Capítulo 20 - Passado

Música – Alex Band - Please


BELLA POV



- Está surpresa não é mesmo? – Esme me abraçou e eu a fitei sorrindo.

- Querida não vou mentir, realmente não espera vê-la por aqui. Venha, vamos até a minha sala. – entramos numa sala muito bonita e moderna - Sente-se e fique a vontade. – ela fechou a porta e apontou uma cadeira.

- Obrigada Esme. – sentei e ela foi até a cadeira do outro lado da mesa.

- Você veio sozinha?

- Não, vim com um amigo e minha irmã. Saímos cedo de casa, até que foi rápida a viagem.

- Que ótimo. Vieram conhecer a cidade? – me fitou curiosa.

- Na verdade não. – eu abaixei o olhar um pouco envergonhada – Precisava conversar com você.

- Comigo? Então deve ser algo muito importante, se não teria me ligado.

- Sim é muito importante, mas não faço idéia de como começar. – sorri sem graça.

- Vejamos – ela colocou a mão no queixo pensativa – Comece pelo começo. – riu despreocupada e eu a acompanhei.

- Esme eu não sei se o que eu estou fazendo é o correto, mas meu coração me diz que tenho que fazer isso.

- Certo, então vamos lá. Você aceita um café ou um chá? – indagou indo em direção a uma térmica que estava em cima de um balcão.

- Não obrigada. Veja Esme no dia que nos conhecemos eu já queria ter conversado com você sobre isso.

- É mesmo?

- Sim, mas não tivemos uma oportunidade de ficarmos a sós e Alice pediu que não comentasse isso com você.

- Bella você está me preocupando, o que Alice tem a ver com isso? – ela sentou novamente e me fitou com o cenho franzido.

- Na verdade ela não tem nada a ver sobre isso, e sim o Edward.

- Edward? Qual o problema com ele?

- Esme... Você sabia que o Sr. Carlisle expulsou Edward de casa? – a expressão dela mudou completamente.

- O que?

- Já faz pouco mais de dois meses.

- Bella eu não... – a interrompi.

- Desde aquele dia em que esteve em Forks ele já não estava mais em casa. Eu estou muito preocupada com ele.

- Bella eu estou confusa. Bene me falou que Edward não ia voltar para casa naquele final de semana porque tinha ido viajar com alguns amigos. Eu até fiquei chateada por ele perder o aniversário da irmã.

- Não Esme, ele estava na festa. Alice não quis lhe contar nada, porque logo você voltaria para cá. – ela abaixou a cabeça e fechou os olhos, respirando fundo.

- Agora eu entendo o clima estranho. – Esme levantou e foi até a janela.

- Esme o Edward precisa de ajuda. Desde que saiu de casa ele anda aprontando muito, eu sinto que ele está perdido com essa situação.

- Bella é complicado. – ela respirou fundo e continuou - Eu senti que isso poderia acontecer depois de tudo.

- Eu não entendo, depois de tudo? – ela me fitou sorrindo fracamente.

- Você gosta dele não é mesmo? – eu sustentei o olhar por alguns segundos e assenti sem jeito. - Você sabe onde ele está? – me perguntou chegando mais próximo.

- Sei, na verdade descobri por acaso. Semana passado o encontrei bêbado na rua e o ajudei. Descobri em que hotel está ficando.

- Como assim por acaso? Então vocês não têm nada?

- Não, ele terminou comigo depois que isso aconteceu. Ele afastou todos que querem o bem dele. Eu tentei me afastar também, mas eu o amo demais Esme, não posso ver tudo isso e fechar os olhos. Eu quero ajudá-lo de alguma forma, por isso vim te procurar. – ela deu a volta na mesa pensativa.

- Bella... Você quer almoçar comigo? – olhou o relógio e aguardou minha resposta. Eu fiquei sem reação.

Como ela me chama para almoçar depois de lhe contar isso?

- Almoçar? – franzi a testa não compreendendo.

- Sim. Precisamos conversar e esse assunto não pode ser tratado aqui, então vamos almoçar. Conheço um ótimo lugar aqui perto.

- Tudo bem. – concordei e me levantei.

Esme pegou sua bolsa, avisou a secretária que estava saindo, e nos conduziu até um restaurante próximo. O lugar era bem aconchegante. Pedimos uma mesa afastada e sentamos. Fizemos o pedido e aguardei que ela se pronunciasse.


- Bella eu fico muito grata que tenha vindo, mas precisa saber dos meus motivos por não estar presente em casa.

- Esme eu sei que isso é muito particular, então se não quiser... – me interrompeu.

- Não querida, eu não me incomodo em compartilhar isso com você. Sabe Bella, desde o dia em que nos conhecemos, eu senti algo especial sobre você. Eu até desconfiei que tivesse algo com o Edward somente pelo o que vi em seu rosto quando olhávamos as fotos dele. – sorri sem jeito.

Isso é tão transparente assim?

- Ele alguma vez te contou como eu conheci o pai dele? – eu assenti – Carlisle foi anjo que entrou na minha vida Bella. Aquele dia no hospital, eu estava desesperada, completamente perdida. Havia pegado uma gripe muito forte e como não tinha condições de comprar remédios, acabei me descuidando. Naquele dia em que fui procurar o hospital sentia fortes dores no peito e mal conseguia respirar. Quando a recepcionista me disse que não poderia ser atendida meu chão caiu, e isso contribui para o meu estado. Quando dei por mim, acordei numa maca com ele me olhando.

- Edward me contou que ele desrespeitou as regras do hospital para ajudá-la. – ela sorriu.

- Eu fiquei muito agradecida por ele ter feito aquilo, ele salvou nossas vidas naquele dia. Depois que melhorei queria agradecê-lo de alguma forma e acabamos nos tornando grandes amigos, e depois nos apaixonamos. Seus pais não gostaram do nosso namorado e muito menos do nosso casamento, afinal como um Cullen se casaria com uma qualquer que não tem um sobrenome importante. – seu semblante ficou amargo enquanto falava sobre isso – Eu tive que enfrentar muito preconceito para ficar com ele Bella, e ele sempre se mostrou firme em sua decisão em me querer em sua vida.

