Capítulo 17 - Inesperado

Música - The Calling - Things Don't AlWays Turn Out That Way

 

BELLA POV



- Onde ele está Alice? – indaguei nervosa. Uma raiva enorme e um mal estar tomou conta de mim.

- Calma Bellinha você está branca. Vamos sentar um pouco e conversar. – Alice puxou meu braço em direção ao banco no pátio do colégio.

- Eu não quero conversar Alice. Ele está em casa não é mesmo? Pois é pra lá que eu vou agora. – soltei sua mão do meu braço e marchei em direção ao carro.

- Bellinha não faça isso, ele não pode saber que eu te contei.

- E por que não? Você prefere que eu continue sendo enganada Alice? – a olhei indignada.

- Claro que não amiga, mas eu não acho que você está sendo enganada, não dá forma que está pensando.

- Ah não? Então me explica porque ele foi atrás daquela vadia depois que... – não queria nem lembrar que tinha me declarado para ele.

- Eu sei o que está pensando, talvez eu pensasse o mesmo, mas não contei isso para instigar você a brigar com ele.

- Eu não quero ouvir mais nada Ali. É ele que me deve satisfações. – abri a porta do carro e entrei, a fechando em seguida com força.

- Bellinha me escuta? – Alice insistiu novamente com olhos suplicantes.

- Se alguém perguntar fala que não me senti bem e fui pra casa o.k? – pedi ligando o carro.

- Espera, ele pediu que eu lhe entregasse isso. – tirou um papel dobrado da bolsa e me entregou.

- O que é isso? – perguntei confusa.

- Eu não sei, só leia antes de fazer qualquer coisa. – disse se afastando do carro. Eu estava tão nervosa que só joguei o papel no banco do passageiro e arranquei saindo do estacionamento do colégio.

Sentia minhas mãos tremendo de nervosismo, enquanto perguntas ficavam martelando na minha cabeça. Por que ele fez isso comigo? Ele disse que só queria a mim. Senti-me uma idiota lembrando da noite passada. Por mais que eu diga que não falei que o amava esperando algo em troca, meu coração esperava ouvir isso dele, mas agora está claro que ele não senti o mesmo. Isabella você é uma burra mesmo. Porque tinha gostar tanto dele?

Fui desperta dos meus devaneios por uma buzina que me alertava que o sinal já estava aberto. Estava entrando na pequena rua de chão batido que dá para casa de Edward quando me dei conta do que estava fazendo. E se o pai dele estiver em casa? Depois de ontem o que eu menos queria era encontrá-lo novamente. E se o que Alice me falou não for nada disso e eu fizer papel de boba? Com certeza ele deve ter uma boa explicação para isso. Eu sinto que devo confiar nele.

Isabella para com isso, você gosta tanto dele que agora perdeu o amor próprio? A resposta era sim. Por mais que eu quisesse bater de frente com ele meu coração dizia que isso era errado, talvez pelo medo de achar que pode ser verdade e ele simplesmente me trocar por ela. Quando dei por mim já estava dando a volta no carro.

Parei no acostamento e olhei o papel que Alice havia me dado. O peguei e fiquei o olhando por longos minutos antes de lê-lo. Tomei coragem, o desdobrei e li.


Bom dia amor. Desculpe por não pegá-la hoje pela manhã. Prometo que à tarde lhe dou mais explicações.

Um beijo,

Edward.

Eu estava certa, ele realmente tinha explicações sobre isso. Meu coração se acalmou no mesmo momento. Olhei no relógio e vi que não daria mais tempo de pegar a segunda aula, resolvi voltar para casa. Várias vezes peguei meu celular pensando em ligar para ele, mas acaba desistindo. Resolvi me distrair e preparar o almoço. Minha irmã chegou do colégio, nós almoçamos juntas e eu fui me preparar para o trabalho. Estava ansiosa para vê-lo. Minha irmã notou que eu estava um pouco inquieta, mas não questionou o motivo. Peguei minha bolsa e fui para a biblioteca.

