu quando passei por esse momento difícil.
- É claro que você vai, Jake. Tudo ainda é recente, mas você vai ver que, com o passar dos dias, as coisas começam a ficar mais calmas e tudo começa a entrar nos eixos novamente. – eu segurei suas mãos, e enxuguei suas lágrimas - De tempo ao tempo. Vocês ainda estão de cabeça quente. E outra. Agora você tem que pensar no bebe que estão esperando. – ele suspirou, controlando o choro e um sorriso bobo surgiu em seus lábios.
- Eu vou ser pai, Bella. – ele disse com os olhos marejados, mais agora era de alegria. Eu fiquei ainda mais emocionada ao vê-lo tão contente com esse fato.
- Sim, você vai. – falei bobamente.
- Eu fiz tanto planos para quando isso acontecesse. Não queria que fosse nessa situação. – disse respirando fundo e olhando para a foto deles que estava em seu criado.
- Infelizmente nós não temos como controlar essas coisas, Jake. Aconteceu. Renesme me contou sobre isso. Vocês não têm culpa que o medicamento que ela tomou, cortou o efeito do contraceptivo.
- Eu fiquei tão preocupado com ela naqueles dias. A bronquite dela atacou tão forte. – ele voltou a me olhar – Eu nunca imaginei que alguns medicamentos pudessem cortar o efeito um do outro dessa maneira, se não a gente tinha se precavido. Não que nós não pensássemos nisso, mas ainda é tão cedo para nós dois sermos pais.
- Sabe, Jake. Eu estava me culpando por não ter cuidado da Renesme nesse ponto, mas depois que ela me contou isso... – eu pausei, realizando algo bom – Pode ser que esse bebe venha para amadurecer o relacionamento de vocês, para que você consiga superar todos os seus medos. Deus não faz nada por acaso meu amigo.
- Eu vim pensando nisso durante a viagem. Eu quero fazer de tudo por ela e pelo meu filho, Bella. Eu não quero que ele cresça sentindo o que eu senti. Esse medo da rejeição e sofrer pelo abandono. Eu só... Queria poder estar ao lado dela. Eu me sinto sufocado só de pensar que ela me odeia.
- Ela não odeia você, bobo. Eu conheço minha irmã o suficiente para saber que ela só está magoada e machucada com tudo, mas ela ainda te ama. Se ponha no lugar dela, Jake. Imagine se fosse você que tivesse visto o que ela viu?
- Eu teria ficado louco. – disse sem titubear.
- Então meu amigo. Só dê um tempo a ela, que tudo se resolve.
- Eu não fiz aquilo, Bella. Você acredita em mim? – eu desviei meu olhar do dele. – Foi o que eu imaginei. – disse cabisbaixo.
- É difícil acreditar, Jake. Eu te amo e você é meu melhor amigo, mas como você explica a Leah deitada na sua cama? – perguntei o fazendo olhar para mim novamente.
- Ela deve ter me dopado, Bella. Eu tenho certeza. Eu lembro que comecei a me sentir mal na festa, e eu pensei que estava indo embora com a Renesme, de tão pirado que fiquei. – seu olhar me disse que ele estava falando a verdade. Jake odeia mentiras.
- Você tem como provar isso?
- Não, mas eu vou descobrir, Bella. Eu vou mostrar pra Renesme que eu nunca faria isso com ela. – eu sorri pra ele.
- Eu torço por isso, sabe disso não é? E pode contar comigo para o que precisar. – ele sorriu de volta, agradecido, e me abraçou novamente.
- Eu vou ser pai, Bella. – ele sussurrou de novo, me fazendo sorrir.
Depois da nossa conversa, Jake acabou pegando no sono de tão cansado que estava da viagem e dos últimos acontecimentos. Quando voltei para sala, Edward brincava com a Gabi, sentado no tapete da sala de estar e seus pais conversavam tranquilamente. Ao me ver ali, Edward se levantou e veio ao meu encontro.
- Como ele está? – perguntou com preocupação.
- Está bem, agora. – falei o abraçando.
- Que bom. Fico feliz que ele esteja receptivo. Isso vai ajudá-lo – eu concordei, respirando fundo em seu pescoço, sentindo seu cheiro - Você deve estar com fome não é mesmo? Nós trouxemos algo para você comer. – e dizendo isso ele me puxou para a cozinha. Eu salivei quando vi a sacola do restaurante italiano perto de casa, que ele sabe que eu adoro.
- Ed você é maravilhoso, sabia? – falei dando um beijo de lábios nele e tirando a comida da sacola.
- É eu sei. Fazer o que se sou bonito e gostoso. – ele disse se vangloriando. Pois, é. Seu ego continua o mesmo de quando o conheci.
Alguns dias depois...
A semana que os pais do Ed passaram conosco foi muito gostosa. Nós passeamos bastante, ele matou a saudade do colo dos pais e pudemos brincar muito com a Gabi. Claro que tivemos que dividir espaço com as aulas e meu emprego, mas Edward, por ter o tempo mais livre, conseguiu curtir esse período de pausa nas corridas.
Edward estava muito relaxado está semana, diferente de como ficou quando voltamos da festa das equipes. Eu sei que ele está tentando me deixar tranquila quanto ao que aconteceu naquela noite, mas depois do telefonema que ele recebeu no sábado, seu humor pareceu murchar em questão de segundos. Eu percebi que ele estava me evitando. Ele não queria conversar comigo sobre isso, no entanto, eu queria saber de sua boca sobre como tudo aconteceu. Eu só fiquei sabendo por alto, pela estória que Alice me contou pouco depois que nos conhecemos.
