Capítulo 12 - Agora eu preciso do seu apoio...
BELLA POV
- Humm... Delícia! - O ponto da massa para as panquecas ficou perfeito. Eu estava preparando um café da manhã bem reforçado com panquecas, ovos mexidos, bacon, torradas e suco de laranja.
- Eu concordo... Delícia demais. - Edward disse envolvendo seus braços ao meu redor e plantou um beijo molhado em meu pescoço - Acordar em casa e encontrar você cozinhando vestida assim é de dar água na boca. - ele desceu as mãos para acariciar minhas coxas que estavam descobertas por estar usando somente uma camiseta velha e confortável.
O gostoso de ter o apartamento somente para nós dois era isso. Podíamos ficar a vontade quando Edward está aqui. Na primeira semana que ficamos sozinhos, fizemos amor em cada canto desse lugar. O único ponto desfavorável é quando fico sozinha. Me sinto até mesmo deprimida por ficar nessa imensidão sem companhia alguma.
- Dormiu bem? - perguntei virando a massa da panqueca na frigideira para assar o outro lado.
Edward havia chegado ontem de madrugada devido ao mal tempo e o cancelamento de alguns voos. Como estava cansado não quis comer nada e só tomou um banho e fomos dormir. Eu sabia que ele ia acordar faminto.
- Com você ao meu lado eu sempre durmo bem. - disse carinhoso e subindo as mãos para acariciar meus seios. Eu também sabia que ele estaria faminto por sexo, assim como eu.
Estamos há quase duas semanas sem nos ver direito devido os preparativos de minha viagem para o Brasil, e Edward anda ocupado com a patenteação de seu projeto. Apesar de ficar com o coração apertadinho por não ter conseguido ir vê-lo no final de semana passado, eu também estava animada com a viagem.
A loja de Dona Estefânia cresceu muito nesses últimos anos. Cada vez mais temos adeptos aos nossos produtos naturais. Assistindo esse crescimento de perto e o aumento no consumo, procurei me especializar no assunto e inclusive minha monografia de curso foi feita em cima desse projeto. Dona Estefânia me ajudou bastante com seu conhecimento e agora, por sentir-se cansada, ela passou os negócios para as mãos de Chase e eu.
Eu me senti muito feliz e realizada por ela depositar tanta confiança em mim. No ano passado inauguramos uma segunda lojinha no shopping perto do centro. Chase é o responsável pelas finanças e eu tomo conta dos funcionários e do funcionamento das lojas. Não é uma tarefa fácil, mas depois de tantos anos a experiência fala mais alto.
Agora Chase e eu estamos em busca de novidades. Queremos trazer marcas novas para comercializar nas lojas. Como Chase agora tem uma família, eu me dispus a viajar para o Brasil para conhecer e tentar uma parceria com uma marca de produtos naturais muito conhecida no país. A Natura. O sistema de distribuição deles é sensacional. Eles possuem promotores de vendas informais espalhados por todo o país, que vendem os produtos através de catálogos. Se conseguirmos essa parceria, tenho certeza que os negócios irão prosperar ainda mais.
Quem está nada satisfeito com essa viagem é Edward. Como estamos no começo de junho, a Nascar faz uma pausa para as equipes se prepararem para o segundo semestre de corridas, e com isso, ganham uma semana de descanso. Isso nos daria a chance de viajar juntos, se não fosse o processo de patenteação para atrapalhar. Como está previsto para sair no começo dessa semana, Edward precisa estar por aqui para assinar a documentação quando houver a liberação dos direitos.
- Que horas seu voo sai segunda mesmo? - perguntou enquanto devorava os ovos mexidos com torradas. Ele já me perguntou isso umas trocentas vezes.
- Às dez horas. O representante da Natura me ligou ontem dizendo que vai ter uma pessoa no aeroporto me esperando.
- É bom que tenha mesmo. Não quero você sozinha naquela cidade. - disse fazendo um bico que dava vontade de morder - As notícias que andei lendo daquela cidade são horríveis. Assaltos e violência pra todo o lado.
A indústria da Natura fica na cidade de São Paulo, no entanto irei visitar o campus de pesquisa que fica no Rio de Janeiro. Minha animação está a mil para conhecer os laboratórios e os métodos de pesquisa.
- Não fica preocupado, amor. Violência existe em qualquer lugar. - falei tomando meu suco de laranja e beliscando uma fatia de bacon.