Ninguém havia chego ainda. Liguei meu computador e fui ajeitar algumas coisas. A cada instante olhava para a porta de entrada esperando ele chegar. Minha supervisora chegou e eu olhei no relógio, Edward estava atrasado. Algumas pessoas me pediram auxílio para algumas pesquisas e acabei me distraindo, quando olhei o relógio novamente já eram quatro horas da tarde. Comecei a ficar preocupada. Será que aconteceu alguma coisa? Porque ele não ligou para avisar que se atrasaria? Pensei em ligar para ele novamente, mas mais uma vez fui requisitada por alguns alunos impacientes.

A biblioteca já estava fazia e nada de notícias dele. Peguei meu celular e disquei seu número, caiu na caixa postal. Ouvi um barulho na porta de entrada e olhei para ver o que era. Alice estava parada me olhando.


- Oi Ali. O que está fazendo aqui?

- Oi Bellinha... Precisamos conversar. – ela veio em minha direção. Seu rosto transparecia tristeza.

- Aconteceu alguma coisa? E o Edward? Ele não veio trabalhar. – indaguei aflita.

- Calma, ele deve estar bem. Podemos conversar aqui mesmo?

- Claro vamos sentar aqui. – apontei para minha mesa. – O que foi Alice? Como assim ele deve estar bem?

- Eu não sei como explicar isso, até eu estou um pouco atordoada com a situação. – Seu rosto estava abatido, era visto que tinha chorado.

- Que situação? Me explica Ali.

- Eu cheguei em casa do colégio e meu pai e Edward estavam discutindo. Dava para ouvir os gritos do lado de fora de casa. Eu até pensei que você estivesse com ele então Emmett e eu fomos correndo para ver o que tinha acontecido. Edward estava fora de si, muito nervoso. Nós tentamos amenizar a situação, mas... – abaixou a cabeça e respirou fundo.

- Mas o que Ali? – tentei incentivá-la a continuar.

- Meu pai expulsou Edward de casa Bellinha. Eu não sei o que fazer, ele saiu de casa e até agora não ligou avisando onde está.

- Eu acabei de ligar no celular dele, mas deu caixa postal. Eu não tive coragem de encará-lo e acabei deixando para conversarmos aqui no trabalho. Por que seu pai fez isso Alice? – levantei nervosa e fui pegar uma água para ela.

- Eu não sei. Ele não quis conversar com ninguém. Eu pedi para o meu irmão esfriar a cabeça e deixar as coisas se acalmarem, só que não me deu ouvidos, pegou algumas roupas e saiu transtornado. Do jeito que ele estava eu tenho medo que tenha acontecido alguma coisa.

- Calma Alice, nós vamos encontrá-lo. Não deve ter acontecido nada demais. Tem algum lugar que ele poderia ter ido? Talvez para o apartamento na Califórnia?

- Eu já liguei pra lá. Conversei com o porteiro e disse que não o viu..

- Vou tentar o celular de novo. – disquei o número - Ainda caixa postal. – falei aflita.

- Emmett já ligou para nossos amigos e ninguém o viu também. – Alice começou a chorar.

- Amiga não fica assim. – a abracei apertado - Toma um pouco de água para se acalmar. – lhe entreguei o copo d’água.

- Porque eles tem que brigar tanto Bellinha?

- Deve ter uma boa explicação Alice. Edward talvez tenha ficado nervoso por causa de ontem. Espera, lembrei de uma coisa.

- O que foi?

- Edward comentou sobre sua mãe. Ela está morando em São Francisco certo? – ela assentiu – Quem sabe ele não tenha ido para lá.

- Acho pouco provável, ela quase não entra em contato com a gente.

- Não custa nada tentar Ali.

- Tudo bem. – pegou seu celular e discou o número.

- Alô mãe? Oi é a Alice. Tudo bem? Comigo está tudo certo. Você por um acaso falou com o Ed esses dias, ele te ligou? Ah não. Na verdade só curiosidade mesmo. Tá certo mãe não posso falar muito agora, outra hora eu te ligo e conversamos melhor. Um beijo.