Assim que terminei de lavar a louça do café da manhã, fui até o nosso quarto procurá-lo. Ele estava se exercitando na esteira, vestindo somente uma calça de moletom e tênis. Era a imagem da perfeição, e eu me senti tentada em puxá-lo dali e jogá-lo na cama, mas resolvi deixar isso para depois. Agora eu tinha que dar um jeito de fazê-lo se abrir comigo.
- Oi, amor. – ele acenou para mim ainda seguindo o ritmo da corrida.
- Oi. – eu devolvi fechando a porta do quarto – Faz tempo que está ai né? Hoje é domingo Ed, não precisa se exercitar tanto. – falei fazendo manha e ele riu do bico que eu fiz, diminuindo o ritmo, até parar.
- O que você não me pede com esse bico que eu consiga negar, heim? – perguntou divertido vindo me dar um beijo. – Vou tomar um banho. – disse limpando o suor da testa - Quer me acompanhar?
Humm... Tentador!
- Não, vai lá ficar cheirosinho pra mim e volta aqui. Quero conversar com você. – falei séria e ele fez uma careta engraçada.
- Será que não dá pra pular essa ultima parte? – pediu fazendo a melhor cara de cão abandonado na mudança que pode, mas eu não ia cair dessa vez.
- Nós podemos pular para essa parte que você gosta depois de conversarmos. Ai então eu deixo você fazer o que quiser comigo. – falei toda dengosa, o fazendo grunhir com mordidas em meu pescoço.
- Você me tortura assim. – disse suspirando – Mas, tudo bem. Já volto bem cheiroso pra você. Ai eu quero ver você resistir. - Eu gargalhei da sua cara de pau, o fazendo rir também e dei um tapa em sua bundinha dura, antes de vê-lo entrar no banheiro.
Enquanto Edward foi tomar banho, eu aproveitei para dar uma geral em nosso quarto e assistir um pouco de TV. Assim que ele saiu do banho, o cheiro de seu perfume tomou conta do quarto, e ele, sem perder tempo, me provocou saindo do banheiro somente com a toalha enrolada na cintura. Edward passou desfilando na frente da cama, tentando chamar minha atenção, e foi até o guarda roupa, flexionando seus braços e se exibindo para mim. Eu ri internamente da sua tentativa de se esquivar de nossa conversa, e continuei olhando para TV. Com o canto do olho, percebi que ele vestiu uma calça jeans, e o que me chamou a atenção, é que ele vestiu somente a calça jeans. Eu fiquei o imaginando livre, leve e solto daquele jeito, me sentindo tentada em pular em cima dele e atacar aquele peitoral trabalhado. Eu o xinguei mentalmente por me fazer ficar excitada com aquela cena, enquanto o via enxugar os cabelos com a toalha.
Edward largou a toalha no banheiro e parou em frente ao espelho do quarto, tentando arrumar seus cabelos rebeldes. Após estar satisfeito com suas madeixas, ele continuou sua exibição, flexionando os braços para trás, me dando um vislumbre de seus músculos, e disfarçou parecendo se alongar. Ele não ia desistir.
- Amor, será que dá pra você parar de se exibir e sentar aqui na cama? – perguntei desligando a TV.
- Eu me exibindo? – disse se fazendo de desentendido - De onde você tirou isso? – perguntou virando-se para me olhar - Sabe... – ele continuou agora se aproximando da cama – Eu tenho uma ideia melhor do que podemos fazer na cama. – e enquanto ele engatinhava para se aproximar de mim, tentou também a arte do seu maravilhoso sorriso torto, só que hoje eu não estava disposta a dar o braço a torcer. Eu não podia ficar mais no escuro.
- Como eu já disse... – falei me esquivando – Nós faremos isso depois. – ele bufou contrariado, mas veio sentar-se ao meu lado.
- Tudo bem. Você venceu. – disse me puxando para seu colo e me fazendo entrelaçar minhas pernas em sua cintura. Eu descobri que ele adora essa posição para conversarmos. Confesso que eu adoro estar assim agarradinha com ele. – O que você quer saber? – perguntou olhando em meus olhos, enquanto brincava com uma mecha do meu cabelo.
- O que Duane te disse? Por que ficou tão preocupado depois da ligação dele? – perguntei sem rodeios.
- Nada além do que já suspeitávamos. Sam realmente participou do campeonato na Europa e é o Phillipe que está patrocinando a equipe. – explicou com desagrado.
- Então porque ficou tão chateado com isso? – ele respirou fundo antes de responder.
- A presença dele não me trás boas lembranças, Bella. Eu sinto que tem algo por trás dessa aparição dele. – ele pausou acariciando meu rosto – Por que isso tinha que acontecer justo agora? Quando tudo está indo tão bem?
- Do que você tem receio, Ed? – eu sabia que Sam o tinha traído, e confesso que também me senti mal ao vê-lo na festa, mas eu não entendo como ele pode nos afetar agora.
- Eles não são boas pessoas, amor. Eu convive tempo suficiente com eles pra saber disso. O Phillipe mexe com muita porcaria e o Sam é o braço direito dele.
- Você acha que eles podem te prejudicar de alguma forma? – continuei especulando enquanto fazia carinho em seu rosto.
- Eu não tenho medo por mim, e sim por vocês. O Sam é doente, Bella. Eu vi isso no dia em que fui preso. – ele deixou meus olhos e abaixou a cabeça.
- Me conta o que aconteceu. – pedi num sussurro. Ele suspirou, voltando a me olhar e eu pude ver que ele se sentia envergonhado ao falar sobre isso.