- Sabe que me preocupo com você o tempo todo. Porque Chase não pode ir no seu lugar? Ele é homem e sabe se defender. - eu revirei meus olhos e comecei a ficar brava pela sua falta de apoio.
- Chase tem responsabilidades que eu não tenho. Sabe muito bem que ele fica com a Rebecca depois da escolinha enquanto Jennifer está no trabalho.
Chase conheceu Jennifer ha três anos. Ela é professora na mesma escola que Renesme da aulas de música. Foi paixão a primeira vista e um ano depois Rebecca estava vindo ao mundo.
- Você também tem responsabilidades. Comigo. - Eu olhei para ele sem acreditar no que ouvia.
Agora só porque temos um relacionamento tenho que viver em função dele? Tenho responsabilidade com ele e por isso devo esquecer que tenho vida própria?
Suspirando eu deixei meu café pela metade e levantei da mesa. Eu não queria brigar com ele.
- Me desculpa ok? Só estou chateado que vamos ficar longe além do necessário. - disse dando um beijo em meus cabelos e eu só balancei a cabeça enquanto lavava a louça chateada.
Será que ele não percebe o quanto isso é importante para mim? Eu sempre apoiei sua carreira. Aceito o fato de que para ele se sentir realizado profissionalmente, temos que passar dias longe um do outro. Aceito coisas calada porque o quero feliz. Agora quando é comigo ele é incapaz de fazer o mesmo? Para a carreira dele o tempo longe é necessário e para mim é o que?
- Não vamos mais falar sobre isso. Quero que o nossa dia seja especial hoje. - disse e me fez largar a louça de lado para que olhasse em seus olhos - Tenho uma surpresa pra você.
- Tudo bem. Não quero mais pensar nisso também. - coloquei minha chateação de lado e beijei seus lábios - Sabe que fico ansiosa com surpresa. Me conta o que é?
- Não. Vai estragar se eu contar. - belisquei seu bumbum e mostrei a língua pra ele.
- Menina birrenta. Vou arrancar essa língua fora e te dar umas palmadas. - Edward me pegou no colo e me colocou sentada em cima do balcão da cozinha, tirando a camiseta que eu usava e a jogou no chão - Quero fazer amor com você aqui pela última vez. - disse plantando beijos em meu pescoço, colo e seios.
Perdida em suas carícias eu concordei com um suspiro. Será que ele não gosta quando fazemos amor aqui?
Depois que saciamos nossa fome um pelo outro, tomamos um banho e saímos rumo a tal surpresa que ele queria me mostrar. A rua que ele entrou não me era estranha. Fica há cinco quadras da casa de seus pais e faz parte de um condomínio fechado. Edward estacionou o carro e eu o olhei esperando pela surpresa.
- Qual a surpresa Ed? Me mostra logo! - pedi ansiosa.
Ele riu da minha ansiedade e pediu que saíssemos do carro. Entrelaçando suas mãos na minha nós caminhamos em direção a uma casa quase no final da rua.
- Quem mora aqui, amor? Pensei que iríamos aproveitar o dia sozinhos. Não estou afim de conhecer ninguém.
- Não vamos conhecer ninguém, vida. - disse com o meu sorriso favorito no rosto e continuamos a caminhar até a porta da frente da casa. Nós paramos ali e Edward tirou do bolso de seu moletom uma pequena caixa vermelha - Abra.
Estranhando seu pedido eu olhei pelas janelas da casa me perguntando se logo sairia alguém dali de dentro. Eu fiz o que ele pediu e abri a caixinha, revelando ali uma chave.
- Para que serve essa chave? – perguntei confusa e Edward riu.
- É a chave da nossa casa. - disse pegando-a e colocou na fechadura, abrindo a porta em seguida.
Eu fiquei olhando para aquela chave aparentemente por tempo demais.
- Bella? Você entendeu o que eu disse?
Se eu havia entendido? É claro que eu havia! Mas sabe quando você não está esperando por um momento como esse?
Edward e eu já havíamos discutido a possibilidade de nos mudarmos do apartamento. Queríamos um cantinho só nosso, com nossa cara. No entanto, a ideia acabou não sendo mais discutida.
E agora... Ele diz que essa casa é nossa?
A casa em questão é linda. Toda em madeira trabalhada e com uma varanda lateral. Meu coração disparou no peito ao me dar conta de que...
- Você lembrou. - murmurei estupidamente sentindo meus olhos pinicarem pelas lágrimas.