- Nada? – Pela conversa já pude deduzir.

- Não. Eu vou voltar para casa, talvez o Emmett tenha alguma notícia, só vim porque achei que você o estivesse esperando, não queria te deixar preocupada.

- Obrigada Alice. Eu vou continuar tentando, se souber de algo eu te aviso.

- Ok. – nos abraçamos e ela foi embora.

Fiquei meio perdida com tudo aquilo, não sabia o que fazer. Fechei tudo e fui para casa. Durante o caminho tentei várias vezes o celular dele e não obtive sucesso. Comecei a pensar o motivo por eles terem brigado e um sentimento de culpa tomou conta de mim. Cheguei em casa e liguei para Alice, ela ainda não tinha nenhuma notícia.

Fiz o jantar, mas não consegui comer nada, estava muito preocupada. Minha irmã percebeu minha aflição e veio conversar comigo. Expliquei a ela o que estava acontecendo. Fiquei até tarde olhando para o celular esperando que Edward retornasse e assim acabei pegando no sono.


(...)


Minha paciência já estava esgotada. Fazia três dias que Edward não dava notícias. Ligou apenas para Alice dizendo que estava tudo bem, nada mais que isso. Não entendia porque ele estava fugindo de tudo. Tentei contornar a situação no trabalho dizendo que ele estava com problemas familiares e minha supervisora acabou entendendo. A angústia que tomava conta de mim era inexplicável, já não agüentava ficar longe dele e me sentia impotente de não poder mudar isso.

Hoje era domingo e não queria ficar em casa, então resolvi dar uma volta. Fui até o penhasco passar o tempo. Não sei quanto horas fiquei olhando a paisagem e lembrando o dia que estivemos ali, quando senti um perfume familiar. Tinha certeza que era ele. Olhei para trás e meu coração pulou no peito quando o vi lindo como nunca, mas com a aparência abatida. Minha primeira reação foi levantar e correr para seus braços. Ele me abraçou com força como se não quisesse me deixar escapar de seu abraço.


- Edward onde você estava? Não sabe como eu fiquei preocupada com você. Por que não me ligou? – o enchi de perguntas ainda abraçada a ele.

- Bella... Eu também senti. – me tirou de seus braços e me olhou.

- O que aconteceu? – perguntei olhando aquelas duas esmeraldas que me deslumbravam.

- Nós precisamos conversar. – desviou o olhar e abaixou a cabeça.

- Claro que sim. Alice vai ficar tão contente em saber que você está aqui. – disse animada.

- Não Bella. – passou as mãos no cabelo e andou a alguns passos longe de mim.

- Como não? Todos estão loucos atrás de você.

- Bella me escuta. Eu vim aqui porque preciso falar com você.

- Tudo bem. Porque está nervoso? – Quando ele passava as mãos no cabelo já sabia que era sinal de nervosismo.

- Nós... Não podemos mais ficar juntos. – o senti respirar fundo como se estivesse com dificuldade de falar.

- O que? Como assim? Não estou entendendo Ed. – perguntei e sorri sem graça como se ele estivesse brincando.

- Eu não quero mais namorar com você, é isso. – abaixou o olhar e virou de costas para mim. Porque não queria me olhar nos olhos?

- Porque está dizendo isso? O que foi que eu fiz? Foi porque brigou com seu pai por minha causa é isso? Ed eu não liguei para o que ele falou.

- Não Bella não é por causa disso, eu não sou a pessoa certa pra você. – Não estava acreditando em suas palavras. Tinha que ter um motivo e de repente a imagem da Lauren veio à minha cabeça. Senti meu estômago doer.

- Quem deve achar isso sou eu. Que tipo de explicação é essa? É por causa de outra pessoa? – fui até sua frente para encará-lo.

- É claro que não. Eu só não posso mais... – seus olhos não estavam mentindo.