- Eu conheci o Sam quando comecei a correr na fase Junior. Naquela época tudo estava bem em casa, e o papai ainda me acompanhava nas corridas. Sam e eu ficamos muito amigos, quase inseparáveis. Ele vivia em minha casa, só que eu nunca soube da família dele. Quando as coisas em casa começaram a ruir, parece que tudo foi virando uma bola de neve. Papai cortou o dinheiro que me dava, para eu poder participar das corridas, e eu fiquei furioso com isso. Foi aí que o Sam me levou até o Phillipe. Ele me disse que vivia com ele, que não tinha pai nem mãe, e fazia alguns serviços pra ele. – ele pausou, brincando com meus dedos – Disse que esses serviços eram entregas especiais, mas não especificou o que era, e que Phillipe pagava muito bem. Ele me explicou também que era com esse dinheiro que ele conseguia participar das corridas, e eu vi ai uma chance para voltar a correr. No começo eu não me importava com o que fazia. Só ficava satisfeito com a grana que eu recebia e voltava pra casa. Só que eu também não tinha como fechar meus olhos pra tudo, e foi ai que descobri que eles mexiam com coisas ilícitas. – ele pausou, desviando seu olhar novamente – Eu me envergonho por ter continuado com isso, mesmo sabendo da verdade, Bella. Por isso sempre evitei contar a você. – eu beijei seus lábios, querendo que ele soubesse que eu nunca o julgaria por isso.
- Você só estava perdido, amor. Sem orientação. Quantos jovens não passam por isso?
- Mas eu devia ter saído dali quando vi aquilo tudo. E pra piorar ainda mais, eu acabei conhecendo a Tânia. Eu sabia que ela era filha do Phillipe, e todos me diziam que era para eu manter meus olhos longe dela. – ele me olhou, estudando meu rosto para saber como eu me sentia ouvindo sobre isso. Eu sorri fracamente, dizendo que estava tudo bem, então ele continuou - Só que eu estava no auge da adolescência, o que eu mais queria era me sentir desejado pelas garotas. Foi ai que ela demonstrou interesse por mim. Sam no começou me apoiou bastante, e com esse dinheiro eu comecei a ficar conhecido nas corridas clandestinas. Phillipe também começou a elogiar meu trabalho, dizendo que eu era um dos seus melhores empregados, e ainda tinha Tânia como um troféu. Eu me deslumbrei com tudo aquilo. Só que a partir dai, as coisas entre Sam e eu começaram a ficar estranhas. Tânia fez aquela chantagem para favorecer o pai, eu descobri que ela me traia com o Sam, meu pai ficou furioso por descobrir quem o Phillipe era, e eu fui preso quando o Sam me passou a perna. Naquela noite eu vi o brilho da inveja no olhar dele, Bella. O Sam ficou com raiva de mim porque eu me mostrei melhor do que ele. Ele deixou bem claro que queria tudo o que eu tinha. – eu filtrei todas as informações, agora entendendo melhor como ele se sente a respeito disso.
- Mas tudo isso já passou, Ed. Você conseguiu superar essa fase. – falei o confortando.
- Eu sei. Papai conseguiu, por eu ainda ser de menor, fazer com que eu pagasse fiança e prestasse serviços comunitários. Isso porque o que eu transportava no dia eram somente produtos contrabandeados, mas imagine só se fossem drogas ou algo pior? – ele suspirou exasperado.
- Mas não foi, e você aprendeu com isso. Tanto que o dinheiro que você ainda tinha das corridas que participou lá em Forks, você doou para o hospital. Você mostrou ter amadurecido com isso e me deixou orgulhosa. – ele sorriu beijando meus lábios de leve.
- Eu só... Sinto que ele não apareceu em vão, sabe? Algo aqui dentro me diz isso. – disse colocando a mão no peito. Eu o abracei apertado, querendo que o que ele estivesse sentindo quanto a isso, sumisse por completo.
- Não pense nisso. – pedi olhando em seus olhos - Você tem que se concentrar em sua carreira, amor. Você está onde está por mérito próprio. Você é bom no que faz, e ninguém vai tirar de você o que Deus te reservou. – ele me agraciou com um sorriso de orelha a orelha. - Nada de ruim vai acontecer, você vai ver. Basta pensar positivo.
- Obrigada, vida. Eu não sei o que faria sem você. – disse me enchendo de beijos - Eu sei que me fecho às vezes, mas eu amo você ainda mais por que sei que nunca vai desistir de mim.
- Nunca, Ed. Nunca. – prometi rindo ao sentir a cama em minhas costas e ele me atacando com os olhos brilhando.
EDWARD POV
Novembro enfim chegou. Não que eu estivesse ansioso por isso, longe de mim. Eu só queria mesmo é prolongar o tempo que eu tive para poder curtir minha família e ficar com a Bella todos os dias. Eu estava sentindo muita falta desses momentos, e me sentia relaxado por não precisar me preocupar com o meu peso, reuniões, em fazer o melhor tempo na pista, e como devo agir em frente à imprensa.
É claro que estou feliz por tudo estar dando certo em minha vida, e mais feliz ainda por ter conseguido chegar a Sprint Cup, porém, eu me sentia receoso quanto ao fato de ter que encarar Sam de frente. Eu sei que não vai ser nada fácil, afinal a vontade que eu tenho é de socar a cara dele por tudo que me fez, por ter sido tão falso amigo, mas eu prometi a Bella que não pensaria nisso. Que eu iria me focar em minha carreira e buscar aquilo que eu queria, sem me deixar intimidar por ele.