Um dia quando estávamos deitados na cama e conversando sobre o futuro, eu exteriorizei um sonho que tinha. Quando meus avós ainda eram vivos, eles moravam no campo, e eu me recordo de correr pelo verde da propriedade, do cheiro da madeira e aconchego da casa deles. Me trazia uma sensação de paz tão grande que eu desejei ter uma casa como aquela para viver com minha família.
- Eu lembro tudo sobre você, Bella. Não esqueça nunca disso. - Edward disse com um olhar cheio de ternura - Papai me contou que um dos terrenos aqui estava vago. Lembra no aniversário dele que demos uma escapa? - eu fiz que sim com a cabeça - Eu vim fechar o negócio e autorizar o inicio da construção da casa.
- Ela é linda. Linda. - sussurrei em seu ouvido ao envolver meus braços ao redor de seu pescoço em um abraço apertado.
- Vem. Vamos conhecê-la por dentro.
- Você ainda não conhece?
- Não consegui acompanhar todo o processo, mas papai me ajudou bastante. Ele ficou em cima da construtora para que fizessem um bom trabalho. Eventualmente ele me mandava fotos e eu tive que me segurar para não mostrá-las a você.
A casa, ou melhor, nossa casa era maravilhosa. Com quatro quartos, sendo três suítes, sala de estar conjugava, cozinha, banheiro social, lavanderia e um quintal com piscina nos fundos. Era muito mais do que um dia sonhei em ter. Olhando cada espaço, minha cabeça já começou a elaborar ideias e mais ideias de como seria a decoração e os móveis.
- Eu tentei apurar um pouco as coisas para que, antes que você viajasse, nós já conseguíssemos vir pra cá, mas ainda faltavam alguns detalhes para serem terminados.
- Está tudo tão perfeito, Ed. Você não faz ideia da minha felicidade. - ele me abraçou por trás enquanto olhávamos para o jardim da casa.
- Eu já tenho você pra voltar para casa. Agora nós dois temos um lar para voltar também.
- O nosso lar. - suspirei maravilhada e me virei de frente a ele - Quando voltar de viagem quero vir pra cá. Estou cansada daquele apartamento frio.
- Ótimo. Assim tenho o que fazer quando você estiver longe. Tenho certeza que meus pais e Emmett vem me dar uma mão.
Nós ficamos a tarde toda babando pela casa. Inclusive fizemos nossa primeira refeição lá, sentados no meio da sala e comendo comida chinesa. Foi um dos melhores dias da minha vida.
Eu sei que Edward e eu temos um compromisso, somos noivos, moramos juntos há quase seis anos, e temos o desejo de casar em breve, mas sabe aquele momento em que você tem a sensação de que algo mudou?
Na verdade acho que todos nós mudamos. Amadurecemos. Nós saímos daquela fase adolescente, a qual tudo é novo, despreocupado, sem planos concretos. Agora nós somos adultos, com responsabilidades, alguns formando famílias e vivendo da maneira que desejam.
Todos nós evoluímos e esse passo entre Edward e eu demonstra que queremos levar em frente o compromisso que assumimos. Significa que estamos na mesma página.
Ou pelo menos era o que eu pensava.
No dia da minha viagem Edward amarrou o burro de tal forma que mal nos despedimos no aeroporto. Durante toda a viagem eu fiquei remoendo sua atitude, brava por ele estar agindo dessa forma. Ele estava conseguindo me fazer sentir culpada por essa situação. Como se eu não tivesse o direito de abrir mão de estar ao seu lado pelo meu trabalho. Contudo, assim que cheguei ao Rio, decidi esquecer sua birra e me concentrar no trabalho e em mim mesma.
Ao desembarcar fui até a esteira retirar minha mala e logo vi um homem segurando uma plaquinha com meu nome.
- Olá, sou Bella. - falei me aproximando e sendo recebida com um sorriso. Será que ele fala inglês? Ou vamos ter que nos comunicar através de gestos? Isso seria engraçado.
- Muito prazer, Bella. Sou o Daniel. - ele disse em inglês e com um sotaque diferente.
- Prazer, Daniel.
- É só isso que precisa despachar? - perguntou apontando para minha mala.
- Só. Não quis trazer muitas coisas com medo da companhia extraviar.
- Eu entendo. Bom, você deve estar cansada. Vou te levar ao hotel que ficara hospedada.
- Obrigada, Daniel. Um descanso agora será bem vindo.