- Não faz isso comigo Edward, se não tem outra pessoa então porque quer terminar? – tentei chegar perto dele, mas se esquivou de mim.- É porque eu disse que te amava? Eu sei que fui precipitada não devia...

- Amor não fala isso. – ele fechou os olhos e respirou fundo novamente. Senti um nó na garganta em ouvi-lo me chamar assim. – É justamente porque eu também te amo que estou fazendo isso. – meus olhos ficaram marejados e não consegui conter o choro.

- Se me ama então não faz isso, você não sabe como eu sofri esses dias sem te ver. – ele chegou próximo a mim e tocou meu rosto. Senti minha pele queimar com seu toque, já sentia falta do seu calor.

- Por favor, não torne isso pior do que já esta sendo, não quero vê-la chorar por mim.

- Ed... Porque está fazendo isso? Onde você está ficando? Por que não está indo para a aula? Seu pai está preocupado com você. – a mesma angústia que sentia antes voltou dentro de mim.

- Isso eu duvido muito, meu pai nunca se preocupou comigo Bella, mas eu não quero falar sobre isso. Eu... Preciso ir. – mais uma vez deu as costas para mim.

- Não. – peguei sua mão desesperada para que não fosse embora – Ed por favor, me explica o que está acontecendo? A gente não vai mais se ver? – supliquei por uma resposta.

- Eu vou voltar para o colégio Bella. Sobre o trabalho vou conversar com a supervisora amanhã e pedir dispensa, não quero importunar você com a minha presença.

- Não me importo de trabalharmos juntos. Se não me quer mais eu entendo, então vamos agir como adultos. – ele apenas concordou com a cabeça.

É claro que eu não entendia sua atitude, mas tê-lo por perto é melhor do que nada. Não estava mais agüentando ficar ali, sentia uma dor enorme no peito. Enxuguei minhas lágrimas e resignada andei em direção ao carro.

- Bella não me odeie por isso. Só estou fazendo o que eu acho que é certo. – o olhei mais uma vez e parecia que estava sofrendo tanto quanto eu.

- Não tenho como odiar a pessoa que mais amo Edward e... Nem sempre o que achamos que é certo de fato o é. Eu não entendo porque está me tirando da sua vida, mas se é isso que você quer então que seja.

Continuei a andar e não olhei para trás. Se fizesse isso provavelmente não conseguiria ir embora. Entrei em meu carro e parti, quase não conseguia enxergar a rua por causa das lágrimas. Não queria ir para casa e deixar meu pai ver meu estado então liguei para a Rose e pedi para ir à sua casa. Toquei a campainha e ela atendeu de imediato. Eu só a abracei forte e comecei a chorar.

- Bella o que aconteceu amiga? – me puxou para dentro de casa e fechou a porta. Eu não conseguia falar.

- Bellinha o que foi? – Alice estava ali também. Assustei-me e olhei para sala. Jasper e Emmett também estavam. Que ótimo agora todo mundo vai me ver chorar.

- Bella fala alguma coisa. – Jasper se juntou a nós.

- Edward... – falei baixo.

- Você o viu? Onde ele está? – Alice perguntou agitada.

- Ele... Terminou comigo. – foi o que eu consegui dizer e comecei a chorar novamente. Rosálie me abraçou e me levou para seu quarto.

Alice nos acompanhou e ficamos nós três no quarto, em silêncio. Estava deitada na cama com a cabeça no colo de Alice enquanto ela mexia em meus cabelos. Senti falta da minha mãe, ela sempre fazia isso quando eu estava triste por algum motivo. Elas não ousaram perguntar nada até que eu resolvi quebrar o silêncio.


- Sabem o que seria ótimo agora? Um enorme pote de sorvete de chocolate. – elas me olharam espantadas, não esperavam essa reação.

- Acho que isso eu posso resolver. – Rosálie sorriu e saiu do quarto.

- Alice tive uma idéia para a decoração da sua festa. – falei me levantando e sorrindo para ela.

- O que? – indagou sem entender.