- Depois que vocês casaram e ele se formou, Edward me contou que ele tinha um projeto de abrir um hospital. – ela assentiu – Vocês trabalhavam juntos?

- Sim, adorava fazer aquilo e Carlisle também. Eu podia ver essa paixão em fazer o bem em seus olhos. O projeto do hospital acabou não dando certo porque seu pai não quis lhe dar o dinheiro de sua parte na herança, alegando que aquilo não traria dinheiro e benefício algum. Ele ia tentar uma parceria com alguns médicos que o ajudaram a idealizar o projeto, mas depois do que aconteceu entre ele e eu, acabou desistindo. – ela fitou o copo d’água pensativa.

- Esme o que aconteceu? Por que você não acompanha a vida de seus filhos? – ela me olhou duramente.

- Bella eu acompanhei cada fase deles, só não estive muito presente. Eu precisei me afastar para o bem estar deles. Eu nunca faria isso se não precisasse. Antes de conhecer o Carlisle eu me envolvi com outra pessoa. – respirou fundo – Maldito dia em que o conheci.

- Por que diz isso? – perguntei apreensiva por sua expressão.

- Eu conheci o Joshua ainda muito nova, paixonite de adolescente. Nos conhecemos em uma festa e depois desse dia saímos por um tempo. Eu resolvi terminar com ele quando descobri que estava mexendo com drogas, na verdade ele era usuário, só que ele não se conformou com isso e me perturbou por muito tempo. Foi nessa época que eu conheci o Carlisle e descobri que estava grávida. – ela me olhou e sorriu – O Edward não é filho do Carlisle, Bella. – eu fiquei tão surpresa que não sabia o que falar.

- Ele descobriu minha gravidez quando fiquei internada, por isso digo que ele salvou nossas vidas. Joshua descobriu minha gravidez depois de algum tempo, quando minha barriga começou a aparecer e continuou me perseguindo. A família do Carlisle não queria que seu filho casasse e ainda assumisse um filho bastardo. Ele me surpreendeu quando foi contra todos e me pediu em casamento. Ele amou o Edward desde o primeiro momento em que o viu e o assumiu como filho. Isso encheu meu coração de alegria. Depois veio o Emmett e por último a minha pequena Alice. Joshua acabou desistindo e simplesmente sumiu de nossas vidas, ou pelo menos era o que eu pensava na época.

Fomos interrompidas pelo garçom que chegou com nossos pratos. Esme tomou um gole de água e continuou.

- Quando Edward tinha oito anos, Joshua apareceu novamente exigindo dinheiro para não contar a verdade ao meu filho. Eu neguei veemente. Ele então me contou que estava se envolvendo com minha irmã e ela também estava usando drogas. Na época que nos conhecemos minha irmã já tinha se interessado por ele, e eu pedi que ela se afastasse, mas foi em vão. Eu fui vê-la para comprovar a história e fiquei decepcionada quando vi que era verdade. Ela me contou que pediu para Joshua me chantagear, para conseguir dinheiro para pagar dívidas com traficantes. Eu fiquei muito apreensiva por não saber como Edward reagiria sabendo da verdade e pela minha irmã. Eu tentei fazê-la reagir e se tratar, mas recusou, e um dia apareceu cheia de hematomas, porque havia levado uma surra das pessoas para quem devia. Eu temi por sua vida e resolvi ajudar. Não tínhamos a quem recorrer, perdemos nossos pais quando ainda éramos crianças, então por ser a irmã mais velha, me senti na obrigação de ajudá-la. – Esme suspirou pesadamente por lembrar de tudo isso - Eu não contei para meu marido que Joshua e minha irmã tinham me procurado. Ele nunca concordaria com isso, achei que poderia resolver sozinha. Carlisle e eu tínhamos uma conta conjunta, então retirei algum dinheiro e dei para Joshua ajudar minha irmã. Hoje eu vejo que nada seria o suficiente para ele nos deixar em paz, e me arrependi por não ter contado ao meu marido. Ao invés de pagar a dívida, Joshua usou esse dinheiro em benefício próprio, e depois de um tempo veio pedir mais. Ele não deixava que eu encontrasse com minha irmã, alegando que a mataria se não os ajudasse. Em um dos encontros que tivemos, o pai do Carlisle nos viu, e contratou um investigador para saber o que eu fazia. Quando fomos passar um final de semana na casa de campo da família, o pai dele me abordou, mostrando fotos minhas entregando dinheiro ao Joshua e me chantageou, dizendo que se eu não me afastasse de seu filho, contaria ao Carlisle que eu estava o traindo e sustentava aquele vagabundo. Bella ele ameaçou tirar meus filhos de mim e fazer da nossa vida um inferno. Eu não sabia o que fazer. Como poderia explicar ao Carlisle todo aquele dinheiro e o porquê de ter escondido isso dele? Eu temia pelos meus filhos, queria o melhor para eles, independente se tivesse que sacrificar meu casamento. Foi quando resolvi me afastar e comecei a viajar, ficando pouco tempo em casa. Joshua viu que não teria mais como conseguir dinheiro comigo e sumiu novamente, levando minha irmã com ele. Nesse período o pai de Carlisle tentou aproximar meu marido da filha de um grande amigo dele, que era dono de uma grande empresa na Califórnia. Eu fiquei contente em saber que ele não cedeu ao pai. Carlisle reclamava muito da minha ausência e isso partia meu coração. Chegou um momento em que não agüentei mais essa situação, e voltei para casa, foi a minha perdição. Seu pai lhe mostrou as fotos me acusando e Carlisle se virou contra mim, não me deixou nem dar explicações e me expulsou de casa. Edward presenciou nossa última briga e quase escutou toda a história. Ele brigou com o pai por minha causa, e depois daquele dia não se entenderam mais. Carlisle ficou tão amargurado que se fechou totalmente, projetando minha culpa em cima do meu filho.

