Capítulo 10 - A ajuda chega de onde menos se espera...

 

EDWARD POV

 

Eu pisquei os olhos com força não acreditando no que via. Aquele fantasma só podia ser fruto da minha imaginação. Se já não bastassem todos os meus problemas agora minha mente está me pregando peças.

Exausto pela noite mal dormida eu cocei meus olhos, torcendo para que a visão sumisse da minha frente e eu pudesse começar meu dia.

    - Oi Edward. Será que podemos conversar? - O fantasma disse e meu cérebro no mesmo instante se deu conta de que ela era de verdade.

O que essa garota faz aqui? Ou melhor, como ela conseguiu chegar até aqui sem ser vista por ninguém?

Reparando em sua aparência eu notei Tânia tirar os óculos escuros e também um lenço que cobria seus cabelos. Ela estava se escondendo.

    - O que quer aqui? - Perguntei desconfiado e com meus sentidos em alerta olhei para os lados no corredor - Como você subiu aqui sem autorização?

    - Eu... Esperei o porteiro atender uma entrega e aproveitei a oportunidade. - Ela disse olhando para o chão e parecendo nervosa - Por favor, será que podemos conversar? - Pediu dando um passo à frente, saindo da penumbra entre a parede e a porta e eu consegui visualizar melhor seu rosto. Seu semblante era cansado, abatido, seus olhos aparentavam o de alguém que havia dormido pouco e eu me assustei quando vi uma marca arroxeada no canto de seu rosto. Eu não dei espaço para que ela entrasse, desconfiado demais pelos últimos acontecimentos - Eu venho em paz, Edward. Sam não me mandou aqui. Por favor, escute o que tenho a dizer.

Intrigado e cansado demais para relutar resolvi escutar o que ela tinha para dizer. Dei um passo para o lado e deixei que ela entrasse no apartamento. Fiz sinal para que sentasse no sofá e liguei para Alan, avisando que tinha mudado meus planos e pedi que ele subisse e ficasse escoltando nossa porta. Precaução nunca é demais.

    - Obrigado por me deixar entrar. - Disse sentando-se no sofá - O que tenho para dizer é muito importante e eu espero que você possa me ajudar.

Eu ri sem humor - Porque acha que eu te ajudaria? Que eu saiba você faz parte da laia daquele infeliz e qualquer pessoa que confabule com ele é insignificante pra mim.

    - Eu nunca fiz parte de nada disso, Edward. Eu só tive a infelicidade de nascer em um ambiente como esse. - Ela suspirou - Eu assumo que errei ao não te contar sobre Sam e eu naquela época, pelo que fiz com você, mas não foi por malda...

     - Se você veio aqui tentar justificar o que fez então perdeu seu tempo. - Falei cruzando os braços e sentei no sofá de dois lugares - Eu já deixei isso para trás há muito tempo. É esse o jogo dele agora? Te mandar aqui para tentar algo comigo?

Tânia balançou a cabeça de forma frenética - Eu já disse que não. Sam ao menos sabe que estou aqui. - Ela exalou cansada tirando um envelope da bolsa e voltou a me olhar - Me desculpe por tocar no assunto. Eu não tenho mais a quem recorrer Edward. Eu só preciso que me escute.

    - Pois bem. Pode começar. - Pedi me ajeitando no sofá e percebi Bella parada ali nos olhando. Eu levantei e fui até ela - Bom dia, vida. - Beijei-a com carinho vendo a confusão em seu rosto.

    - O que ela faz aqui Edward?

    - Eu não sei, amor. Ela apareceu agora a pouco e disse que precisa me contar algo.

    - Você quer que eu... - Bella começou a dizer apontando para nosso quarto.

    - Eu só não te chamei antes porque fomos dormir tarde ontem e eu queria que descansasse. Eu adoraria que ficasse aqui comigo. - Falei acariciando seu rosto.