Agora eu tenho que pensar no campeonato e no meu objetivo. Como esse é o primeiro ano que estou correndo na Sprint, a minha pontuação acaba sendo diferente dos pilotos da classificação geral. Todos os pilotos que estão estreiando esse ano na divisão, disputam paralelamente uma pontuação para a definição do novato do ano. As corridas paralelas começam agora em novembro e terminam na primeira semana de dezembro, para o recesso de final do ano. A partir daí, os melhores resultados dessa mini temporada de novatos, serão os pilotos que irão participar, no começo de fevereiro, das provas da categoria principal da Sprint. Somente três novatos serão escolhidos e eu quero muito ser um deles.
Sr. Thompson está bastante otimista. Ele pensou a mesma coisa que eu quando analisou o carro da equipe do Sam, e acha que eles perderão preciosos segundos pelo peso do motor. Fora que Patrick está aprimorando cada vez mais meu projeto, e temos conseguido diminuir ainda mais nosso tempo na pista.
As provas para a classificação dos novatos será em LA mesmo, e eu fiquei contente por pelo menos ficar perto de casa. Me dá segurança saber que Bella estará perto de mim. Ela até mesmo veio assistir aos treinos para a corrida de amanhã. Só que agora, ao invés dela ficar nas arquibancadas, tem passe livre para ficar comigo em nosso stand, e sempre que eu posso, dou uma fugida dos boxes para vê-la.
Nesse momento eu estava me preparando para entrar na pista. Já estava vestido com meu macacão e capacete, e foi ai que eu vi meu pesadelo se aproximar. O pior não foi ver Sam chegar à área dos boxes da minha equipe, e sim chegar perto da Bella. Eu não sei explicar o que senti quando ele estava a passos de se encontrar com ela, mas a primeira reação que tive, foi largar meu capacete dentro do carro e correr para perto dela.
Minha garota não notou minha aproximação, só se espantou ao ver Sam na frente dela, bloqueando uma fuga de sua parte.
- Olá, eu sou o Sam. O que uma beleza como você está fazendo aqui sozinha? - escutei o idiota dizer a ela e estender sua mão. Bella parecia paralisada e me buscou com os olhos.
- Que merda você pensa que está fazendo? – falei empurrando Sam para longe dela. Bella saltou de seu lugar e se aproximou de mim, envolvendo seus braços em minha cintura.
- Calma, Eddie. Não cumprimenta mais os amigos? Esse seu namoradinho é tão mal educado. – Sam ironizou olhando para Bella e se aproximando novamente.
- Se você chegar perto dela de novo, eu acabo com você. – falei cheio de raiva e me afastando dele. Sam deu um sorriso debochado, só piorando meu estado.
- Uhh... O Eddie aqui é ciumento. Por que não a deixa decidir se quer me cumprimentar ou não? – ele disse lançando a Bella um olhar malicioso. – Acha que também vai perdê-la para mim? – disse presunçoso. Filho da puta! Eu quis voar em cima dele e arrancar seus olhos fora só por se atrever a olhá-la dessa forma.
- Ele só esta te provocando. Vamos sair daqui. – Bella pediu tirando minha atenção do desgraçado a nossa frente. Realmente era o mais sensato a se fazer, já tínhamos chamado atenção de algumas pessoas e eu precisava me concentrar para entrar na pista. Eu concordei, a apertando mais forte em meus braços e dando as costas para Sam.
- Virou covarde agora, Edward? Esperei mais de você. – Sam me provocou ainda rindo. Eu estaquei no lugar, respirando fundo antes de responder. Isso era bem típico dele, jogar as palavras para desestruturar seu oponente. Eu me virei de frente a ele, dando um sorriso debochado igual ao dele.
- Isso é o que veremos na pista. Aí eu quero ver quem vai ser o covarde. – falei vendo seu sorriso sumir do rosto, e sai dali com Bella em meus braços.
Dezembro
A semana do natal já estava chegando e com ela os preparativos para a festa. Esse ano nós nos programamos para viajar para Forks e passar as festas com nossos pais. Na verdade seria mais uma via sacra que faríamos. Primeiro jantaríamos na casa da Rose e do Jass, depois com meus pais e for fim com Charlie, Sue e Billy. Esse natal será importante para família da Bella, na verdade para todos nós, mas em especial para eles pelo fato da família estar crescendo em breve.
Pelo que pude perceber Charlie já estava aceitando o fato de que será avô em breve, e Billy também parece feliz. Sue é a mais entusiasmada com a novidade, pois paparica Renesme vinte e quatro horas por dia. Ela diz que está fazendo isso enquanto pode porque em breve Renesme se mudará para LA, e que se sente muito feliz por estar ganhando seu primeiro neto.
As coisas entre Renesme e Jake continuam na mesma. Eles pouco se falam, e todos vêem claramente como eles estão sofrendo com essa distância. O engraçado é ver como Jake está reagindo a essa novidade. Ele agora só fala sobre o seu filho - sim, ele está convicto que será um menino - dizendo que ele será forte igual ao pai e que será torcedor do Lakers, igual ao avô. Esse fato gerou uma discussão muito longa entre Charlie e Billy, que dizia que seu neto não torceria pra esse timinho de quinta da NBA. Era divertido presenciar momentos como esse.
Bella está mais tranquila sabendo que tudo está se encaminhando. Em janeiro sua irmã irá morar conosco e cursar a Universidade. Nós temos mais um quarto vago no apartamento, e Renesme aceitou ficar por lá até tudo se estabilizar. Jake ficou felicíssimo com isso, afinal a verá todos os dias, mas Renesme deixou bem claro que será somente até o bebe nascer. Na verdade eu acho que ela disse isso para Jacob não criar esperanças quanto a eles dois, mas meu amigo anda confiante quanto a isso. Ele disse que ainda vai reconquistá-la, custe o que custar.