- Eu pensei em usar as cores verde e prata. O que acha? As bexigas também... – ela me interrompeu.

- Bellinha o que está dizendo? – me olhou com tristeza.

- Não quero falar sobre isso. – abaixei a cabeça e respirei fundo – Ele vai voltar para a escola, assim poderá vê-lo. – ela só concordou e não perguntou mais nada.

Rose voltou com um pote de sorvete nas mãos e taças de sobremesa para nós.

- Definitivamente sorvete de chocolate cura qualquer coisa. – falei rindo.

- Tenho que concordar com você. – Rose me olhou sorrindo.

- Idem. – Alice concordou também e abocanhou o sorvete - Então... Verde e prata? Sabe que gostei. Acho que o salão do clube vai ficar muito bonito assim.

- Eu também acho. O que mais falta ver? – perguntei interessada. Nesse momento o que eu mais queria era ocupar minha cabeça.

- Bem temos o DJ, o bartender e os últimos detalhes da decoração. Vocês precisam me ajudar a comprar os tecidos das mesas e precisamos ver nossos vestidos.

- Podemos ver essa semana em Port Angeles. Fiquei sabendo que chegaram novos modelos naquela loja que gostamos do shopping. – Rose disse animada.

- Combinado. – peguei mais um pouco de sorvete e sentei na cama.

Toc Toc Toc

- Entra. – Rose pediu e olhamos para a porta.

- Oi meninas, eu vi meu loirão subir com um pote de sorvete, será que tem lugar para mais um? – Emmett como sempre comilão.

- Essa é uma reunião só de meninas. – Alice retrucou.

- Não tem problema Ali. Vem Emmett, senta aqui. – pedi mostrando o lugar ao meu lado na cama.

- Ah Bellusca você é muito gente boa. Minha irmã que é chata. – mostrou a língua para Alice e sentou do meu lado.

- Toma grandão. – Rose deu uma colher de sorvete na boca dele.

- Ahrãm... Posso entrar? – Agora era o Jass.

- Entra fofinho. Já que o chato do meu irmão invadiu nossa reunião você também pode. Senta aqui. – Jasper sentou ao lado de Alice todo contente.

- Sobre o que estavam falando? – perguntou todo curioso.

- Sobre a minha festa. Estávamos combinando os últimos detalhes, afinal só faltam duas semanas né? – Alice disse como se fosse óbvio.

- Ah claro, duas semanas é muito pouco tempo. – Jasper ironizou e levou um beliscão dela.

- Irmãzinha essa sua festa vai bombar. Quase todo mundo do colégio vai, você vai ver, vai ser show. – Emmett levantou entusiasmado.

- Ahhh... Tomará. – A baixinha levantou e começou a pular – Vocês já sabem que domingo quero todos lá em casa para conhecer nossa mãe. – Rose e Jasper concordaram, ela me olhou esperando resposta. Eu disfarcei e não respondi.

- Você também vai né Bellinha? – insistiu sentando na cama novamente.

- É melhor não Alice. Não vou me sentir bem e...

- Você é minha amiga, você faz parte da minha vida independente disso. – pegou minha mão e apertou com força como se soubesse o que eu sentia. Eu somente sorri e concordei.

- Vocês não querem mais? – Emmett indagou olhando para o sorvete que foi deixado de lado. Todos negaram e ele avançou no pote.

- Bom eu vou para casa, preciso fazer algo para jantar. – falei me levantando.

- Não, você não vai ficar sozinha. – Rose levantou junto comigo.

- Rose eu preciso mesmo...

- Isso mesmo. Nós vamos com você. Somos seus amigos e não vamos te deixar sozinha, pelo menos não hoje. – Alice me interrompeu e levantou também.

- É isso aí. – Jasper também concordou. Eu comecei a rir. Era bom ter amigos de verdade.

Todos olharam para o Emmett e ele nem ligou, continuou a comer o sorvete.

-Ahrãm... Emmett? – Rose o chamou cruzando os braços e batendo o pé direito no chão.