- Nossa Esme, sinto muito por tudo isso. – peguei sua mão e a apertei, em sinal de solidariedade - Mas vocês continuam casados não é mesmo?

- Sim, ele não quis se divorciar. Não sei se pela esperança de que tudo isso seja mentira ou somente para evitar os comentários. Ele sempre criticou seu pai por ser mesquinho, mas acabou ficando igual a ele, só pensa em seu trabalho e em sua reputação como médico. – seu semblante ficou triste.

- Você tentou mostrar para ele que era tudo mentira, os seus motivos para fazer aquilo?

- Várias vezes, mas ele nunca me deu ouvidos, preferiu acreditar na mentira. Bella me parte o coração em saber que meus filhos estão sofrendo e eu não posso fazer nada. Desde a última briga ele me impediu de vê-los. Eu implorei para ele que não me tirasse esse direito, e a muito custo ele concordou que eu os visse em datas comemorativas, por isso fui somente para o aniversário de Alice. Quando tudo aconteceu, Edward e Carlisle brigaram por diversas vezes, e meu filho se revoltou com o pai, enquanto ainda estavam aqui na Califórnia. Edward acabou se envolvendo com coisas ruins, e eu pedi para Carlisle tirar ele daqui e ir morar em outro lugar, tinha medo que as coisas piorassem.

- Alice me contou o que aconteceu Esme, e eu tenho medo que ele se envolva com algo ruim de novo. Você precisa arrumar um jeito de contar a verdade. – supliquei a ela.

- Bella é não é tão fácil assim. Aconteceu tanta coisa nesses dois anos. – ela olhou para o relógio com uma expressão nervosa.

- Eu não entendo o que há de complicado nisso. Porque não pedi para sua irmã contar a verdade? Você prefere que seu filho sofra por isso? – olhei para ela apreensiva.

- É claro que não, tudo o que eu mais quero é ver meu filho bem. Bella... Hoje eu acredito que nem tudo o que acontece é por acaso. – ela sorriu parecendo pensar em algo.

- Não entendi. – a olhei confusa.

- Você já terminou seu almoço? – eu assenti.

- Então eu quero te levar a um lugar. Você volta que horas?

- Pretendemos voltar ainda hoje, acho que lá pelas três horas.

- É cedo ainda. Vamos, é perto daqui. – pagamos o almoço e começamos a caminhar. - Admiro essa sua coragem Bella. Posso ver que gosta muito do meu filho, por fazer isso por ele. Se tivesse tido essa sua coragem, talvez as coisas fossem diferentes hoje, mas você vai entender o porquê do nada o que acontece é por acaso.

Caminhamos mais duas quadras e paramos em frente a uma creche. Esme entrou e conversou com uma moça por alguns minutos. A mesma foi até uma sala e voltou com uma menina no colo, que aparentava ter dois aninhos. Olhei para seu rosto angelical, tinha os olhos claros e os cabelos na mesma tonalidade dos de Esme. A menina pulou em seu colo e sorriu. Esme a beijou e a trouxe até onde eu estava.

- Bella essa é a Gabriela. – eu peguei sua mãozinha e lhe dei um beijo estalado. Ela sorriu para mim. Reparei nos traços de seu rosto mais de perto, e a semelhança com as fotos de Edward quando era pequeno me deixou espantada.

- Olá Gabriela, você é muito linda sabia? – apertei sua bochecha e ela se jogou em meu colo.

- Ela gostou de você Bella. – Esme fez carinho em seu rosto - Vamos sentar aqui. – apontou um banco do lado de fora da creche.

- Bella no dia que aconteceu minha briga com Carlisle e eu sai de casa, vim para São Francisco. Eu estava arrasada e sem cabeça para planejar o que ia fazer. Alguns dias antes minha irmã entrou em contato, dizendo que estava morando aqui, então liguei para ela e pedi para ficar em sua casa, até alugar um apartamento. Quando cheguei à casa da minha irmã naquele dia, fiquei chocada em vê-la desmaiada, e ainda por cima grávida. A levei para o hospital mais próximo, e descobriram que ela tinha usado drogas naquele dia. Ela entrou em trabalho de parto e fizeram uma cesariana para salvar a vida do bebê, mas ela acabou não resistindo. Quando me avisaram que o bebê tinha nascido, corri para a UTI, pois ele era prematuro e teve complicações, porque minha irmã usou drogas durante a gestação. Quando a vi naquela incubadora tão indefesa, eu chorei compulsivamente, por ter perdido minha irmã de uma maneira tão estúpida e por ver aquele anjo tão frágil. Se eu não tivesse aparecido aquele dia Bella, nenhuma das duas estaria aqui hoje. A Gabriela não seria essa linda menininha.

- Então ela é irmã do Edward? – estava surpresa e atônita ao mesmo tempo – Eu não entendo, ele me contou que você estava morando com sua irmã.

- Sim essa doçura é irmã do Edward. Bella eles não sabem que minha irmã morreu. Edward veio para cá uma vez e estava tão magoado por não me ter por perto, que nós mal conversamos sobre isso.

- E o Joshua?

- Ele sumiu quando descobriu a morte da minha irmã e abandonou a filha. Eu sou a única pessoa que ela tem Bella. Entende agora? É esse anjo que me fortalece para continuar a viver, e os meus filhos que estão longe, mas ao mesmo tempo perto. Eu sei de tudo o que acontece por lá. Bene é a minha confidente Bella, sempre me ajudou muito e sabe de tudo. Ela me conta tudo sobre meus filhos e meu marido. Surpreendi-me por ela não ter me contado sobre Edward, mas acredito que seja por causa da doença da Gabriela.

- Doença? O que ela tem. – perguntei aflita enquanto Gabriela brincava com os meus cabelos.