Eu também estou contente com o andamento das coisas. As provas dos novatos acabaram e eu consegui a primeira colocação. É claro que eu quero esquecer o fato de que Sam conseguiu o segundo lugar, mas isso é o de menos. Nas quatro semanas de prova, ele procurou de todas as formas me provocar, no entanto, eu não aceitei suas tentativas. Dizem que a indiferença é a melhor vingança, e comigo não foi diferente. Sam só faltava soltar fogo pelas ventas por ser ignorado, e não só por mim. Todos acabaram percebendo o jeito provocador dele e tiveram a mesma atitude que a minha.
Eu resolvi deixar tudo o que aconteceu para trás. O que passou, passou. Não posso negar, Sam é um bom piloto. Sempre foi na verdade, desde quando corríamos na fase Junior. Então contanto que ele não mexa comigo, nós iremos competir de igual para igual. Enquanto ele ficar no lugar dele, eu também irei ficar no meu. Ele nunca mais chegou perto da Bella, pelo menos não que eu tenha permitido. Eu não sei explicar, mas a maneira como ele olha para ela me deixa louco, e até mesmo assustado. Ele parece querer devorá-la com os olhos, e todas as vezes que presenciei isso, meu sangue esquentou e eu quase parti pra cima dele. Eu sei que sou possessivo, mas nesse caso é mais um instinto de proteção.
Eu sei que Sam não é boa pessoa. Já presencie algumas de suas explosões de humor. E o fato de Phillipe estar envolvido com ele, só me deixa mais intrigado e com a pulga atrás da orelha. Tânia é outra que entrou em cena. Só que eu estranhei seu comportamento. Ela não parecia com a menina que conheci, que se oferecia aos olhos dos homens. Ela me pareceu deslocada em estar ali ao lado de Sam. Ah sim... Ele fez questão de exibi-la para mim, como se isso fosse me afetar. Coitado, se ele soubesse como isso só faz com que eu tenha ainda mais pena dele. Pena por saber que ele é um ser humano tão pobre de espírito, invejoso e cheio de rancor.
Mas a pior fase passou. Minha equipe está muito contente com meu desempenho, e eu me sinto feliz por ter conseguido mais essa etapa em minha vida. Eu sei que ano que vem não será fácil. Tudo será novo para mim e sem contar as diversas viagens que teria que fazer. Bella e eu conversamos muito sobre isso, e prometemos dar um jeito. Esse ano foi sofrido para nós dois, para nos acostumarmos com esse começo de vida juntos, com a distância, os estudos e a vida em si. Eu me dediquei ao máximo em meus estudos e consegui passar para o segundo ano. Bella também tirou ótimas notas, e já tem planos para começar sua monografia do final do curso. Eu a admiro por isso. Eu ainda nem cogitei pensar nisso.
Nós decidimos, para não passarmos tanto tempo longe um do outro, que Bella viajara para me ver pelo menos dois finais de semana por mês. Nessa categoria que concorrerei, as corridas são realizadas domingos sim e outro não, assim conseguiremos nos ver nas semanas que estarei longe de casa. Dessa forma eu faço valer à pena o dinheiro que estou ganhando. Se for para tê-la perto de mim o máximo possível, eu gasto o que for preciso. Eu sei que será difícil para ela conciliar os estudos, a atenção dos amigos e de sua irmã, mas ela disse que se esforçara ao máximo para estar ao meu lado. Eu sei que ela estará sacrificando muitas coisas por mim e espero poder retribuir isso no futuro.
Quando a véspera de natal chegou, nós começamos a via sacra. Jantamos com a família Hale, depois com meus pais e a Gabi, que a cada dia que passa cresce ainda mais, e por ultimo fomos para casa do Charlie e da Sue. Fomos recebidos com muito carinho pela Sue, que preparou um verdadeiro banquete para nós. A única coisa que estragou, foi ver que Leah também estava ali.
- Eu não acredito que essa garota está aqui. – Bella cochichou em meu ouvido.
- O que podemos fazer? Não se esqueça que ela é filha da Sue. – falei olhando para Renesme, que empalideceu ao ver Leah sentada no sofá da sala.
- Eu... Vou até a cozinha. – Renesme disse saindo dali e Jake foi atrás dela.
Todos ficaram desconfortáveis com a presença de Leah ali. Só Charlie que não parecia se abater com nada, e eu me perguntei se ele sabia sobre o que aconteceu. Para não ficar um clima pesado, nós ficamos conversando entre nós, ignorando completamente a presença da prima do Jake na sala, e ela pareceu perceber isso, porque subiu em direção aos quartos, bufando sonoramente. Durante o jantar tudo correu bem. Sue cozinha muito bem e eu podia realmente explodir de tanto que tinha comido nessas ultimas vinte e quatro horas. Leah não desceu para jantar conosco, e Sue se desculpou pela grosseria, chateada pela filha agir dessa forma. Mal sabe ela que ninguém se importou em não ver Leah ali.
- Bem, aproveitando que estamos todos reunidos hoje, eu queria fazer um brinde especial essa noite. – Charlie começou a dizer levantando sua taça de vinho - Na verdade é mais um pedido. Eu peço que meu neto possa vir a esse mundo com muita saúde, e que ele seja muito feliz ao lado dos pais. Eu sei que ainda estou me acostumando a essa ideia de ser avô, mas desejo de coração que você seja feliz filha. Você e o Jake, juntos. – ele finalizou, lançando um olhar estranho para Jacob.
