Capítulo 6
Mesmo confuso e com raiva da situação eu seria um idiota se ficasse parado ali então eu larguei minha cerveja e fui ao encontro de Isabella, esquecendo até mesmo de me despedir dos meus irmãos. Quando estávamos perto das motos, ela vestiu sua jaqueta de couro e colocou o capacete, sentando na garupa da minha moto.
Eu fiz o mesmo que ela e montei na minha Harley, grunhindo baixo ao sentir o calor do corpo dela perto do meu.
“Para onde nós vamos?” Eu perguntei sentindo suas mãos abraçarem minha cintura firmemente.
“Eu vou te indicando o caminho.” Ela disse se apertando mais a mim e eu acenei com a cabeça, ligando a moto e partindo em seguida.
Enquanto Isabella me indicava o caminho eu não consegui deixar de pensar no que estava acontecendo. Por que ela largou o namoradinho na festa e resolveu sair comigo? Será que eles têm um relacionamento aberto? Se for isso ela pode esquecer, porque eu não divido mulher minha com ninguém.
Só de pensar nela com outro homem faz meu estomago enjoar. Porra! O que essa mulher está fazendo comigo? Nós só nos conhecemos há dois dias! Dois malditos dias que fico duro só de pensar nela.
Isabella apontou uma casa de esquina e pediu que eu estacionasse ali em frente. Ela desceu da minha moto e subitamente eu fiquei chateado por perder o contato com ela. A casa por fora não aparentava ser muito grande, mas era bonita e clássica, com um jardim pequeno e uma varanda espaçosa. Ao lado da casa tinha uma construção pequena e foi para lá que Isabella estava indo.
Eu tirei meu capacete e a segui, observando ela abrir uma porta basculante revelando uma pequena garagem. Chegando mais perto e olhando melhor, eu me dei conta de aquilo ali era uma oficina. Eu sorri ao lembrar dela me contando sobre seu pai.
O espaço era até organizado com diversas ferramentas penduradas na parede, um balcão para serviços pequenos, um elevador para carros e diversos pôsteres de motos e carros estampavam a parede.
“Você aceita uma cerveja?” Isabella perguntou enquanto tirava sua jaqueta e seus peitos ficaram a mostra novamente, chamando minha atenção.
Perguntar se eu quero cerveja é o mesmo que oferecer osso pra cachorro. Eu nunca rejeito uma cerveja. Tipo, nunca mesmo.
“Claro. Obrigado.” Eu falei meio sem jeito querendo saber por que estávamos ali.
Isabella acenou com a cabeça sem olhar para mim e abriu um frigobar que estava nos fundos do local, tirando dali duas cervejas escuras. Ela me entregou uma e eu agradeci mais uma vez, abrindo a garrafa e tomando um longo gole, esperando que ela dissesse alguma coisa. No entanto Isabella bebeu um gole de sua cerveja, pegou em seguida uma ferramenta e começou a mexer no motor de um carro.
Eu franzi o cenho não entendendo sua atitude.
“Você não vai... Sujar sua roupa?” Eu perguntei aproveitando para olhar melhor o corselet que torneava sua cintura, já que ela estava de costas para mim e também para sua bunda arrebitada. Isabella olhou para trás e deu um sorriso de canto ao ver que eu encarava sua bunda.
“Não me importo. Eu gosto de fazer coisas sujas.” Ela respondeu voltando a mexer no carro e arrebitando ainda mais seu traseiro.
Mesmo tendo um conflito interno eu percebi o duplo sentido de sua resposta e meu pau se contorceu dentro da calça. Seria tão fácil e excitante fodê-la naquela posição.
Eu também não me importaria de fazer coisas sujas com você baby.
Porém, mesmo desejando isso, eu não conseguia esquecer o fato de que ela era uma aliciadora de menores.
“Você vai me dizer o que estamos fazendo aqui?” Eu perguntei limpando minha garganta e ajustando minha calça.
“Essa é a minha casa e do Seth.” Ela respondeu ainda mexendo no carro e eu apertei minha garrafa com força, ficando tenso ao ouvi-la falar do pivete. Então eles moram juntos? Isso é mais fodido do que eu esperava.
“Olha Isabella eu não sei porque me trouxe aqui, mas..” Eu comecei a falar, mas fui interrompido por ela.
“Meu pai adorava esse lugar. Sempre que ele podia, depois que chegava do trabalho, ele vinha pra cá. Desde pequena eu gostava de vê-lo aqui e tudo que eu sei hoje foi ele quem me ensinou.” Ela pausou soltando um suspiro e eu me aproximei dela, interessado em saber mais “Ele morreu em serviço há cinco anos. Ele era policial e foi baleado quando estava atendendo a chamada de um assalto.”
“Eu sinto muito.” Falei triste em ouvir aquilo.
“Obrigado, Edward.” Ela disse olhando para mim e em seguida foi até o balcão guardar a ferramenta. “Na época eu fiquei totalmente sem chão. Éramos sempre nós três e de repente eu me vi sozinha e tendo um irmão com quinze anos para cuidar.”
Ok... Para tudo!
Vamos recapitular aqui. Ela disse que estava com aquele moleque desde os quinze anos... Que ela fazia o papel de mãe dele e que era a família dele. E agora ela me diz que perdeu o pai e... E...
Ai que foda! Edward, seu estúpido!
“Então... Aquele rapaz que estava com você...”
“Seth, meu irmão.” Isabella disse sorrindo para mim e eu comecei a corar de vergonha pela minha idiotice.
“Me desculpa, Isabella. Eu falei todas aquelas coisas pra você pensando que...”