- Ela tem uma deficiência no coração, por ter nascido prematura e pela drogas que minha irmã usou. Ela precisa tomar medicamentos e fazer um acompanhamento rotineiro, até conseguirmos um transplante. Ela acabou pegando uma gripe forte e ficou internada por um tempo. Eu passava dias e noites com ela no hospital, acredito que Bene quis me poupar tanta preocupação. Eu não sei o que fazer Bella. Carlisle não me escuta, meus filhos pensam que eu os abandonei e de repente eu me deparei com essa linda criança. Eu pedi diversas vezes para minha irmã contar a verdade a ele, mas ela sempre fugiu, com medo de que ele chamasse a polícia. Agora eu estou de mãos atadas, é a minha palavra contra a do pai dele.

- Nossa Esme não espera por isso, mas posso compreender sua aflição. Não sei o que eu faria se estivesse nessa situação.

- Bella eu me sinto bem em ter lhe contado tudo e te peço uma coisa. – ela segurou minha mão que estava livre - Acompanhe meu filho por mim, agora que sabe onde ele está. Insista se ele ainda quiser se afastar. Eu conheço meu filho, ele tem um coração maravilhoso e vai ceder. Eu acredito que ele se afastou para te proteger Bella, para não fazer você sofrer com as atitudes impensadas dele. Carlisle começou a beber e se fechou para o mundo, ficou alheio até mesmo aos filhos. Bene me contou que Edward o cobrava muito sobre isso, talvez esse seja uns dos motivos por que meu filho se sentiu perdido e voltou a fazer bobagens. É pura insegurança e quer machucar o pai de alguma forma. Tenho recebido algumas ligações à noite em meu celular, mas a pessoa nunca fala nada, acredito que possa ser o Edward. Ele precisa de alguém ao seu lado Bella, ainda mais se for a pessoa que ele gosta.

- Tudo o que eu mais quero é ficar perto dele Esme. Se eu encontrar uma forma de te ajudar você está disposta a me dar uma mão?

- Eu faço o que for necessário para ter meus filhos e meu marido de volta Bella. É tudo o que mais quero. - olhei em seus olhos, e pude ver esperança neles.

- Eu prometo que vou pensar em algo. – olhei para Gabriela e sorri – Eles vão adorar saber que tem mais uma irmãzinha.

- Será Bella? Eu me sinto tão insegura quanto a isso.

- Seus filhos são maravilhosos Esme, eles vão ficar babando nela. A minha única preocupação é quando Edward souber da verdade. – me olhou com aflição.

- A minha também Bella. Nós tentamos tanto proteger nossos filhos, mas às vezes acabamos cometendo erros por causa disso. – disse olhando algumas crianças que brincavam na rua.

- Agora eu compreendo a frase “Ser mãe é padecer no paraíso”. – ela sorriu e me deu um beijo na testa.

Comecei a brincar com a Gabriela e a levei até o parquinho da creche. Esme e eu ainda conversamos por um tempo, até que olhei para o relógio e vi que já estava tarde, precisava ir embora.

- Esme eu gostaria muito de ficar mais tempo com você, mas preciso ir embora. – peguei Gabriela no colo.

- Claro querida, eu entendo. Você vai encontrar com seus acompanhantes aonde?

- Em frente ao seu trabalho.

- Então eu te acompanho e já levo Gabriela para casa.

Voltamos para o prédio e durante o caminho Gabriela veio brincando em meus braços, me apaixonei por aquela criança meiga. Entreguei ela a Esme e liguei para Jake. Depois de alguns minutos eles chegaram e eu me despedi de Esme, a abraçando apertado, tentando passar toda minha compreensão e carinho a ela. Gostava de estar em sua companhia, me passava muita tranqüilidade.

Durante o caminho de volta vim pensando no que ela me contou. Como um simples fato pode mudar a vida de uma família? E por que existem pessoas tão mesquinhas como o pai do Sr. Carlisle, que só pensam no próprio umbigo? Tudo por causa de dinheiro? Ele não se importa com os netos? E nem com o próprio filho? Não enxerga o quanto eles estão sofrendo?

“Por que está a defendendo tanto? É sua namoradinha é isso? Mais uma que está interessada em tirar nosso dinheiro?”

As lembranças das palavras do pai de Edward vieram em minha cabeça e agora elas faziam sentido. Ele ficou tão amargurado que acha que todos que se aproximam estão interessados somente em dinheiro, ainda mais depois do que aconteceu com a ex- namorada de Edward. Eu acredito que ele seja uma boa pessoa, só está desacreditado por causa de uma mentira.

- Bella? – fui desperta por Jake me chamando.

- Oi Jake.

- Está tudo bem? Você está tão quieta. – me olhou pelo espelho retrovisor.

- Está sim. – sorri sem vontade.

- Conseguiu o que queria?

- De certa forma sim Jake, de certa forma sim. – suspirei e ele me olhou sem entender.


A viagem até em casa foi rápida, talvez porque não prestei atenção na estrada, só conseguia pensar em alguma forma de resolver esse assunto. Cheguei em casa, cumprimentei meu pai e fui para meu quarto, já era tarde e me sentia cansada. Tomei um banho e deitei exaustada, adormecendo rapidamente.

(...)


“Acompanhe meu filho por mim, agora que sabe onde ele está.”

Hoje era Domingo e eu não tinha absolutamente nada para fazer. Já estava com a cabeça exausta de tanto pensar sobre o dia de ontem, e o pedido de Esme não me saia da cabeça. Pensei em ir vê-lo, assim como quem não quer nada, mas isso seria bom? E se eu caísse na tentação novamente e ele se afastasse como sempre faz? Dúvidas e mais dúvidas passavam em minha cabeça.

Não consegui conter meu impulso e resolvi sair de casa. Quando dei por mim, estava parada em frente ao hotel em que ele estava. Olhei no relógio, marcava onze horas da manhã. Resolvi descer do carro e andar um pouco pelas lojas próximas e a cada instante olhava para a porta do hotel. Será que ele não vai sair nunca? Ou ele pode já ter saído. Pensei em comprar algo para almoçar e convidá-lo quando olhei um restaurante próximo dali. E se ele não quiser minha companhia?

Putz que droga isso.