- Pai... – Renesme choramingou, constrangida pela saia justa do pai. Jake, ao contrario dela, estava com um sorriso estúpido no rosto. – Você sabe que Jacob e eu não estamos mais juntos.
- Eu sei filha. Mas fora o fato dele ter errado... – Charlie lançou um olhar agora duro para Jacob – Vocês foram enganados também. E quando você me contou o que tinha acontecido, no dia em que me disse que estava grávida, eu prometi que iria buscar um jeito de descobrir a verdade. Jake também estava disposto a isso, então nós só juntamos forças para esclarecer um mal entendido.
- Como assim pai? Eu não estou entendendo. – Renesme disse confusa. Todos na mesa pareciam não entender onde Charlie queria chegar.
- Você já vai entender. – disse colocando sua taça de volta a mesa - Sue, minha querida. Eu sinto que você não vai gostar disso, então eu já lhe peço desculpas antecipadas. – Charlie pediu com um olhar solidário. Billy levantou-se e ficou ao lado da irmã, como se já soubesse o que estava por vir. – Sarah, por favor. – Charlie olhou para a filha mais nova de Sue, que se levantou, olhando para as mãos.
- Renesme... – Sarah começou com a voz tremida. Eu olhei para Bella, percebendo que ela também estava boiando com o que estava acontecendo - Eu me sinto muito mal pelo que fiz, e me sinto pior ainda por saber que contribui para afastar você do Jake. Eu sei que trai sua confiança, mas eu só... Fiquei com medo.
- O que? Medo do que? – Renesme perguntou olhando para seu pai e de volta para Sarah.
- Algumas semanas antes de tudo acontecer entre você e o Jake, Leah veio passar o final de semana aqui em casa. Eu estava curtindo com uns amigos, numa festa aqui ao lado de casa, e ela me pegou fumando. – Sarah disse olhando para as mãos.
- Como é que é Sarah? – Sue esbravejou, fazendo Sarah pular de susto ao lado da mãe.
- Eu... Eu... Fiquei com medo dela contar para a mamãe sobre isso, e ela me obrigou a contar tudo o que se passava entre você e o Jake. Ela sabia que você iria para LA com o David e disse que drogaria o Jake, para parecer que vocês tinham passado a noite juntos. – Sarah pausou ofegante, parecendo cuspir as palavras - Por favor, me desculpa? – eu olhei para Renesme, que tinha o semblante em choque e empalidecido.
- Cala a boca, sua piralha dos infernos! – Leah gritou descendo as escadas, assustando todos à mesa – É tudo mentira! Eu não fiz nada disso. – ela se defendeu partindo para cima da irmã.
- É verdade sim. – Sarah disse se esquivando dela - Eu cansei de fazer suas vontades, Leah. Você não pode prejudicar as pessoas assim. – retrucou se protegendo atrás de Seth.
- Parem com isso, agora. – Sue disse levantando-se e em tom autoritário, fazendo até mesmo eu estremecer no lugar. Bella agarrou minha mão por debaixo da mesa, com um sorriso no rosto. Só minha garota mesmo para estar curtindo algo assim. Charlie também parecia satisfeito, assim como Jacob. Acho que só Renesme e eu que parecíamos apreensivos pela vida da Leah. Pela cara da Sue, eu tive pena dela.
- Não é verdade, mãe. Essa garota está mentindo. – Leah disse, sem olhar a mãe nos olhos. Sue respirou fundo, a fulminando com o olhar.
- Eu cansei de passar a mão na sua cabeça, Leah. Será que você não enxerga a consequência dos seus atos? Como consegui ver a infelicidade dos outros desse jeito? Onde foi que eu errei com você? – Sue a reprovou, visivelmente sentida pelas atitudes da filha.
- Eu não fiz nada. – Leah continuou se defendendo, chorando lágrimas de crocodilo.
- Sua irmã pode ter errado, mas ela nunca mentiria sobre algo assim. Você merecia a surra que nunca te dei, Leah, mas eu tenho certeza que a vida ainda vai te ensinar a ser gente. Vai pro seu quarto agora, e não saia de lá até eu mandar. – Sue mandou, apontando em direção aos quartos, e Leah o fez sem pestanejar. – E quanto a você Sarah, nos entendemos mais tarde. – Sue olhou em seguida para todos à mesa, com o semblante triste e voltou a sentar-se - Me desculpem por isso. Vocês não mereciam presenciar essa cena toda. – Charlie levantou de seu lugar e a envolveu em seus braços, dando um beijo carinhoso em seus cabelos.
- Cada um tem sua consciência, querida. Você foi uma boa mãe, basta Leah abrir os olhos para o que é certo. – Charlie disse a confortando e ela sorriu agradecida.
- Eu... Eu... Preciso dar uma volta. Com licença. – Renesme pediu levantando-se e saindo porta afora.
- Eu vou atrás dela. – Jake informou saindo logo atrás.
- É... Esse natal está sendo muito animado. – Bella descontraiu, fazendo todos rirem.
BELLA POV
Janeiro
Hoje o dia está sendo bastante agitado. Renesme está se mudando para cá e estávamos ajeitando seu novo quarto. Ela já está com três meses completos de gestação, e sua barriguinha está começando a aparecer. Enquanto ela arrumava suas roupas, eu reparava em seu semblante feliz. Eu tenho a leve impressão, de que essa felicidade toda, é por estar mais perto de Jacob. Minha irmã e eu tivemos uma longa conversa, depois do episodio no natal, em que me contou a conversa que ela e Jake tiveram.