Nós seguimos para o hotel e Daniel me disse que passaria me pegar amanhã cedo para visitar o campus. À tarde tenho um almoço de negócios com alguns representantes para expor minha ideia e apresentar nossas lojas. E no dia seguinte terei o dia livre para alguns passeios.
Fiz o check in e fui para o quarto. Tirei meus sapatos para ficar mais a vontade e abri a cortina, me deparando com a imagem de Copacabana. Curiosa eu andei pesquisando sobre a cidade, mas nada se compara com a visão ao vivo e a cores. Peguei meu Ipad na bolsa e tirei uma foto da paisagem, encaminhando em seguida para o e-mail de Edward com o número do meu quarto e o telefone do hotel.
Três minutos depois o telefone tocou.
- Alô?
- Boa tarde. Ligação de Los Angeles para Srta. Isabella. - uma voz feminina anunciou.
- Obrigada. - escutei a ligação ser passada e sentei na cama - Edward?
- Oi amor. Como foi a viagem? - quis saber animado, totalmente diferente do Edward que deixei naquele aeroporto. Essas variações no humor dele estavam me deixando maluca.
- Cansativa, mas correu tudo bem. Viu a paisagem que tenho do meu quarto?
- É linda. Queria estar aí para aproveitar com você. – disse suspirando - E o representante foi te pegar no aeroporto?
- Foi sim. Daniel o nome dele. Bem simpático.
- Uhum. Pensei que fosse uma mulher. Esse ramo não é para as mulheres?
- É para mulheres, homens e crianças, Edward. O que tem isso a ver com o fato dele ser homem?
- Nada. Só pensei que fosse mulher. - disse me fazendo rir pelo seu ciúme bobo - Já comeu? O pessoal ai fala a nossa língua né? Como é o hotel? Tudo limpinho?
- Vou comer daqui a pouco e sim, eles falam nossa língua. A época que existiam somente índios aqui foi há muito tempo atrás, amor. - zombei revirando os olhos.
- Só estou preocupado. Você está a milhas de distância. Se acontecer algo com você levaria horas para chegar até ai. - bufou - Por isso queria que Chase fosse no seu lugar.
Cansada de ouvir isso eu respirei fundo para não perder o controle.
- Vou tomar um banho, comer algo e depois descansar.
- Ok baby. Se cuida ok?
- Você também.
- Beijos. Te amo.
- Também te amo. Beijo.
Desliguei frustrada e só então me dei conta de que não perguntei como estava indo a mudança. Fui tomar um banho e optei por pedir serviço de quarto. Como estava faminta pedi uma massa acompanhada por um grelhado e suco natural de manga.
A tarde tirei um cochilo para descansar e, como ainda era cedo, fui dar uma volta ao redor do hotel para conhecer o lugar. Caminhei até o calçadão, admirada pela beleza do lugar iluminado a noite, dos barzinhos, restaurantes. Das pessoas caminhando livremente, fazendo exercícios, andando de bicicleta, com seus cachorros, pais e filhos brincando e tomando água de coco. Encantada com o lugar eu me imaginei ali ao lado de Edward, curtindo nossa lua de mel.
O dia seguinte foi bastante corrido, mas valeu muito a pena. A estrutura e laboratórios do campus da Natura é algo excepcional. Você vê claramente que cada funcionário que esta ali tem amor pela empresa e gosta do que faz. Eu conheci a linha completa de produtos deles, desde a coleta das essências, das frutas, das sementes, até a produção. O bacana também é o compromisso que eles tem com o meio ambiente, através de projetos que ajudam a restaurar florestas e de conscientização.
O almoço com os empresários também foi agradável. Eles foram extremamente simpáticos comigo, explicando tudo o que eu deveria saber e vice versa. Atualmente eles tem distribuição dos produtos pela América Latina e França, e eu senti que há um interesse grande sobre a expansão. Eles disseram que iriam estudar o caso e dali alguns dias me passariam uma posição.
Animada, corri para o hotel e loguei no skype para conversar com Edward. Contei a ele sobre meu dia, sobre cada detalhe que lembrava e ele me mostrou como nossa casa estava ficando, me deixando ansiosa para voltar.
- Não vejo a hora de chegar em casa. Arrumar nosso cantinho. - falei colocando o Ipad em cima da cama para que pudesse vê-lo enquanto troco de roupa.
- Também não vejo a hora. Nossa cama já está no lugar. Pronta para estrearmos o quarto. – disse erguendo as sobrancelhas sugestivamente - Por que não pega um voo mais cedo?