- O que loirão? – perguntou distraído.

- Levanta daí. – Rose quase gritou com ele.

- Ah tá. É isso mesmo Bellusca nós não vamos deixar você sozinha. – Levantou sem graça e largou o sorvete em cima da cama. Todos rimos do jeito dele.

- Tá bem então. Meu pai vai gostar da visita de vocês. O que acham de pedirmos uma pizza? – perguntei saindo do quarto.

- Pizza? Humm bom. – Emm disse passando a mão na barriga.

- Caraca Emmett você só pensa em comida? – Jasper retrucou.

- Qual o problema? Eu quase não comi nada hoje, quer ver? Escuta só... Foi uma banana, um sanduba que a Bene fez, depois no almoço foi uma lasanha...


Emmett continuou narrando tudo o que havia comido até aquele momento, enquanto caminhávamos para minha casa. Meu pai adorou ter a companhia dos meus amigos para o jantar. Renesme também se divertiu com eles assim como eu, pelo menos até a hora que foram embora. Dei uma ajeitada na bagunça com minha irmã e subi para o meu quarto.

Tomei um banho bem quente na intenção de tirar a dor no peito, mas foi em vão. Nada podia diminuir a dor que eu estava sentindo quando lembrava dele, dos seus beijos, do seu abraço, do seu toque que faz meu corpo se arrepiar inteiro. Nem mesmo chorando aliviava a dor, e o que mais doía era saber que ele não me queria mesmo dizendo que amava. Não conseguia entender os motivos dele para terminar comigo, mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não desistiria dele tão cedo.

(...)


O despertador nem tocou e eu já tinha levantando, na verdade mal consegui dormir. O que mais me angustiava era saber que iria vê-lo. Como eu suportaria ficar perto dele? Pergunta-me a cada instante e a resposta era clara, faria isso porque o amava mais que tudo. Pelos menos assim saberia que está bem, isso já era o suficiente, ou pelo menos estava tentando achar que era.

Cheguei ao colégio e fui estacionar o carro. Para a minha infelicidade a única vaga disponível era justamente do lado do carro dele. Nem preciso falar que meu coração quase saiu pela boca quando o vi. Ele estava dentro do carro com fones de ouvido. Estranhei essa atitude dele, mas pensei que provavelmente seria para ignorar minha presença. Me irritei com aquilo e sai do carro batendo a porta com força. O olhei de relance e vi que olhou para o meu lado, mas continuou dentro do carro.

O sinal tocou e eu fui para a primeira aula e para acabar mais um pouco comigo Edward estaria nela. Eu entrei e afundei meu rosto no caderno, procurando não olhar para os lados. Ele entrou e sentou do meu lado sem dizer uma palavra. Como o mundo estava conspirando contra mim a aula de hoje era prática, ou seja, interação entre os colegas. Provavelmente minha nota nesse trabalho foi péssima, pois a minha interação não passou de alguns sim e não.

Estava no intervalo com meus amigos e conversávamos animadamente. Edward resolveu sentar com a trupe dos idiotas. Pelo visto ele estava muito bem, estavam dando muitas risadas. Não conseguia evitar olhar para ele era mais forte do que eu e sentia que ele me olhava também. Lauren a todo instante ficava pegando nele, aquilo estava me corroendo.

Queria levantar e comprar uma água, mas teria que passar perto de sua mesa e com certeza ele ia achar que estava fazendo aquilo para chamar sua atenção. Bella deixa de ser infantil, agora vai deixar de fazer a coisas por causa dele? É isso mesmo, foi ele quem terminou comigo então que se dane. Levantei e fui comprar a bendita água só não esperava o que aconteceu. Estava passando próxima a sua mesa e vi de relance Edward pegar algo com as mãos e jogar na minha direção. Senti aquilo me acertar e olhei minha roupa e minhas mãos, estavam manchada de molho, e o pior, hoje tinha colocado uma blusinha branca. Lancei um olhar assassino em sua direção. Ele estava com cara de assustado e veio perto de mim.