Ela ficou feliz por Leah ter sido desmascarada e pediu desculpas à Jacob por ter acredito na mentira. Ele não estava magoado com isso. Jake entendia que era realmente difícil acreditar em algo que seus olhos viram, e ele estava com esperança de que tudo se acertaria entre eles. No entanto, Renesme disse a ele que ainda tem muitas coisas que eles precisam trabalhar antes de voltarem a ter um relacionamento.
Minha irmã me confessou que se senti insegura em confiar novamente em Jacob. De certa forma ele traiu sua confiança, não confiando nela e deduzindo o que ele preferia enxergar. Ela disse que ainda o ama muito, mas que antes de voltarem, eles precisam trabalhar esses pontos para serem felizes. Inclusive para poderem criar o filho deles juntos. Eu senti muito orgulho dela naquele dia, e torci para que eles possam resolver suas diferenças.
Jake, agora que tudo foi esclarecido, parece mais aliviado. Ele acabou saindo da boate, e está trabalhando numa oficina autorizada da Renault. Meu amigo cresceu ajudando o pai na oficina, e esse emprego é mais estável, tem horários maleáveis para ele estudar, e paga consideravelmente bem. Renesme e ele agora se tratam como antigamente, como amigos. Jake aceitou que eles dessem um tempo e está trabalhando todas as suas inseguranças, inclusive com visitas a um psicólogo. Renesme não admite, mas ela está feliz por vê-lo se empenhar dessa forma.
Edward e eu estamos programando nossa viagem de férias. Como mês que vem já começa a nova temporada, nós queremos aproveitar esse período para ficarmos juntos o máximo possível. Essa semana ele está deixando sua agenda toda em dia para não temos empecilho algum, e Duane nos prometeu que nos deixará descansar em paz. Na verdade, ele e Leonard aproveitarão para descansar também, antes de enfrentar o ano, que será cheio.
Nós resolvemos viajar para Las Vegas. Pode não parecer romântico, mas a nossa ideia era descansar, curtir um ao outro e nos divertirmos. As duas semanas que passamos lá foram maravilhosas. Passamos horas e horas tomando banho de sol, namoramos na piscina e visitamos alguns cassinos e os pontos turísticos da cidade iluminada que não para nunca.
Essa noite nós tínhamos acabado de jantar num dos cassinos, e resolvemos dar um passeio pela Las Vegas Boulevard, o calçadão onde se concentram os principais cassinos da cidade. Durante o passeio, nós demos de cara com um casal que saia de uma das diversas capelas de Vegas. Eles pareciam tão felizes, que era contagiante. Eu me imaginei no lugar deles, claro que tirando a roupa de Elvis que o cara usava e o vestido cheio de babados da moça. Edward e eu rimos dos dois quando eles saíram gritando que estavam casados e mostrando suas alianças. Foi bonito presenciar isso, por mais que eu tenha duvidas se eles estavam cientes do que estavam fazendo, pois me pareciam altos pela bebida que carregavam.
Continuando nossa caminhada, resolvemos parar em frente ao luxuoso hotel Bellagio, famoso por seu espetáculo de fonte. A imagem era linda, as águas pareciam dançar num colorido que enchia os olhos. Edward me abraçou forte e eu me virei de frente a ele, buscando seus lábios.
- Casa comigo? – ele pediu, olhando em meus olhos e me surpreendendo. Eu ri de sua brincadeira.
- Caso. Que tal casarmos agora? – brinquei também, me deixando levar ao lembrar o casal que tínhamos visto há pouco. Edward não riu da minha brincadeira.
- Casa comigo? – ele repetiu sem um pingo de brincadeira no olhar. Minha respiração engatou.
- O-o... Que? – perguntei num fio de voz.
- Casa comigo, Bella? – ele repetiu, me encarando com tanta intensidade que fez minhas pernas amolecerem. Ele estava falando a sério?
- Você enlouqueceu, Ed? Quer matar meu pai do coração? Primeiro um neto e agora eu chego dizendo que vou me casar? – falei rindo nervosamente.
- Não, agora Vida. Nós podemos ficar noivos e planejar tudo com calma. Tenho certeza que seu pai não vai ser contra. – suas mãos acariciaram meu rosto e ele voltou a falar – Eu sei que esse ano vai ser uma etapa difícil para nós dois, e eu me sinto pronto para isso. Eu quero estar ligado com você dessa forma também, e poder mostrar o que eu sinto através de um compromisso sólido. Você é a mulher da minha vida, Bella. É com você que eu quero passar o resto da minha vida. – disse com o olhar tão apaixonado que eu senti meu coração se aquecer e bater mais forte no peito. Eu senti as lágrimas pinicarem meus olhos, emocionada por suas palavras.
Ele também é a minha vida. Meu tudo. Então... Por que não? Como toda menina, eu sonho em casar com a pessoa que amo, não me importando com a nossa idade ou com o momento certo. Nós já estamos vivendo juntos de um jeito ou de outro, isso seria inevitável. Papai vai ter que ser forte, por que eu quero esse homem pro resto da minha vida também.
- Sim. Eu caso com você, Ed. – falei mordendo os lábios para não chorar, mas o sorriso que ele deu foi tão lindo e cheio de felicidade, que eu não consegui segurar.
- Você me faz o cara mais feliz do mundo, Bella. – disse procurando meus lábios para um beijo apaixonado. Não sei dizer quanto tempo ficamos ali nos beijando, pois tudo ao redor pareceu sumir – Vem, vamos procurar nossas alianças. – disse parando o beijo ofegante e me puxando em direção as lojas da cidade.