- Não seria legal Ed. Eles estão sendo tão bacanas. Sem contar que estou louca para conhecer um pouco da cidade amanhã. Daniel vai passar aqui pela manhã e vamos até o pão de açúcar.
- Hunf... Esse cara é guia turístico por um acaso? O hotel não oferece algum pacote com passeio?
- Para de ciúme, amor. Já está programado, vai ser tão rápido que nem vou conseguir ver tudo. Hoje ainda quero dar uma volta na praia, dar um mergulho no mar.
- Vai sozinha? Ou o tal Daniel vai junto também? - insinuou maldosamente. Meu folego ficou preso na garganta por não esperar isso dele.
- Eu não acredito que está insinuando algo desse tipo! Qual é o seu problema? - retruquei ofendida.
- Meu problema é você simplesmente largar tudo aqui sendo que outra pessoa poderia estar fazendo isso. Agora vai ser sempre assim? Vai viajar o tempo todo? Quando vamos ter tempo para nós dois?
- Eu não acredito nisso. O que te faz pensar que vou viajar o tempo todo? Se esse negocio der certo não vou ter tempo nem de sair de LA.
- É a mesma coisa! Vai estar tão ocupada que não vai conseguir viajar para nos vermos na minha folga.
Então esse é o verdadeiro problema. O fato de, pela primeira vez em nosso relacionamento, eu pensar um pouco em mim mesma. É errado eu também querer uma carreira? Ocupar minha cabeça para não ficar remoendo a falta que ele me faz? Querer ter a minha vida em conjunto ao nosso relacionamento?
- Pode parar por ai. Isso aconteceu uma vez em todos esses anos desde que você começou a correr, Edward. Uma vez... Mas aparentemente é o suficiente para você jogar isso na minha cara. - eu parei em frente daquela maldita tela, sentindo que ia explodir se não falasse tudo o que estava em meu peito - Agora o engraçado é que você pode tudo, certo? - ri sem humor - Para você viver o seu sonho, eu tive que aceitar ficar longe, mas eu aceitei porque quero que seja feliz. Eu fiquei um ano inteiro acompanhando você depois que terminei a faculdade, curtindo sua carreira, te apoiando, querendo estar mais perto porque queria te ver feliz. Eu vivi o seu sonho. Agora que quero viver o meu, o que recebo? Um noivo egoísta que me ofende ao insinuar que eu vim aqui atrás de outro homem! Não porque eu quero uma carreira, não porque quero me realizar profissionalmente. – um nó se formou em minha garganta e lágrimas silenciosas caíram de meus olhos.
- Vida não foi isso que quis dizer. Só estou chateado que não está aqui. – Edward disse agitado.
- Eu também fiquei muitas vezes chateada, Edward. Agora eu te pergunto... Alguma vez reclamei disso tudo? Insinuei que aquelas vadias que vivem dando em cima de você nas corridas te interessavam?
- Não. – respondeu passando as mãos no cabelo nervosamente.
- Exatamente. Não. Eu sempre penso em você antes de tomar qualquer decisão. Perguntei como se sentia com relação a essa viagem e você disse que estava tudo bem. Agora simplesmente age ao contrário? Você espera o que de mim? Que te siga pro resto da vida? Viver como Patrick e Selena vivem? Você sabe que sou contra isso. – falei chorosa.
- Você quer o que? Que eu desista de tudo? Você sempre me apoiou! – disse irritado desviando o olhar da tela.
Eu balancei a cabeça magoada por ele, uma vez mais, achar que tudo é sobre ele. Não quero que Edward desista de seu sonho, mais sim que compartilhe o meu.
- Exatamente Edward. Eu sempre te apoiei e te apoio até hoje. E você? – ele ficou quieto por alguns minutos e quando seus olhos voltaram para tela eu vi tristeza neles - Eu nunca vou te pedir para desistir de seu sonho porque eu te amo, porque quero te ver feliz. A única coisa que peço em troca é que você faça o mesmo.
Edward ficou olhando para a tela perdido em pensamentos. Quando voltou a falar ouvi alguém chamá-lo ao fundo.
- Emmett e meus pais estão aqui, vou ver se não precisam de nada. Amanhã nós conversamos. – disse me dispensando.
- Ok. – limpei as lágrimas do meu rosto, brava porque ele estava fugindo da conversa.
- Tchau vida.
- Tchau.