- Bella desculpa, não era para pegar em você. – pediu tentando limpar a minha blusa e minhas mãos com um guardanapo

- Não encosta em mim. – pedi nervosa e me afastei dele. Essa aproximação não é razoável.

- Deixa eu te ajudar? Eu não vi que estava vindo, eu... – o interrompi. Ah não viu é? Meu sangue ferveu com aquilo.

- Eu também vou fingir que não vi isso. – peguei uma torta recheada que estava numa mesa próxima e tasquei na camiseta dele.

- Bella!!! – me olhou desacredito.

- GUERRA DE COMIDAAAAA... – escutamos alguém gritar e pronto, o circo estava armado. Era comida voando para todo o lado.

Tentei escapar de alguns pedaços de salada e macarrão, mas um pedaço de musse acertou minha cabeça. Edward se partiu de rir e como eu não ia deixar aquilo barato, peguei uma bandeja inteira e fiz voar na direção dele. Ele foi tão rápido que acabou desviando, e o prato foi acertar em quem? No diretor do colégio que acabará de entrar no refeitório.

- QUEM COMEÇOU ISSO DAQUI? – o pobre do diretor gritou tirando pedaços de carne da cabeça. Todos no refeitório apontaram para Edward e eu, resultado?


- Vão ficar aqui em detenção até a última aula. – sentenciou o diretor saindo da sala espumando de raiva.

- Isso é tudo culpa sua. – falei tentando limpar minha blusa.

- Bella eu já pedi desculpa e disse que não tinha visto você. – Edward também limpava a camiseta.

- Ah claro estava muito distraído com seus amiguinhos. – falei irônica.

- Eles não são meus amigos. – retrucou bravo.

- Essa mancha não vai sair nunca mais. – reclamei.

- Eu te dou uma nova. Minha intenção não era te acertar, de verdade mesmo. – cometi a burrada de olhar em seus olhos, ele estava falando a verdade.

Eu nada respondi e o silêncio se fez presente entre nós novamente. Era muita tortura ficar perto dele, meus pensamentos já eram pecaminosos. Tudo que eu mais queria era poder beijá-lo novamente. Olhava o relógio a cada instante e parecia que o ponteiro não se movia. Edward parecia tão desconfortável quanto eu, não parava de se mexer na cadeira e quando o sinal tocou, ele saiu em disparada da sala.

Fui para o estacionamento e os meus amigos não estavam com a cara muito boa.

- Vocês dois tem o que na cabeça? – Rose perguntou brava.

- Não fui eu quem começou, vocês viram eu só revidei.

- Nossa muito madura Bella. – Jacob me repreendeu.

- Porque vocês não chamam a atenção do Edward também. – cruzei os braços brava com as acusações.

- Ele já foi embora. – Alice disse me olhando.

- Ah legal faz a merda e sai fora. E outra eu não esperava que algum Zé Mané fosse gritar guerra de comida. Aquilo foi só entre Edward e eu. – me expliquei.

- Loirão você tem algo no cabelo. Peraí deixa eu tirar. – Emmett tirou algo do cabelo dela e enfiou na boca. Que nojo...

- Humm era um pedaço de melão, gostoso. – Só por Deus mesmo...

- Emmett pára com isso. – Rose brigou com ele.

- Qual o problema? – Ele perguntou inocentemente. Eu revirei os olhos e entrei no carro.

(...)

A semana passou muito rápido. Edward e eu continuávamos nos evitando, na verdade ele tentava porque eu não fazia o mínimo esforço. Durante a semana conversei com a Alice e perguntei se ela sabia onde Edward estava ficando, ele só disse como sempre que está bem e que não era para nos preocuparmos com ele. Eu não me conformei com aquilo, ele não parecia nada contente com aquela situação eu queria muito poder ajudá-lo. A única forma de fazer isso por enquanto era trazer ele para perto de nós. Todos estavam sofrendo com aquilo e o pai deles estava irredutível, não queria conversar com ninguém sobre isso.