- Não precisamos comprar agora, Ed. – falei com mais vontade de comemorar nossa noite no quarto, do que procurando uma aliança.
- Você não será uma noiva completa sem aliança, Bella. – ele parou de andar, me encarando com seu sorriso torto – E eu quero comemorar essa noite, vendo você usar essa aliança, somente a aliança. – disse dando uma piscadela safada e me fazendo arfar por imaginar como será nossa noite.
Nós entramos em algumas joalherias, dentre muitas que tinham somente naquele calçadão, e na terceira tentativa ele encontrou o que queria. As alianças eram lindas. O desenho delas se completavam, formando um coração e a imagem do infinito, toda trabalhada com ouro branco e diamantes. Edward não me deixou ver quanto pagou por elas, mas eu tenho certeza que foi uma pequena fortuna.
Assim que voltamos para o hotel em que estávamos hospedados, Edward pediu ao serviço de quarto um champanhe, acompanhado de morangos e chocolate. Eu resolvi tomar um banho e ficar cheirosa para ele, afinal passamos o dia todo na rua. Procurei uma lingerie bem bonita para usar e vesti meu roupão por cima, saindo do quarto. O nosso champanhe já tinha sido entregue e Edward estava na varanda do quarto, sem camisa e descalço. A suave brisa brincava com seus cabelos, os deixando mais selvagens e eu sorri apaixonada ao vê-lo apreciando a vista.
- Estou pronta! – falei abraçando suas costas.
- E cheirosa. – ele disse se virando e mordendo meu pescoço, respirando fundo em meus cabelos – Eu também vou tomar um banho rápido e já volto ok? – eu assenti o vendo correr para o banheiro.
Eu voltei para o quarto e roubei um dos morangos que estavam ali, me esparramando na cama, e sorrindo igual uma boba. Foi ai que me dei conta. Eu tinha acabado de ficar noiva. Noiva! N-o-i-v-a! Eu dei um grito de felicidade e me sentei, realizando o fato de estar:
- Noiva! – falei alto para enfim acreditar.
- Ainda não. – Ed disse entrando no quarto, vestindo seu roupão e boxer. Ele jogou a toalha no chão e foi em direção ao casaco que vestia. De lá ele tirou a caixinha com as alianças e me ajudou a levantar da cama, ficando de frente a mim. Ele pegou a minha aliança e colocou em meu dedo anelar da mão direita.
- Agora sim, noiva. Futura Sra. Cullen. – eu sorri abobada e beijei seus lábios. Fiz o mesmo com a aliança dele, deslizando-a em seu dedo e adorando vê-la ali.
- Te amo, muito. – falei explodindo de felicidade.
- E eu te amo, sempre. – nós selamos a troca de alianças com muitos beijos e Edward foi pegar o champanhe para brindarmos. Ele encheu as duas taças e acariciou meu rosto, com adoração nos olhos.
- Obrigada por me fazer feliz. – disse emocionado.
- Obrigado por existir em minha vida. – nós brindamos e tomamos um gole do champanhe, e eu busquei seus lábios com um beijo cheio de significados.
- Agora, minha noiva. Eu quero você só com essa aliança no dedo. – eu sorri quando ele mordeu meu pescoço e em seguida meu dedo anelar, enfatizando seu desejo.
Em menos de um minuto nós estávamos na cama e ele já tinha jogado minha lingerie em algum lugar do quarto. Edward começou a beijar todo o meu corpo, inclusive a aliança em meu dedo, e entre um beijo e outro ele sussurrava “Minha”, “Minha noiva”, “Sra. Cullen”, me deixando extasiada. Eu adoro esse lado possessivo dele, me faz sentir desejada e amada.
Nós dois já estávamos pegando fogo, então acabamos deixando as preliminares para depois. Eu precisava dele, sentir como ele me completa por inteiro. Edward me penetrou numa única investida, gemendo em meus lábios. Eu entrelacei minhas pernas em sua cintura, buscando mais contato e ele arfou por conseguir se afundar ainda mais dentro de mim. Nossos lábios não se desgrudaram enquanto suas investidas ficaram mais rápidas, até que alcançamos o clímax juntos. Eu plantei pequenos beijos em seu rosto e ele me deu um sorriso safado.
- Eu tenho uma ótima ideia para aqueles morangos e chocolate. – eu dei uma risada divertida e assim nós continuamos nossa noite.
(...)
Como dizem, tudo que é bom dura pouco, hoje já estávamos voltando para casa. Pegamos o avião logo pela manhã e já nos encontrávamos na garagem de casa, pegando nossas malas. Ao entrar no apartamento, avistamos todos nossos amigos e irmãos sentados na sala, os meninos jogando vídeo game e as meninas jogando conversa para o ar.
- Olha quem está de volta! – eu falei chamando atenção de todos. Edward vinha logo atrás de mim, carregando o restante de nossas coisas.
- Oba! Olha quem resolveu voltar para casa e dar o ar da graça. –Alice brincou pulando do sofá e veio nos dar um abraço. Rose e Renesme fizeram o mesmo.
- Eu também te amo, Alice. – brinquei de volta envolvendo a pequena em meus braços. Ela me soltou do abraço para deixar Rose e Renesme fazerem o mesmo, mas seus olhos acabaram sendo atraídos pelo novo adorno dourado em minha mão direita.
- Ahhhhh... Eu não acredito! Vocês ficaram noivos! – e dizendo isso, Rose e Renesme também começaram a gritar histericamente.
- Rá então o Edward também vai conhecer o porão do sogrão! – Jacob disse animado e eu olhei para Edward, o vendo arregalar os olhos.