Ela sorriu com meu carinho - Eu fico sim, mas nem penteei meus cabelos direito e... - Disse olhando para Tânia e eu sorri. Mulheres, sempre serão mulheres.

    - Você está linda. Como sempre. - Beijei seus lábios de leve e entrelacei nossos dedos, puxando-a para sentar ao meu lado.

    - Olá Isabella. - Tânia cumprimentou-a como se conhecesse minha garota.

    - Oi ah... Tânia. - Bella franziu o cenho me olhando.

    - Não se assuste, mas a impressão que tenho é que já nos conhecemos há algum tempo. - Dessa vez eu franzi o cenho.

    - Como assim?

Tânia respirou fundo e eu notei que suas mãos tremiam - Desde que você se mudou para Forks, Sam sabe tudo de sua vida, Edward. Ele se tornou obsessivo com a ideia de ter tudo o que você tem. Ele fez até mesmo um acordo com aquela tal de Lauren.

Meu coração disparou no peito - Espera... Como você sabe sobre isso?

    - Sam planejou tudo. Ele sabia que o tio daquela garota fazia parte da Jordan´s e, em troca de tirar Isabella do caminho, ele queria que você tivesse uma oportunidade para mostrar seu talento.

    - Me tirar do caminho? - Bella apertou sua mão na minha e eu senti seu corpo ficar tenso.

    - Lauren estava apaixonada por você, Edward. O acidente que Isabella sofreu foi planejado pelos dois.

Eu não podia acreditar. Sam foi o responsável por aquele acidente? E aquela vadia? Ele é mais doente do que eu pensava.

    - Por que está nos dizendo isso? - Perguntei confuso.

Não fazia sentido Tânia estar aqui nos confessando tudo isso. O que ela quer afinal de contas?

    - Será que eu posso tomar um pouco de água? - Tânia perguntou pálida e tremendo ainda mais.

    - Eu vou pegar. - Bella se prontificou e foi até a cozinha - Aqui está.

    - Obrigada. - Tânia tomou alguns goles enquanto Bella sentava novamente ao meu lado - Você fez parte do meu mundo por um tempo e sabe como as coisas funcionam. Desde que Sam tomou as rédeas dos negócios do papai tudo começou a ficar diferente. Na verdade essa obsessão que ele tem por você chegou ao ponto da paranóia. - Ela colocou o copo na mesa de centro e continuou - Meu pai e Sam sempre brigaram por causa disso, porque ele não focava a atenção nos negócios e sim em destruir você. Eu vim aqui hoje Edward disposta a contar tudo o que sei, porque eu não aguento mais viver com medo.

Tânia começou a chorar e só então eu percebi que o negócio era realmente sério - O que foi que aconteceu, Tânia?

    - Meu pai está sumido há dois dias. Ninguém sabe o que aconteceu com ele. Ontem quando perguntei ao Sam se ele tinha alguma noticia sobre o paradeiro de papai, ele simplesmente me ignorou. Eu não deixei o assunto morrer e Sam ficou violento, dizendo que eu não tinha nada com isso e que se abrisse minha boca de novo eu seria a próxima. Se algo aconteceu com papai eu sei que pode acontecer comigo também. Eu não quero mais viver com medo, Edward.

Espantada pela confissão, Bella levou as mãos aos lábios e eu vi seus olhos lacrimejarem. Por incrível que pareça isso não me espantou. Só confirmou minhas suspeitas de que Sam é capaz de tudo. Naquele momento eu fiquei sem saber o que fazer e foi Bella quem me ajudou. Eu sorri por sua bondade e compaixão. Ela levantou-se e sentou ao lado de Tânia, confortando-a enquanto chorava.

Quando Tânia e eu nos conhecemos nós nos identificamos porque tínhamos algo em comum. Naquela época eu tinha os problemas com meus pais e ela também sofria pelo mesmo motivo. A mãe de Tânia a abandonou quando tinha apenas seis anos e Phillipe, segundo ela, nunca foi um pai carinhoso e presente.