Resolvi chutar o balde e fazer o que meu coração mandava, então fui até o restaurante e pedi dois almoços para viagem. Cheguei até o hotel e perguntei para a recepcionista sobre o hóspede do quarto duzentos e vinte. Ela confirmou que ele estava no quarto e mencionou em avisá-lo. Eu com medo de que ele não permitisse minha entrada, pedi que ela não avisasse, pois queria fazer surpresa para meu namorado. Ela acreditou e liberou minha entrada. Subi o elevador e comecei a respirar fundo, tentando controlar minha ansiedade. Parei em frente ao quarto e contei até dez, pedindo aos céus que ele não me tocasse dali. Bati na porta e esperei. Escutei um barulho de chave e a porta se abriu.

- Bella? – Edward me olhou confuso. Eu o olhei de cima a baixo, vestia somente uma calça de moletom.

- Oi Edward. Trouxe o almoço. – levantei as sacolas que tinha em mãos – Posso entrar? – perguntei meio sem graça. Ele ainda estava espantado e ficou me olhando. Eu acenei para ele como se quisesse o despertar de um transe.

- Claro, pode sim. Desculpe minha reação, mas não espera por isso. – fez sinal para que eu entrasse.

- Eu estava passando aqui perto e lembrei de você, achei que iria gostar. Fiz certo? – indaguei insegura, colocando as sacolas em cima da mesa.

- Fez sim, vou adorar ter sua companhia. – me olhou e sorriu, fechando a porta.

- Você gosta de lasanha? O restaurante aqui perto parece ser bem bacana, tem muitas variedades de massas.

- Gosto sim. Senta, só não repara na bagunça. – pediu enquanto recolhia algumas roupas.

- Ai Edward até parece que não somos amigos, eu não ligo para isso. – falei despreocupada e sentei no sofá.

- Amigos... Sim, é o que somos né? –me olhou sem jeito. Eu sorri sem graça e olhei para o seu corpo. Não consegui evitar, ele é muito perfeito.

- É... Deixa eu ficar decente. – reparou que eu o olhava e abriu o guarda-roupa, pegando uma camiseta.

- Espero que não tenha interrompido nenhum plano seu. – o olhei novamente.

- Não, hoje provavelmente eu ficaria o dia inteiro aqui. – sentou ao meu lado.

- Então tá. Vamos almoçar? – apontei para mesa.

- Vamos.

- Espera sentadinho ai enquanto arrumo. – pedi e levantei.


Arrumei os dois almoços em cima da mesa, peguei dois copos para o suco que havia comprado e arrumei os talheres de plástico. Edward me acompanhou com os olhos o tempo todo.


- Voilà – abri os braços em direção a ele. – O almoço está servido. – ele riu.

- Humm... Parece muito bom. – levantou e veio até a mesa.

- Pode se sentar Sr. Edward. – puxei a cadeira para ele.

- Não sou eu quem deveria fazer isso? – indagou franzindo a testa.

- Hoje não, quem sabe na próxima. – brinquei.

- Então terá um próximo almoço? – me fitou curioso.

- Se você quiser minha companhia. – dei de ombros e sentei.

- É o que eu mais quero Bella. – disse me olhando sério.

- Bom, vamos lá, prove e me diga se está bom. – disfarcei. Ele pegou o garfo e provou.

- Delícia... Sempre gostei muito de massa. – elogiou.

- Sabe que eu também, minha avó é uma cozinheira de mão cheia. Quando era pequena ela costumava vir mais para cá e fazia muitos pratos com massa. Eu era toda rechunchuda quando pequena. Parecia uma bolinha de tanto que comia. – ele riu.

- Difícil imaginar você gordinha olhando para esse corpão. – disse me olhando e sorriu sem graça.

- Não foi fácil perder todos aqueles quilinhos a mais viu, fiz muita dieta. – tentei descontrair. - O que você costuma fazer quando não está aqui dentro? – perguntei curiosa.

- Nada demais, às vezes dou uma volta na rua, fico olhando algumas lojas. - deu de ombros enquanto tomava seu suco. Olhei atrás dele e vi um violão.

- Você toca? Não sabia. – apontei para o violão.

- É não deu tempo de te contar. – abaixou a cabeça e passou as mãos no cabelo. Percebi que ele ficava sem jeito em pensar sobre nós, resolvi deixá-lo mais confortável.

- Toca para mim depois? – perguntei entusiasmada.

- Eu não costumo tocar para outras pessoas.

- Por favor, toca vai? – pedi fazendo bico. Ele suspirou.

- Pedindo assim, quem resisti? – riu.

- Faz muito tempo que toca?

- Desde pequeno. Componho também.

- Jura? Posso ver suas músicas?

- Bella eu nunca as mostrei para ninguém.

- Mas eu não sou ninguém. – ele ficou alguns segundos me olhando.

- Realmente você não é. Tudo bem eu mostro. – suspirou vencido.

- Vamos dar um passeio depois? – fiquei empolgada por ele estar tão receptivo.

- Não sei... Onde? – indagou indeciso.

- Tem um parque de diversões que chegou à cidade, topa? – ele riu.

- Parque de diversões? – ergueu uma sobrancelha com cara de deboche.

- É... Qual o problema? – fechei a cara.

- Nenhum. Não fica assim, não gosto de ver seu rosto fechado. – pegou em minha mão – Eu topo certo? – ele sorriu e eu também.

- Certo. – concordei e afastei minha mão da dele depois de sentir seu toque quente. Ele me fitou sem graça.

- Olha o que eu trouxe também. – peguei outra sacola.

- O que?

- Torta de chocolate. Como sei que você é chocólatra, achei que iria gostar. – ele abriu um sorrisão no rosto.

- Bella, por que você tem que ser tão perfeita? – eu abaixei o olhar sem jeito.

- Eu não sou perfeita Edward.

- Para mim você é. Por que ainda faz tudo isso mesmo depois do que fiz com você?

E agora o que eu falo para ele? Que faço isso porque o amo? Não, isso só vai estragar tudo.