“Não esquenta, Edward. Você me fez rir como a tempos não fazia ao presumir que ele era meu namorado.” Ela disse rindo de leve e limpando as mãos.
“Eu não devia ter dito tudo aquilo sem ao menos te conhecer direito.”
“Tudo bem. Sem problema.” Ela disse tomando um gole de cerveja “As pessoas deduzem as coisas pelo o que querem enxergar e não pelo o que é de fato. Seth e eu somos muito grudados e eu gosto de sempre tê-lo por perto, mas nem sempre conseguimos passar um tempo de qualidade juntos. Nós vivemos com a ajuda da aposentaria do meu pai, mas nem sempre é o suficiente sabe? Ele está com dezenove anos e fazendo faculdade. Eu não quero que ele perca essa fase como eu perdi tendo que trabalhar e acabar largando tudo. Não que eu esteja reclamando, eu escolhi fazer isso pelo meu irmão, mas nem sempre é fácil.”
“Eu sei como você se senti. Quando papai faleceu meu mundo parecia que ia desabar. Eu também estava cursando a faculdade e Emmett ainda estava terminado o colégio. Mamãe sempre foi dona de casa e nossa renda vinha da fábrica. Alice já estava casada na época então eu não precisei me preocupar muito com ela. Eu larguei tudo por eles e comecei a tocar a fábrica sozinho, sem ter a mínima ideia do que estava fazendo. Desde pequeno eu também vivia na fábrica com meu pai e ele também me ensinou tudo o que eu sei hoje, mas eu não fazia ideia como lidar com a parte burocrática. Pra mim aquilo até hoje é um bicho de sete cabeças.” Isabella riu da careta que eu fiz.
“Mas você conseguiu dar a volta por cima. A fábrica faz muito sucesso aqui na cidade.”
“Na verdade ela está se reerguendo aos poucos. Foi por muito pouco que não perdemos tudo.” Eu falei irritado ao lembrar disso.
“Emmett comentou por alto que vocês foram roubados.” Eu suspirei nervoso “Se você não quiser me contar sobre isso eu entendo perfeitamente.” Ela disse rapidamente e por algum motivo eu não me senti mal em falar sobre isso, talvez por me identificar tanto com ela.
“Na verdade nós fomos roubados pela minha esposa.” Eu falei largando minha garrafa vazia em cima do balcão e comecei a caminhar pela oficina. “Eu conheci a Jane um dois anos depois que papai faleceu, quando eu estava contratando alguém para cuidar do financeiro da fábrica. Jane tinha bastante experiência e era muito competente. Nós acabamos nos envolvendo e seis meses depois eu a pedi em casamento.” Eu senti os olhos de Isabella em mim enquanto falava “Tudo ia bem até que ela começou a mudar de comportamento. Tudo passou a ser sobre dinheiro e tudo o que eu fazia nunca era suficiente. Ela sempre queria mais.” Eu pausei sentindo raiva ao lembrar o comportamento mesquinho dela “Jane tinha acesso a tudo. Nossas contas bancárias e investimentos. Eu não sei como fui tão cego. Todos os sinais estavam ali na minha cara. Até que um dia ela simplesmente sumiu do mapa, levando todo nosso dinheiro.” Eu escutei Isabella grunhir e meus olhos buscaram os dela, vendo pesar em seu rosto.
“Eu sinto muito, Edward. Se algum dia eu encontrar essa vadia na minha frente eu arranco a cabeça dela fora.” Ela disse com raiva e fazendo o gesto de arrancar a cabeça com as mãos.
“Seremos dois então.” Eu disse sorrindo com sua atitude e me aproximei dela aliviado por ter compartilhado essa fase da minha vida.
Isabella ficou quieta por um tempo e desviou o olhar quando percebeu que eu me aproximava, mordendo os lábios e encarando o chão. Agora que eu sabia um pouco mais sobre ela, não conseguia deixar de pensar que nossas histórias de vida, assim como nossos gostos, são extremamente parecidos.
Depois que eu tomei essa rasteira da Jane e desapontei minha familia, eu prometi para mim mesmo que tomaria mais cuidado ao confiar nas pessoas. Eu não tive nenhum relacionamento depois disso e ainda me assusta pensar em começar um. No entanto, Isabella parece tão perfeita e em sintonia comigo que é praticamente impossível não querer ter algo com ela.
“Emmett me contou que você não teve mais ninguém depois de tudo.” Isabella disse quebrando o silêncio e eu fiz uma nota mental de socar meu irmão linguarudo mais tarde “Você não pensa em tentar novamente?” Ela perguntou ainda olhando para o chão.
“Eu tenho pensado nisso recentemente.” Respondi sincero e seu rosto pareceu murchar.
“Então você já tem alguém em vista.” Ela murmurou sem jeito e mordendo os lábios.
Quem diria que aquela mulher toda segura de si há alguns minutos atrás ficaria tímida ao tentar descobrir se eu tenho interesse em alguém?
“Pode se dizer que sim, mas eu não sei se ela se senti da mesma maneira.” Eu falei parando a sua frente e sentindo o cheiro adocicado do seu perfume.
Humm... BlueBerry.
“Ela seria burra se não sentisse. Garota de sorte.” Ela murmurou dando um sorriso fraco e com os olhos tristes. Eu sorri grande por ouvi-la constatar seu interesse por mim e pensei: Foda-se minha insegurança. Essa mulher é perfeita para mim e eu não posso deixá-la escapar por medo de me envolver e me apaixonar novamente.
Eu encostei meus dedos levemente em seu queixo, sentindo sua pele macia e querendo que ela olhasse para mim.
“Não. O sortudo aqui sou eu.” Eu murmurei molhando meus lábios e capturando os dela em um beijo.