Eu mal dormi aquela noite. Desisti até mesmo de dar o passeio que queria. Magoada pelo seu egoísmo, no dia seguinte resolvi fazer o mesmo que ele. Levantei disposta a aproveitar cada minuto que estava ali. Já que Edward não podia ficar feliz por mim, ficaria sozinha.
Nós não nos falamos até minha chegada a LA e quando desembarquei, fiquei surpresa e ao mesmo tempo preocupada ao ver Emmett e Melanie ali.
- Pode desfazer essa cara de preocupada. Não aconteceu nada. Edward só teve que resolver algumas coisas e pediu que viesse te buscar. - eu fiquei ainda mais magoada com isso e com vontade de perguntar se ele estava me evitando, mas achei melhor não. Esse assunto é entre Edward e eu - Como foi a viagem?
Emmett e eu fomos conversando durante todo o trajeto até em casa, escutando Mel brincar no banco traseiro e balbuciar alguns Bhuuu... Dhraaa... E risadas fofas. Ao estacionar em frente de casa, meu coração doeu por saber que entraria em uma casa vazia. Que Edward não teve sequer a delicadeza de me ligar e avisar que não estaria me esperando. O que é mais importante do que nosso relacionamento?
- Você não quer entrar um pouquinho? - perguntei na esperança de não ficar sozinha.
- Preciso dar de comer para Mel, mas vou cobrar uma festa de inauguração da casa - disse dando uma piscadela.
- Combinado. - beijei a bochecha rosada de Mel e Emmett arrancou com o carro.
Eu caminhei até a porta de casa, procurando minha chave na bolsa enquanto arrastava minha mala com a outra mão. Ao encontrá-la com certa dificuldade, abri a porta e, com um suspiro, girei a maçaneta. Ao olhar para dentro de casa, deparei-me com um mar vermelho. Um mar de rosas vermelhas. Nossa sala de estar estava recheada com arranjos de rosas. A iluminação estava branda por conta de algumas velas espalhadas pelo chão. Meus olhos começaram a lacrimejar e meu corpo reagiu instantaneamente ao sentir a presença de Edward ali.
Ele me olhava com expectativa, segurando um lindo buque de rosas amarelas.
- Bem vinda ao nosso lar, meu anjo - Edward disse se aproximando - Eu gostaria de poder te recepcionar dessa maneira todas as vezes que voltar para casa. - ele me entregou o buque de rosas, fechou a porta e colocou minha mala no canto da sala - Mas, mesmo não estando presente fisicamente, compreendi que ainda posso fazer isso. - sua mão acariciou meu rosto de leve, enxugando algumas lágrimas que caíram - Me desculpe por não enxergar isso antes. Por ter sido egoísta, por ter te magoada e te ofendido. Por descontar em você minhas próprias frustrações. Eu pensei muito nesses dias que você ficou longe e senti na pele aquilo que você vivencia há anos. Eu fiquei bravo comigo mesmo e projetei minha raiva em você. Fiquei bravo por todas as vezes que te deixei sozinha e ainda assim você continuou ao meu lado, me apoiando. Me desculpe por não te apoiar também. - disse beijando de leve meus lábios e com os olhos marejados - Hoje a doce senhora que me ajudou com as rosas, me explicou o significado de cada uma delas. As vermelhas representam amor, paixão. Mas eu comentei com ela que você é muito mais do que isso pra mim. Então me disse sobre as rosas amarelas. Que elas também significam amor, porem muito mais além disso. Representam respeito, amizade, desejo, alegria e felicidade. Foi ai que pensei: Elas são perfeitas porque ilustram tudo o que sinto por você.
Emocionada e surpresa com suas palavras as lágrimas caiam livremente. Meu coração ficou mais leve, calmo, coberto pelo carinho e amor que ele transmitia em cada palavra. E o mais importante, por ele ter enxergado que em um relacionamento ambos os lados tem que ceder. Fazer concessões. Sei que ainda temos que trabalhar muito nesse ponto porque ainda irão surgir muitas coisas pelo caminho, mas só o fato dele admitir e querer tentar já é o bastante por agora.
- Como foi tudo? Quero saber cada detalhe. - disse sorrindo e dando leves beijos em meus lábios - Preparei um jantar gostoso. - entrelaçando seus dedos aos meus, nos guiou até a cozinha - Hoje é o meu dia de cuidar de você.
Eu sorri animada com seu carinho e cuidado e, enquanto Edward nos servia, eu comecei a contar tudo a ele, me sentindo segura, amada, realizada.