- Eu entendo os seus motivos Edward, e gostaria de ser sua amiga, independente do que tivemos. – ele me fitou por longos segundos e suspirou.

- Obrigada por isso.

- De nada. – sorri – Nossa acho que comi demais. – falei passando a mão no estômago.

- Cuidado, comendo assim daqui a pouco está rechunchuda de novo. – riu da minha cara. Eu peguei um guardanapo e joguei nele.

- Seu chato. – reclamei.

- Posso tirar a mesa? Já que você preparou nosso almoço agora é minha vez. – eu assenti.

- Deixa eu te ajudar. – peguei um copo, mas ele tirou da minha mão.

- Negativo, senta ali e fica esperando. – eu bufei e sentei no sofá. Impaciente, peguei minha escova de dentes na bolsa.

- Posso? – perguntei mostrando a escova.

- Bella não precisa nem perguntar né? – revirou os olhos. Eu entrei no banheiro e fechei a porta.

- Bella se controla. – falei para mim mesma enquanto me olhava no espelho.

Estava me segurando para não estragar tudo e agarrar ele. Ele está tão lindo e aqueles olhos verdes me olhando o tempo todo, e o toque quente dele. Respira Bella... Respira. Escovei os dentes, molhei meu rosto e voltei para o quarto.

- Pronto já terminei. –disse mostrando a mesa.

- E agora? – voltei para o sofá.

- Você quer sair já? – perguntou olhando o relógio.

- Pode ser, mas quando voltarmos você ainda vai ter que tocar para mim. – o intimei.

- Tudo bem. Eu vou tomar um banho, se incomoda de esperar?

- Não sem problemas.

- Liga a TV para se distrair, prometo que não demoro. – ele pegou uma toalha e entrou no banheiro.

Eu fiquei ali parada olhando aquele quarto bagunçado. Eu devo ter algum distúrbio obsessivo por limpeza, porque não me agüentei e fui dar uma ajeitada em suas coisas. Ri quando me peguei pensando que quando casarmos vou ter muitos problemas em fazê-lo arrumar suas coisas.

Dobrei suas cobertas e guardei algumas roupas no guarda-roupa. Escutei a porta do banheiro e olhei para ele. Caramba! Edward estava só com a toalha enrolada na cintura, com os cabelos molhados e bagunçados, e o corpo ainda um pouco molhado, mais lindo do que nunca. Eu não conseguia para de olhá-lo, dei até uma verificada para ver se não estava babando.

- Desculpe por isso, mas esqueci de pegar minha roupa antes de entrar. – sorriu sem graça e foi até o guarda-roupa.

- Tudo bem. – continuei o olhando.

- Pronto. – voltou para o banheiro e fechou a porta.

Eu mandei meus pensamentos impuros embora e voltei a sentar no sofá.

- Agora sim, só falta o tênis. – saiu do banheiro e sentou na cama pegando o tênis. Ele tinha acabado de passar perfume e aquele cheiro inebriante tomou conta do quarto. Tentei até parar de respirar, mas é óbvio que não consegui por muito tempo. Por que ele tinha que ser tão perfeito e dificultar as coisas?

- Vamos? – indagou levantando da cama e bagunçando os cabelos. Deus... Por que continua me torturando?

- Vamos. – levantei rápido e virei de costas para ele, pegando minha bolsa.

Ele pegou a carteira e as chaves fechando o quarto. Apertei o botão do elevador e ficamos aguardando. O mesmo chegou e nós entramos em seguida. Lugar pequeno, perfume, Edward... Tentei me concentrar em outras coisas, como por exemplo, minha aula de inglês de amanhã. Comecei a pensar em palavras em inglês, book, cofee, table, honey, beautifull, Edward... Putz porque não chegamos logo no térreo?

Edward me olhou com o rosto confuso, talvez não entendendo minha expressão de dor. Finalmente chegamos ao térreo e eu corri para fora me libertando do seu cheiro inebriante. Andei pelo saguão em direção a minha caminhonete e Edward me chamou.

- Bella onde está indo?

- Para o carro. – falei como se fosse o óbvio.

- Meu carro está na garagem do hotel.

- E quem disse que vamos com o seu carro? – coloquei as mãos na cintura.

- Bella, por favor, eu não vou andar naquela Jabiraca.

- Como ousa falar dela assim? – o olhei com falsa indignação e ele riu.

- Edward? – olhei para o lado e vi a recepcionista o chamando. Como assim Edward? Que intimidade é essa?

- Oi Fabíola. – Edward foi até ela.

- Tem correspondência para você. – a cheia de intimidade informou a ele sorrindo.

- Obrigada Fabíola. – Edward agradeceu sorrindo também.

- Então vamos? – ele me perguntou apontando em direção a garagem. Eu fechei a cara e comecei a caminhar.

Chegamos até a garagem e entramos no carro dele. Edward ficou me olhando provavelmente por não entender minha cara assassina.

- O que foi? Ficou brava porque chamei seu carro de Jabiraca? – Eu não me agüentei, o ciúme falou mais alto.

- Não se fazem mais funcionários como antigamente. Onde já se viu tratar um hóspede com tanta intimidade. – bufei.

- Bella já faz um pouco mais de dois meses que estou hospedado aqui, é natural. – riu do meu comentário.

- Natural o escambal, se eu fosse você faria uma queixa.

- Coitada da moça, ela só é simpática. – me olhou ainda rindo. Estava tentando me deixar mais irritada, só pode.

- Simpática? Sei. Conheço bem a simpatia desse tipinho. – Edward começou a gargalhar e eu bufei mais ainda.

Ele deu a partida e saímos rumo ao parque. Durante o caminho ele colocou um cd e eu acabei esquecendo aquela moça simpática. Estacionamos o carro no pátio do parque e compramos as entradas. Não tinha muita gente então daria para aproveitar bastante.

- Eu quero ir primeiro na montanha-russa. – apontei para o brinquedo que parecia uma minhoca gigante se movimentando.

- Tudo bem. – Edward pegou minha mão e me puxou correndo até lá.