Hoje as meninas e eu iríamos comprar nossos vestidos então decidi convidá-lo. Ele disse que não queria mais ser meu namorado, não falou nada sobre ser meu amigo. O expediente já tinha terminado então tentei quebrar o silêncio.

- Edward posso te perguntar uma coisa? – ele franziu a sobrancelha em surpresa deu ter falado com ele.

- Claro. – respondeu guardando suas coisas.

- Eu e as meninas vamos ao shopping, o Jass e o Emmett também vão, quer ir com gente? – ele me olhou e ficou pensando.

- Eu não acho uma idéia. – passou as mãos no cabelo nervoso. Aquilo era tão sexy...

- Qual o problema Ed somos todos amigos. – ele me olhou estranhando por chamá-lo de Ed – A não ser que já tenha algum compromisso? – deixei a pergunta no ar e fui pegar uma água.

- Não tenho nenhum compromisso. – disse baixo.

- Então pronto você vai com a gente. – o intimei sem dar tempo dele dizer o contrário.

- Tá tudo bem. Eu fico te esperando lá fora. - disse sem graça.

Fomos para o shopping e passamos uma noite muito agradável. Edward já estava com a aparência bem melhor do que antes. Enquanto comprávamos os vestidos os meninos ficaram na praça de alimentação. A tensão entre nós dois estava mais amena, até conversamos sobre coisas banais e demos boas risadas. Meu único desejo naquele momento era que ele estivesse bem, independente se eu não estava.



(...)


Na aula de educação física de hoje acabei levando uma bolada na cara então fui até o refeitório pegar gelo. Passava pela sala dos professores quando vi o vulto de uma pessoa de cabelos acobreados entrar ali rapidamente. O que Edward queria por ali? Algo me dizia que aquilo não estava certo. Resolvi espiá-lo. Abri a porta vagarosamente e o vi mexendo nos arquivos dos professores. Algo me dizia para não entrar, mas a curiosidade é mais forte do que eu ainda mais sendo ele que estava ali.

- O que você está fazendo aqui? – perguntei baixo.

- Bella? Puta merda que susto. – deu um pulo para trás e me olhou mais branco do que papel – O que você está fazendo aqui? – fechou o arquivo e colocou algo dentro da mochila.

- Eu perguntei primeiro. Ed o que você está aprontando? – perguntei preocupada.

- Bella vai embora agora. – me empurrou para a porta.

- Não sem antes ter uma explicação. – fechei a porta e desviei dele.

- Não vou explicar nada. – disse convicto. Escutamos alguém no corredor.

- Ed? – o olhei aflita – Se alguém nos pegar estamos fritos.

- Vem aqui. – me puxou pelo braço e nos trancou dentro do armário de casacos.

Estava muito apertado ali dentro, eu me mexi e Edward me segurou para não fazer barulho. Escutamos alguém entrar e pessoas conversando.

- Você tá ficando maluco? – cochichei perto dele.

- Shiiii... fica quietinha. – encostou os dedos nos meus lábios. Caramba...

- Ed?

- O que?

- Não faz isso. – apontei para seus dedos que ainda estavam em meus lábios.

- Desculpe. – engoliu seco e passou a mão no cabelo.

- O que vamos fazer? E se nos pegarem?

- Bella não era para você estar aqui. Você tem o que na cabeça? – passou a mão em meu rosto e me olhou com tristeza – Eu devia ter tocado você pra fora aquela hora, mas não, tem que ser teimosa.

- Ed agora eu já estou aqui, precisamos resolver isso. Depois você briga comigo o quanto quiser.

- Eu não consigo brigar com você. – encostou sua testa na minha.

- “Vou pegar meu casaco e já te alcanço”. – escutamos alguém falar e nos separamos.


Eu olhei para ele assustada esperando uma solução, mas ele não se manifestou então tive uma idéia.


- Me beija.

- O que? – me olhou confuso. Escutei a maçaneta girar e não pensei duas vezes, o beijei com muita vontade.