Tânia realmente parecia não pertencer aquele mundo de maldades e bandidagem e foi isso que me levou a questionar, por diversas vezes, porque ela fez o que fez. Talvez para se proteger? Se já naquela época ela conseguia enxergar essa segunda face de Sam, talvez tenha ficado com medo de ficar ao meu lado, pois eu não tinha garantias. Estava envolvido em algo que eu não tinha pleno controle.

No entanto, ela fez sua escolha. Uma escolha que agora é uma ameaça a sua vida.

Refletindo sobre o passado, eu me perguntei o que teria acontecido se tudo fosse diferente. Se eu não fosse preso naquela noite e continuasse levando a vida que eu levava. Eu estaria aqui hoje?

Isso me leva a crer que nada na vida acontece por acaso.

    - Tânia eu sinto muito pelo o que está acontecendo, no entanto eu não vejo como posso te ajudar. Se estamos sendo honestos aqui Sam está conseguindo o que ele quer. Com todas essas mentiras ele está destruindo minha carreira e ameaçando quem está a minha volta. Eu não tenho como provar tudo que ele já fez.

Tânia já estava mais calma e estendeu o envelope que havia tirado da bolsa para que eu pegasse - Algumas semanas atrás papai e eu tivemos uma conversa. Eu não sei se ele estava pressentindo isso ou não. Papai não entrou em detalhes comigo, só disse que se algo acontecesse com ele, era para eu retirar esse envelope do cofre em meu quarto e procurar ajuda. - Eu abri o envelope e comecei a folhear os papéis que tinha ali. Lendo os documentos com calma, vi nomes de diversas pessoas, contas bancárias, planos e negociações de drogas, armas e contrabando.

Tomando ciência do que tinha em mãos eu olhei para Tânia sem acreditar no que via - Você tem noção do que é isso, Tânia?

    - Eu sei o que esses papéis representam Edward. São a sua e a minha liberdade. Por isso vim até aqui hoje. Aceite como um pedido de desculpas e um grito por ajuda.

Eu levei alguns minutos para reagir. Era difícil acreditar em algo tão surreal. Nem em um milhão de anos eu adivinharia que a ajuda viria de onde tudo começou.

A primeira reação que tive foi pegar meu celular e discar para a única pessoa que poderíamos confiar esses documentos.

    - Charlie? É o Edward.


Quando Charlie e eu conversamos após todo aquele desentendimento, ele me pediu desculpas pela maneira como agiu e também pelas palavras duras que havia me dito. Disse que foi duro daquela forma porque me considera como um filho e por temer que algo acontecesse com Bella e Renesme.

Nossa conversa foi pacífica e me trouxe certa esperança. Charlie queria nos ajudar e disse que conversaria com alguns conhecidos da polícia e tentaria descobrir se havia alguma investigação relacionada ao Sam ou Phillipe. Entretanto o que descobriu foram somente alguns casos pequenos e que estavam até mesmo arquivados. Não havia nada de concreto para incriminá-los e foi ai que minha esperança foi se esvaindo.

Eu sabia que precisava ser cauteloso, pois da mesma forma que eu acreditava que aquilo pudesse nos ajudar, eu também sabia que nem sempre tudo é tão fácil como parece. As leis são muito complexas e a justiça precisa de provas concretas.

Por telefone eu expliquei por alto para Charlie tudo o que Tânia havia contado e ele se prontificou a pegar o primeiro vôo para LA. Liguei também para meus pais. A mudança deles está agendada para essa semana, mas papai fez questão de vir para cá acompanhado pelo advogado da família.

Ao encerrar a ligação eu senti a presença de Bella ao meu lado e, ao olhar em seus olhos, eu visualização o reflexo das mesmas emoções que eu estava sentindo no momento. Era um misto de ansiedade, alegria e esperança de que tudo voltaria ao normal.