Esperamos o brinquedo parar e sentamos, fechando a proteção.

- Não vai passar mal heim? – me olhou rindo.

- Rá... Engraçadinho, se duvidar eu posso andar cinco vezes seguidas e não ficar enjoada.

- Se eu fosse você não apostaria, tenho certeza que passaria mal. – me instigou.

- Ah é? Então está apostado, quero ver quem vai dar para trás. – disse toda segura.

O brinquedo começou a se movimentar e eu gelei pela ansiedade. A primeira rodada foi sensacional, a segunda também, na terceira já sentia meu estômago dar sinal de vida, na quarta meu estômago deu sinal de vida.

- Eu falei para você não apostar. – Edward ria enquanto segurava meus cabelos e eu vomitava o almoço num latão de lixo.

- E você acha que eu ia deixar você ficar zoando comigo?

- Que diferença isso fez? Eu estou te zoando do mesmo jeito agora. – continuou rindo e eu vomitei mais uma vez. Respirei fundo e meu estômago se acalmou. Edward soltou meus cabelos e eu fui sentar em um banco próximo.

- Bella eu vou pegar algo para você tomar. Me espera aqui ok? – ele ajoelhou na minha frente e me olhou preocupado. Eu concordei sem vontade.

Coloquei a cabeça entre as pernas e esperei ele voltar.

- Pronto aqui está. – sentou do meu lado e me entregou o refrigerante – A moça da banca me garantiu que isso vai fazer você melhorar.

- Obrigado Ed. – ele franziu a testa - O que? Não posso te chamar assim agora? – perguntei revoltada.

- Pode claro, eu só... Estranhei. – me fitou e sorriu. É claro que ele estranhou, eu só o chamava assim quando namorávamos.

- Já estou melhor. Em qual vamos agora? – indaguei tomando mais um gole do refrigerante.

- Tem certeza? – riu debochando.

- Tenho, vamos logo. – levantei e o puxei pela mão.

Fomos em vários brinquedos depois do meu episódio infame. Estava me divertindo muito e podia ver no rosto de Edward, que ele também estava gostando de estar ali.

- Eu vou pegar um algodão doce. – apontei para a banca de doces.

- Bella você vai passar mal de novo desse jeito, você já comeu um pastel, um pacote de jujubas, sorvete e agora algodão doce?

- Qual o problema? É só besteira.

- Porcarias você quer dizer. – me corrigiu e eu mostrei a língua para ele.

- Toma come comigo. – peguei um pedaço do algodão doce e levei a sua boca.

- Você é muito teimosa sabia? – me olhou reprovando minha atitude.

- Sabia. – sorri - Agora vem, vamos na roda gigante. – peguei sua mão e o puxei.

- Eu não vou. – soltou da minha mão e parou.

- Por que não?

- Não gosto de altura, já te disse uma vez. – lembrei de quando pulamos o penhasco.

- Edward isso daqui é fichinha perto do que fizemos. – o puxei novamente.

- Bella, por favor, não me força a fazer isso. – me olhou suplicante.

- Você tem que perder esse medo, eu seguro a sua mão. – ri e ele me olhou com cara feia.

- Você vai pagar caro por isso.

- Ah é? E eu vou pagar como? – perguntei debochando.

- Você vai ter que ir na montanha-russa mais uma vez, se não eu não toca para você. – me ameaçou. Eu o olhei espantada.

- Isso é chantagem Edward. – o acusei.

- Entenda como quiser. – cruzou os braços e ficou me olhando, esperando minha resposta. Eu não ia dar o braço a torcer.

- Eu topo. – concordei e me virei em direção à roda gigante. Olhei para trás e ele me olhava com cara de bobo, no mínimo pensou que eu não fosse concordar.

Entramos na roda gigante e esperamos ela começar a girar. Edward parecia super desconfortável, evita olhar para baixo e eu podia jurar que ele estava começando a suar frio. Começamos a subir e ele fechou os olhos. Fiquei com dó de vê-lo assim então peguei em sua mão e a apertei. Ele abriu os olhos e me fitou sorrindo.

- Só você mesmo para me convencer a fazer isso. – pegou minha outra mão e a beijou.

- Eu disse que podia confiar em mim uma vez, então só não olhe para baixo que tudo ficará bem. Olhe para longe. – apontei o mirante de Port Angeles.

- Deve ser bonito lá em cima.

- Eu nunca fui. – dei de ombros.

- Então esse será nosso próximo programa. – Edward me olhou e eu sorri aliviada. Então ele queria continuar me vendo?

- Combinado. – respondi e voltei a olhar a paisagem.

- Bella... Preciso te pedir uma coisa. – o olhei – Não conte para ninguém onde estou, fica sendo nosso segredo. – eu assenti.

Concordei mesmo sem entender porque ele quer distância até mesmo de seus irmãos. Acredito que seja por estar confuso com toda essa situação, talvez se estivesse em seu lugar também estaria. Pensei em como seria ser expulsa de casa com a nossa idade, sem ter a quem recorrer, e pela distância de Esme, deve ter ficado inseguro em lhe contar o que se passa, se sentindo até mesmo rejeitado pelos pais.

- A cidade fica muito bonita aqui de cima. – elogiou admirando a paisagem.

- Também acho.

O brinquedo parou depois de um tempo e nós descemos. Edward parecia mais aliviado.

- Pronto agora é minha vez. – disse puxando minha mão em direção a montanha-russa.

- Ed devagar. – pedi tentando não tropeçar.

- Não quero dar chance de você fugir. – riu.

- Eu não vou fugir tá, sou uma garota de palavra. – fiz bico.

- Tudo bem, mesmo assim quero garantir. – me empurrou para dentro do brinquedo.

Comecei a sofrer por antecipação, nem tínhamos começado a andar e eu já me sentia enjoada.

- Tudo bem aí? Você está branca Bella. – Edward perguntou me olhando e riu da minha cara.

- Cala a boca Edward. Depois que eu vomitar em você não reclama. – retruquei e ele continuou rindo.

A porcaria do brinquedo começou a funcionar e eu fechei meus olhos, assim seria mais fácil controlar o enjôo. Terminou rápido e eu não consegui mais controlar, saí correndo dali procurar algum lugar para vomitar de novo.

- Droga Edward você me paga. – resmunguei enquanto íamos embora.

- Foi você quem pediu, eu não tenho culpa por você ser teimosa. – eu mostrei a língua para ele.

Estávamos chegando próximo ao carro quando um casal de idosos passou por nós comendo churros. Eu senti aquele cheiro enjoado e não agüentei, vomitei de novo.

- Filho ela esta enjoadinha é? – a senhorinha perguntou para Edward. Ele confirmou.

- Fala para ela tomar um remedinho para enjôo que logo passa. Isso é normal nos primeiros meses. – Eu olhei para Edward sem acreditar.

- Não... Ela não está... – Edward tentou negar, mas a senhora o interrompeu.

- Vocês são um casalzinho lindo, o filho de vocês vai ser uma gracinha. Até mais ver meu filho. – apertou a bochecha de Edward e foi embora.

- Ela pensou que eu e você, nós... – Edward gesticulava apontando para mim. Eu concordei.

- Eu escutei, se ela soubesse que isso não foi fruto de uma noite de amor e sim de uma maldita montanha-russa não teria dito aquilo. – encostei-me ao carro e respirei fundo.

- Desculpe por isso. – Edward se aproximou e passou a mão em meu rosto – Você está muito pálida Bella e seu rosto está muito quente, precisa se hidratar. Vamos voltar e você toma algo no hotel – ela abriu a porta do carro e eu entrei.

Chegamos rápido ao hotel. No saguão ficamos esperando o elevador e mais uma vez a garota simpática chamou o Edward. Ele foi até o balcão e ela lhe perguntou algo, apontando para mim. Edward negou com a cabeça e ela perguntou outra coisa, dessa vez ele sorriu e afirmou, voltando para o meu lado em seguida.

- Não que seja dá minha conta, mas por que ela apontou para mim? – perguntei entrando no elevador. Não agüentei a curiosidade.

- Você é muito curiosa sabia?

- Não sou curiosa, mas se estavam falando de mim tenho o direito de saber.

- Não falamos de você. – saiu do elevador e nem me deu bola.

- Como não? Ela apontou para mim. – insisti.

- Bella você é absurda, não adianta que não vou contar. – abriu a porta do quarto e ficou esperando que eu entrasse.

- Seu chato. – ele revirou os olhos enquanto eu entrava.

- Bebe isso, vai se sentir melhor. – pegou um refrigerante do frigobar e me entregou.

- Obrigado. – sentei no sofá e tomei um gole. – E aí vai tocar para mim?

- Vou. Senta aqui. – Bateu com a mão no lugar ao seu lado na cama.

- Estou bem aqui. – não queria ficar tão próximo.

- Bella vem logo.

- Qual a diferença daqui e aí? – insisti.

- Aqui é melhor, quero te mostrar minhas músicas. - eu suspirei derrotada e sentei ao seu lado. Ele pegou o violão que estava ao lado da cama.

- Ultimamente compus várias músicas, na verdade depois que te conheci fiquei muito inspirado. – me mostrou seu caderno com as composições. Eu sorri para ele.

- Então me mostra. – pedi e ele concordou, começando a tocar.


Música – The Calling – Why Don’t You And I
https://www.youtube.com/watch?v=mVkOLmeWS3Y&feature=related



Desde que eu conheci você
Sinto como se estivesse andando com pequenas asas nos meus sapatos
Como se meu estômago estivesse cheio de borboletas
Mas tudo bem
Saltando de nuvem em nuvem
E eu sinto como se eu nunca fosse cair
E se eu dissesse que eu não gostei você saberia que é mentira

Edward tem a voz rouca e suave, cantava me olhando nos olhos, me deixando arrepiada. Deitei na cama e fechei os olhos, me concentrando na letra da música pensando, que a cada dia que passa eu me apaixono ainda mais por ele.

Sempre que eu tento falar com você
Eu fico nervoso
Tudo o que eu falo se desvia
Tudo sai errado, nunca sai nada certo

Então eu digo por que você e eu não
Ficamos juntos e saímos pelo mundo e ficamos juntos
para sempre
Iremos em frente, tentaremos de novo
Então eu digo por que você e eu não
Nos abraçamos e voamos até a lua e vamos direto para o paraíso
Porque sem você eles não vão me deixar entrar

Quando essa febre vai acabar?
Acho que estou lidando com mais do que um homem pode lidar
Me sinto como um cachorrinho doente de amor ao seu redor

Edward cantava de uma forma tão especial, que parecia estar conversando comigo, me contando um segredo.

Mas tudo bem
Saltando de nuvem em nuvem
E eu sinto como se eu nunca fosse cair
E se eu dissesse que eu não gostei você saberia que é mentira

Sempre que eu tento falar com você
Eu fico nervoso
Tudo o que eu falo se desvia
Tudo sai errado, nunca sai nada certo

Então eu digo por que você e eu não
Ficamos juntos e saímos pelo mundo e ficamos juntos
para sempre
Iremos em frente, tentaremos de novo
Então eu digo por que você e eu não
Ficamos juntos e voamos até a lua e vamos direto para o
paraíso
Porque sem você eles nunca vão me deixar entrar

Lentamente eu começo a perceber
Isso nunca vai ter fim
Exatamente na hora que você passa por perto
E eu digo "Oh, aqui vamos nós de novo!
Oh!

- Bella? – me chamou e eu continuei deitada, ainda lembrando do som da sua voz.

- Sim?

- Gostou? – eu sorri e levantei o olhando.

- É linda Edward. – ele abriu um belo sorriso no rosto – Estava pensando em quem quando compôs essa música? – perguntei curiosa, mesmo já sabendo da resposta.

- Está me investigando agora é? – debochou fugindo da resposta.

Me deu um clic na cabeça e eu parei pensativa.

- Edward é isso. O investigador.